sexta-feira, 23 de março de 2018

Marcelo preocupado # Duas novas taxas # E o Dylan de ontem

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Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 

Ora viva!
A semana está a acabar, as notícias não.
Aqui vão as últimas:

A Casa Branca escolheu um só adversário. Ontem anunciou novas taxas sobre produtos tecnológicos chineses, abrindo a porta a um conflito comercial entre dois gigantes económicos. A China reagiu rapidamente, impondo esta noite tarifas sobre carne de porco, alumínio e vinhos americanos, numa factura que pode atingir 3 mil milhões de dólares. No meio, a Europa suspira de alívio, mas mantém as cautelas. E as bolsas vão caindo.
Trump despediu o seu conselheiro económicoJohn Bolton substitui McMaster como conselheiro de segurança. Bolton é visto como um "falcão", tendo trabalhado já com George W. Bush. A nomeação fecha a que está a ser vista como uma viragem à direita na política do Presidente - e uma nova fase da guerra política na América. 
O ex-espião russo pode ficar com "danos mentais irreversíveis". Ele e a filha permanecem internados em estado grave, depois de terem sido atacados com uma arma neurotóxica no início deste mês. Londres continua de dedo apontado ao Kremlin. E já com apoio claro da UE.
A Catalunha continua sem um chefe de Governo. Ontem, ao fim de cinco horas de debate, a CUP deixou sem votos suficientes Jordi Turull, o terceiro da lista de Puigdemont. No sábado tudo se poderia resolver, por maioria simples numa segunda votação, mas o problema é que a polícia considera Turull um responsável central pela tentativa de um golpe pela independência - e hoje o Supremo decidirá se o vai prender.

O que marca o dia

Marcelo preocupado com atraso na resposta aos fogos deste ano. Há uma parte do relatório sobre o incêndio de Outubro que causou especial interesse – e apreensão – em Belém. Está entre as páginas 234 a 236 e diz, por outras palavras, que é preciso mudar tudo, de alto a baixo, nas estruturas operacionais do combate aos fogos. Faltam pouco mais de dois meses para começar a época de incêndios de 2018. E o Presidente teme que a única opção para este Verão seja, já, o de reforçar os meios. A Leonete, Liliana e Sónia explicam tudo.
O relatório abriu uma guerra entre Protecção Civil e o Governo. A Protecção Civil não fez os alertas à população que o relatório dos técnicos independentes indicia que fez; há dois pontos do documento que estão a ser atacados pelo então secretário de Estado. O Presidente da comissão diz que vai analisar os dados, mas a polémica vai deixar marca, que nem a acção de limpeza deste fim-de-semana pode apagar (nem com a dupla folga para os Sapadores, anunciada hoje nojornal i). 
Em Tancos, foram décadas de falhas (mas a culpa foi do 'mexilhão'). Que é como quem diz que só foram responsabilizados os que falharam nas rondas (e na lista de armamento). Azeredo diz que as autoridades de segurança foram informadas, mas não é bem assim. O relatório feito pelo Governo está aqui visto e revisto. E leva-me a este Editorial: De Tancos aos incêndios há um padrão.
Uma nova taxa para penalizar contratos a termoque vai adaptar-se a cada sector. A taxa é apresentada nesta sexta-feira aos parceiros sociais e passa por penalizar as empresas que ultrapassem a taxa de rotatividade média do sector, antecipa a Raquel Martins. A CIP já vai avisando: "Factos consumados põem em causa a paz social", diz António Saraiva. A UGT também não se fica por menos:“Governo não pode ir nos devaneios de alguma esquerda que quer a Lua”, afirma Carlos Silva ao ECO.
A Santa Casa vai pôr 40 milhões no MontepioA verba é menor do que se dizia, garante o provedor numa entrevista ao DN e TSF. Mas o problema não é o valor do investimento, é o valor real do banco.
Bancos recusam aplicar juros negativos nos empréstimos para a casa. Como diz a Rosa Soares, "não se esperava que a banca aceitasse bem a proposta" do PS e BE, que pretende reflectir nos empréstimos à habitação o reflexo integral da taxa negativa da Euribor, através de um crédito a descontar mais tarde. Mas a primeira reacção da Associação Portuguesa de Bancos é muito dura. Mesmo com a garantia do PS de que a lei não terá efeitos retroactivos.
Mas há mais a caminho para os bancos: o Governo quer aplicar uma nova taxa para financiar novo modelo de supervisão. A solução desagrada aos supervisores e também não estava na proposta pelo grupo de trabalho liderado por Carlos Tavares (que agora vai liderar o Montepio).
Da manhã de hoje, vale ainda anotar isto: um em cada cinco enfermeiros diz sofrer de sintomas de depressão grave, revela um estudo do Instituto de Ciências da Saúde.
E esta notícia também, com uma denúncia de maus tratos no transporte de animais vivos. Conta o Francisco Alves Rito: "Um navio atracou ontem no Porto de Setúbal, para carregar hoje. Outro deve chegar esta noite a Sines. Associação tem registos em vídeo que mostram más condições em viagens anteriores. Produtores negam que animais não sejam bem tratados". Para ler, aqui.

Acrescentar um ponto

1. Não vimos o mito Dylan, vimos um artesão surpreendente. Numa esgotada Altice Arena, em Lisboa, passou por clássicos da década de 1960, por clássicos tardios, pelo cancioneiro americano que tem revisitado. Acompanhado por músicos extraordinários, deu novas formas às canções, viajando por elas com habilidade e sabedoria. "Aos 76 anos", diz-nos o Mário Lopes, "o guardião da tradição recusa-se a cristalizar. Felizmente". A crónica sobre ontem à noite está aqui.
2. A Lava-Jato chegou ao Netflix - e acabou com ilusões sobre a política brasileiraO Mecanismo é uma obra de ficção, uma nova série de José Padilha baseada na Operação Lava-Jato, que expôs o maior escândalo de corrupção no país.Ficção? Mesmo? A Rita Siza diz que sim, mas... Sobretudo se lermos este relatório, que nos mostra como há cada vez mais democracias a deixar de ser livres.
3. O regime russo precisa de “fazer guerra para adquirir legitimidade”. Hoje é ministro da Defesa da Estónia, mas Juri Luik estava em Moscovo, como embaixador, quando a Crimeia foi anexada pela Rússia. Numa entrevista ao PÚBLICO, recorda agora o “sentimento de choque e de crise” causados pelo comportamento da Rússia e não exclui qualquer hipótese no rol de ameaças à segurança da Estónia.
4. A ilha de plástico do Pacífico Norte tem 17 vezes o tamanho de Portugal. A Grande Mancha de Lixo do Pacífico é uma ilha em que não se pode caminhar: é toda feita de plástico flutuante. Os cientistas estimam agora que é maior do que se pensava: tem cerca de 1,6 milhões de quilómetros quadrados. A Teresa Serafim explica como a dimensão do desastre vai muito para além do tamanho. 

A agenda de hoje

O Governo leva à Concertação Social as alterações que propõe às leis laborais, com os contratos a prazo na mira. No Parlamento, debate-se a inclusão de pessoas com deficiência e a organização da luta contra a droga - votando-se (finalmente) a lei da Uber. Já nas ruas, teremos vários protestos: o dos enfermeiros; dos trabalhadores do sector têxtil; os da Efacec; e, na Preh, dos fabricantes de componentes electrónicos para a indústria automóvel.
Lá por fora, termina em Bruxelas a cimeira europeia, com Michel Barnier a explicar aos chefes de Estado dos 27 o ponto de situação do Brexit. No Reino Unido, os investigadores vão entrar na Cambridge Analytica, para recolher provas sobre o caso de manipulação de dados pessoais - e da opinião pública.
Não esquecer que logo à noite joga a selecção portuguesa, num particular contra o Egipto. E que nas bancas, com o PÚBLICO, está também o ípsilon, que nos fala hoje de uma "estrondosa revelação": senhoras e senhores, eis os Duo Ouro Negro, quatro décadas depois, para ouvir assim: "É um rio, um rio muito grande que se desenvolve até chegar ao mar. Quando atravessa o mar, transforma-se, é jazz”
Agora, venha um bom dia de trabalho.
E um excelente fim-de-semana!
Até segunda!

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