Os carros autónomos elétricos, que costumam aparecer sobretudo em filmes de ficção científica, há cerca de oito anos que fazem parte do dia-a-dia do Centro de Medicina de Reabilitação da Região Centro - Rovisco Pais, na Tocha.
Batizados como MOVE, os veículos nasceram na portuguesa TULA e, depois do hospital e de um hotel suíço, vão chegar em breve também a Viseu e a Cascais, segundo Célia Pereira, da gestão de produtos da empresa.
Num espaço com 144 hectares e distâncias consideráveis entre edifícios, sobretudo para pessoas com dificuldades de deslocação, o MOVE ajuda e ainda desperta muito curiosidade, porque ‘anda sozinho’, sem qualquer motorista à vista.
“Toda a gente acha muito curioso e depois ficam um bocadinho pasmadas, por já existir há algum tempo aqui e é mais um produto que, até há uns tempos, toda a gente considerava que era um bocadinho ficção científica”, relata a responsável à agência Lusa.
E até nas apresentações do veículo, numa espécie de tira-teimas, as pessoas “metem-se à frente para ver se ele para, mas eu acho que isso é natural, porque as pessoas, à partida, não confiam logo numa máquina. A máquina tem de dar provas de que funciona”, argumentou.
Mas “toda a gente quer experimentar” e afinal também houve medo dos automóveis quando estes apareceram, acrescentou a mesma responsável, que acredita que o sentimento de estar “um bocadinho num filme” acabará por tornar numa “coisa banal”.
A circulação dos veículos é condicionada, uma “coisa quase laboratorial” e, por enquanto, estão afastados do trânsito, até porque a legislação nesta área é “inexistente”.
“Acho que não houve regulação porque ainda não foi necessário. A necessidade tem de ser criada, se a utilização for maior, vai obrigar a haver uma legislação”, prevê a responsável, notando estarem em causa questões sobre regulação de testes e do uso de veículos autónomos e como proceder em relação a seguros.
Depois de nascer no Instituto Pedro Nunes (Coimbra), o desenvolvimento e a comercialização do MOVE seguiu para a TULA, onde não houve dúvidas sobre a opção de o fazer circular com eletricidade, uma mais valia que tem ganhado importância, face às preocupações ambientais crescentes.
Com um preço a depender do que o cliente quer, até porque se está perante um “serviço mais de alfaiate do que de pronto a vestir”, Célia Pereira avança estarem em causa valores semelhantes à compra de um “minibus”.
Os carros resultam de parceiras, já que a TULA não é um construtor de automóveis, mas antes responsável pela “navegação e da tecnologia e não propriamente pela ‘casca’ do veículo”.
O objetivo é melhorar o MOVE e, na lista de melhorias, está o fim das interferências atuais de , como as tampas de saneamento, e poder usar o cabo elétrico, enterrado no chão para garantir a frequência, apenas como “complemento de outras tecnologias de navegação”.
Paulo Costa, coordenador do serviço de manutenção do hospital Rovisco Pais, conta que se têm registado apenas “avarias pontuais de fácil resolução” nos dois carros, que cumprem dois trajetos distintos.
Por dia, devem somar-se cerca de 30 viagens dos MUVE, que já fizeram pessoas deslocarem-se propositadamente ao local para os verem, relatou o funcionário, que garante que o funcionamento ali “não tem problema”, mas que, por enquanto, prefere “não os levar para casa”.
Fonte e Foto: Lusa
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