segunda-feira, 13 de agosto de 2018

FUTURO DA COLÔMBIA COM O PRESIDENTE DUQUE

♦  Eugenio Trujillo Villegas *
O presidente Iván Duque junto à vice-presidente Marta Lucía Ramírez, no dia da eleição
O presidente Iván Duque junto à vice-presidente Marta Lucía Ramírez, no dia da eleição
No passado mês de junho, Ivan Duque foi eleito o novo presidente da Colômbia, depois de uma campanha eleitoral muito disputada. O resultado era previsível, pois seu contendor imediato, o ultraesquerdista Gustavo Petro, gerou temor generalizado nos eleitores com suas propostas radicais: revolução marxista no estilo da Venezuela, que lançaria a Colômbia em uma aventura socialista suicida na qual ele seria o sucessor de Chávez e Maduro. Ameaçou expropriar grandes agropecuaristas e pôr fim à exploração de petróleo e carvão. A consequência foi um irreversível dano eleitoral a si mesmo.
A Colômbia se manifestou nas urnas contra essas propostas populistas de esquerda, e ao mesmo tempo elegeu o principal adversário do atual presidente Juan Manuel Santos. Ivan Duque teve pouco mais de 10 milhões de votos, contra 8 milhões de Gustavo Petro. Na realidade, esses votos totalizam 18 milhões contra Santos, evidenciando profunda rejeição a seu governo de fraudes e mentiras. Tal é o descrédito do presidente Santos, que seu próprio partido não apresentou nenhum candidato, por saber que seria vergonhosamente derrotado.
Desde outubro de 2016, quando um plebiscito rejeitou o processo de paz, a Colômbia se desiludiu quanto às propaladas vantagens da pacificação das Fuerzas Armadas Revolucionarias de Colombia(FARC). Alguns guerrilheiros depuseram as armas e se dedicaram à política, com grande propaganda midiática; mas a maioria se dividiu em várias dissidências, que continuam se beneficiando com os enormes recursos da cocaína… e também são apoiadas pelos ex-guerrilheiros que se tornaram políticos. Como não espanta a ninguém, a guerrilha continua…
O novo presidente deve corrigir a maneira de governar
Os líderes guerrilheiros representantes das FARC no Congresso colombiano
Os líderes guerrilheiros representantes das FARC no Congresso colombiano…
Diante desses resultados, esta é a pergunta obrigatória para quem acompanha os acontecimentos em nosso país: Que rumo tomará o novo presidente da Colômbia? Temos muita esperança de que ele tome o rumo certo, empenhando-se em resolver algumas questões fundamentais, fontes inesgotáveis dos nossos grandes problemas:
  1. Combater a corrupção desenfreada em todas as esferas dos poderes públicos — É verdade que esse câncer avançou assustadoramente no governo Santos, mas existe com impunidade há muitas décadas. Não atinge exclusivamente políticos e funcionários do Estado, mas também alguns setores empresariais, igualmente responsáveis pelos colossais e escandalosos desfalques nos cofres públicos.
  2. Pôr fim à abjeta degradação da justiça — Como corolário do precedente, essa deterioração moral atingiu até as mais altas instâncias judiciais, onde se compram sentenças e se vendem decisões por somas milionárias, obtidas pela pilhagem contínua dos recursos do Estado. Servidores públicos participam de verdadeiras empresas criminosas para desfalcar assombrosas quantias; e depois, com esses mesmos recursos fraudulentos, compram sua absolvição nas altas Cortes. No final do ano passado, magistrados do Supremo Tribunal de Justiça foram judicializados, juntamente com o responsável pela luta anticorrupção do Ministério Público, por protagonizarem comportamentos aberrantes e escandalosos.
  3. Evitar que os acordos de paz do governo Santos se transformem em instrumento de impunidade e tirania — Os criminosos que devastaram a Colômbia durante décadas, aterrorizando os indefesos com suas atrocidades e humilhações, transformaram-se agora em legisladores, por vontade do governo. Integrarão comitês administrativos que definirão o futuro da nação, sem pagar por seus crimes, sem pedir perdão por eles, sem se arrependerem de tanto mal que fizeram. É indispensável o novo governo exercer também controle sobre a Justiça Especial para a Paz (JEP). Esse sistema transicional, criado após o acordo com as FARC, caminha para se colocar acima dos outros órgãos judiciais, arrogando direitos e funções que não lhe dizem respeito, tudo para favorecer sua impunidade.
  4. Enfrentar o tráfico de drogas com energia e sem claudicação — Esta é a enorme fonte que financia a guerra e os crimes de todos os grupos guerrilheiros e paramilitares, além de alimentar o crime organizado e ser a ponta-de-lança da degradação moral do país. Durante os oito anos do governo Santos, o cultivo ilegal de coca aumentou de 50.000 para quase 200.000 hectares, e a cocaína para os viciados da Europa e Estados Unidos terá certamente crescido também na mesma proporção.

A autêntica solução na prática dos valores do Evangelho

Santuário de Nossa Senhora  de Las Lajas, em Ipiales,  no sul da Colômbia.
Santuário de Nossa Senhora
de Las Lajas, em Ipiales,
no sul da Colômbia. [Foto: Luis G. Arroyave]

Se o próximo governo não for capaz de cumprir esses objetivos básicos, levando em conta o clamor da verdadeira e autêntica Colômbia, o presidente a ser eleito dentro de quatro anos muito provavelmente nos levará, contra a nossa vontade, para o inferno de uma ditadura de extrema-esquerda, embora não o queira a maioria. Se não houver uma solução para esses grandes desafios, abrir-se-ão as portas para a opressão totalitária e a miséria socialista, fenômenos que sempre andam de mãos dadas.

Há na Colômbia muitos outros aspectos a melhorar, para alcançarmos progresso verdadeiro, legítimo e autêntico. Os que destroem o establishment não são só os terroristas, mas também os que roubam bens do Estado e das empresas privadas. Procuramos interpretar aqui o rumo que desejam para a Colômbia não só os eleitores de Ivan Duque, mas também muitos dos que, embora votando em Petro, não simpatizam com a revolução chavista da Venezuela, antes pedem uma mudança fundamental na maneira de governar e fazer política. Mas se a filosofia e os valores do Evangelho não iluminarem as almas dos que compõem a sociedade, é inútil perseguir o crescente número de criminosos com a autoridade coercitiva do Estado. Acrescenta-se, pois, a necessidade imperiosa de resgatar os valores religiosos, morais e cívicos que foram se evaporando de todas as atividades humanas, destruindo as instituições com as consequências trágicas que estamos vendo.
A Colômbia não pode resistir indefinidamente à ação devastadora de quem governa dando as costas ao senso comum e aos valores morais, cujas elites preferem abdicar covardemente diante da ufania do crime, em vez de enfrentá-lo com coragem. Os colombianos sabem perfeitamente que esta será a triste realidade de nosso país, caso o novo governo decida não encetar o rumo certo.

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(*) Diretor da Sociedad Colombiana Tradición y Acción.
Fonte: ABIM

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