Há pouco completaram-se 30 anos daquilo que se constituiu na maior cadeia humana de todos os tempos: a Via Báltica. Na Lituânia, a data foi marcada por comemorações. Em algumas delas esteve presente uma delegação de TFPs europeias. |
Renato William Murta de Vasconcelos
No dia 23 de agosto de 1989 completava-se meio século da assinatura do infame Pacto Ribbentrop-Molotov, também conhecido como Pacto Hitler-Stalin, que em seus protocolos secretos estabeleceu “zonas de influência” da Rússia soviética e da Alemanha nazista no Báltico e na Europa Oriental. Tais protocolos secretos, vindos a público com o processo de Nürenberg, mas somente admitidos pela Rússia em dezembro de 1989, puseram ilegalmente sob o jugo soviético a Lituânia, a Letônia e a Estônia.
Foram cinco décadas de supressão das liberdades mais fundamentais e de uma perseguição feroz à Religião. A par disso, a instauração do regime comunista — “intrinsecamente perverso”, como afirmou o Papa Pio XI — produziu tremenda estagnação econômica, e consequentemente uma miséria generalizada.
Os povos bálticos, e em particular a Lituânia, nunca se resignaram com a opressão dos ateus de Moscou. Inicialmente os combateram por meio das armas, com a heroica resistência dos “partisanos”; depois, com o inconformismo e uma boa dose de fidelidade aos princípios da civilização cristã, pois a Lituânia é um país majoritariamente católico. Tudo isso alimentou um descontentamento de grandes proporções na opinião pública, ao longo dos anos, desembocando em 1989 na organização da Via Báltica, primeiro passo rumo à declaração de independência.
Partindo de Vilnius, passando por Riga e chegando a Tallin, numa extensão de 600 quilômetros, a Via Báltica uniu essas três capitais no dia 23 de agosto, com mais de um milhão de manifestantes. De mãos dadas, lituanos, letões e estonianos constituíram a mais longa cadeia humana da História, um protesto pacífico e mudo, mas de grande carga simbólica. “Vis unita fit fortior” – ela simbolizava a resolução inabalável dos povos bálticos de reconquistar sua liberdade a qualquer preço.
A monumental Via Báltica contra a ditadura ateu-comunista da União Soviética teve como objetivo chamar a atenção do mundo inteiro para esse descontentamento geral da opinião pública nos três países e seu desejo de recuperar a liberdade. O movimento rumo à independência e à liberdade tornou-se irresistível, por mais que Moscou tentasse amortecer o seu ímpeto. Em fevereiro de 1990 realizaram-se pela primeira vez eleições livres para os Supremos Soviéticos — como eram chamados os respectivos governos — e nos três países bálticos os candidatos pró-independência constituíram maioria.
D. Eugenius Bartulis, bispo de Siauliai, onde houve vários atos, na coroação da Imagem de Nossa Senhora
Na Lituânia o evento foi organizado pelo Sajudis, movimento patriótico fundado em 1988. No dia 11 de março de 1991 a pequena Lituânia tornou-se o primeiro país a proclamar sua independência da União Soviética. Sua patriótica atitude foi tomada com reserva pelas potências do mundo livre — em especial a França e os Estados Unidos —, mais propensas a um entendimento entre Vilnius e Moscou. Diplomatas lituanos depararam, aflitos, com portas fechadas em Washington e Paris, e ao mesmo tempo ouviam conselhos entreguistas.
A situação não podia ser mais dramática para a Lituânia. Sem apoio ocidental, podia ser facilmente esmagada pelos tanques soviéticos. A tão propalada “perestroika” de Gorbachev não passava de uma manobra para fazer crer que a União Soviética estava se abrindo ao mundo livre.
Nessas circunstâncias, por iniciativa do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, as TFPs — sociedades de defesa da Tradição, Família e Propriedade — organizaram um monumental abaixo-assinado em 26 países, de apoio à declaração de independência da Lituânia. Em três meses atingiu ele a impressionante cifra de 5.200.000 assinaturas. O maior da História, registrado posteriormente no Guiness Book of Records.
Peregrinação de Tytuvenai a Siluva
Alertada, a opinião pública do Ocidente abraçou a causa da Lituânia. E assim, nos meses seguintes, a maior parte dos países ocidentais acabou por reconhecer a independência da Lituânia e demais países bálticos.
Em agosto último, a delegação de TFPs visitou Vilnius, onde foi recebida no Parlamento por membros do Tevynes Sajunga (União da Pátria). Em Siauliai e Kelme, esteve presente em manifestações cívico-religiosas por ocasião dos 30 anos da Via Báltica. E no último domingo de agosto, levando uma cópia da imagem de Nossa Senhora de Fátima, participou da tradicional peregrinação de Tytuvenai a Siluva. Aí, onde se encontra o santuário da Padroeira nacional, a delegação de TFPs rezou especialmente na intenção de que a Lituânia permaneça sempre a “Terra de Maria”.
ABIM
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