A anta do Cabeço da Anta, bem como todo o património arqueológico do concelho de Proença-a-Nova, integra o documentário “Das pedras fez-se terra – histórias da Beira Baixa”, realizado por Mariana Boto e produzido pela Ocidental Filmes. Este filme será apresentado no Auditório Municipal, no próximo sábado, dia 2 de novembro, às 21h30, e contará com a com a presença dos autores deste projeto para uma tertúlia no final da apresentação, bem como os responsáveis pelo Campo Arqueológico de Proença-a-Nova que desde há oito anos se têm dedicado ao estudo sobre o património arqueológico do concelho.
“Das pedras fez-se terra – histórias da Beira Baixa” incide sobre “os tesouros arqueológicos e naturais” da Beira Baixa, numa descoberta guiada por cientistas, naturalistas e residentes, revelando histórias de superação e resistência daqueles que ocuparam o território há milhares de anos, nomeadamente a Anta do Cabeço da Anta, nas Moitas, que tem sido alvo das sucessivas investigações do Campo Arqueológico de Proença-a-Nova.
As escavações arqueológicas deste ano – CAPN 2019, que decorreram durante o mês de agosto, registaram um desenvolvimento significativo naquela que é a maior anta da região, “tendo aparecido as primeiras peças completas, em cerâmica e pedra. A escavação de uma sanja radial, em profundidade e desde o centro até à periferia do montículo artificial que motivou o topónimo Cabeço da Anta, com o objetivo de conhecer a estrutura vertical da mamoa ou moita, também teve bom desenvolvimento embora ainda não esteja concluída. Este trabalho revelou até ao momento que a mamoa ou moita é constituída quase integralmente por argila”, divulgou João Caninas, arqueológo responsável pela investigação.
O arqueólogo revela também que a partir de maio de 2020 esta estrutura estará recuperada e pronta para ser visitada de modo qualificado e seguro, sem prejuízo da continuidade das escavações noutros setores deste monumento. “Esse objetivo foi igualmente estabelecido para a anta do Cimo do Vale de Alvito cuja câmara funerária também se encontra escavada e recuperada com próteses de granito nas posições de onde ao longo dos séculos foram retiradas as pedras originais, de que sobram apenas duas”, acrescenta.
No âmbito do CAPN 2019 realizou-se ainda a terceira campanha de escavações (dirigidas por Paulo Félix) no povoado fortificado da Idade do Ferro da Cerca do Castelo de Chão do Trigo: “foram identificadas estruturas que apontavam para a existência de unidades habitacionais. Foi caracterizada uma estrutura de desenvolvimento linear, que se interpretou como a base de um muro de cronologia indefinida que se construiu sobre o arrasamento de uma outra estrutura com paramentos e enchimento de pedras e argila muito compacta. Pela sua disposição e tipologia de construção, estaremos perante uma segunda linha de muralha, interior. A presença desta linha de fortificação era expectável face ao que é conhecido nos povoados da mesma cronologia já suficientemente conhecidos no quadrante sudoeste da Península Ibérica”, acrescenta João Caninas.
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