quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Torres Vedras | "SEM MUROS, ENTRE MUNDOS", NA FÁBRICA DAS HISTÓRIAS - CASA JAIME UMBELINO...

A Fábrica das Histórias – Casa Jaime Umbelino, em Torres Vedras, acolhe entre os próximos dias 11 de janeiro e 29 de fevereiro a exposição Sem Muros, entre Mundos.

Trata-se de uma mostra coletiva da autoria de Isabel Cardoso, Paula Estorninho e Sofia Pinto Correia que “leva-nos ao encontro de meninas pequeninas que carregam consigo velhos segredos e nos desafiam a brincar às escondidas, sala a sala, sem muros e entre mundos, propondo-nos entrar em florestas e castelos, inventando-lhes histórias em função das formas, cores e texturas que apresentam e abrindo-nos, sem hesitar, aos  segredos que elas  sussurram.
Três universos plásticos e narrativos muito diferentes mas que prestam serviço às histórias, à poesia e à imaginação e reinvenção, e onde nos cruzamos com princesas e mouras encantadas, e até meninas levitadas. Basta ver, tocar e sentir, que são outra forma de “ler”, não as páginas dos livros mas as coisas, as obras artísticas.
Três artistas que nos dão a conhecer a sua sensibilidade exprimindo, de forma maravilhosa, as suas ideias, emoções e sentimentos”. 

Sala 1 – Isabel Cardoso | Sentir
“O cheiro da terra molhada que a chuva produz; o sol quente que nos aquece a pele e provoca um arrepio; uma borboleta; o canto de um pássaro; o brotar de uma pequena erva que com o passar do tempo se transforma numa bonita flor; o vento que nos acaricia e nos faz sentir livres; o sabor da fruta acabada de colher … estas e muitas outras sensações acabaram por ser o fio condutor que deu origem à exposição Sentir.
Tudo isto são presentes que a Natureza nos dá e que, por vezes, não paramos para os apreciar e sentir … olhamos mas não vemos, tocamos mas não sentimos … São dádivas da Natureza que é preciso olhar com o coração e nunca esquecer de valorizar e preservar.
Através de pequenas esculturas, em massa de Porcelana Fria - Biscuit, o apelo à Natureza é retratado de forma leve e delicada. As “Gongas”, assim se chamam as peças, pretendem apelar a todos os nossos sentidos e fazer-nos sentir o que está retratado em cada uma das suas formas”.
Isabel Cardoso

Sala 2 -  Paula Estorninho | Sob a pele das palavras
"Em vão me tento explicar, os muros são surdos,
Sob a pele das palavras há cifras e códigos."

Carlos Drumond de Andrade
“Em menina fazia bonecas de papel que vestia com “paisagens” recortadas de revistas: imagens de mar transformavam-se em frescos vestidos de verão, campos de flores em coloridos vestidos de primavera, o céu com pássaros a voar em vestidos de liberdade.
Quando o meu filho nasceu comecei a fazer brinquedos: bonecos de plasticina, fantoches em pasta de papel, tendas de índio, castelos. Quando ele cresceu e trocou os bonecos pelo computador, continuei a brincar e em 2005 surgiram as primeiras bonecas.
Construídas com massa de moldar, com braços e pernas articuladas, amarradas por fios, as cabeças coroadas por caracóis, unhas de perceves, cascas de bolotas, tudo o que pode ter lugar numa cabeça sonhadora, trajando vestidos coloridos como apontamentos de cor, são essencialmente muito femininas. Pequenas, do tamanho de um palmo mas com identidade própria, todas têm um nome e um bilhete de identidade que as acompanha.
Em 2008 nasceu o projeto “No Pátio Azul”, ou seja, fotografando as bonecas no pátio da casa em Serpa, um pátio resguardado por altos muros caiados de azul, onde é feito o primeiro registo.
A partir de 2011 as bonecas saltaram os muros do pátio para o mundo em busca de novos horizontes. As fotografias fora do pátio são imagens artísticas, encenadas em ambientes naturais ou em estúdio, onde as bonecas adquirem vida através do olhar de Rui Cambraia. Mergulhadas nas águas do rio Guadiana, envoltas nas ondas do mar, com animais de brincadeira ou verdadeiros crustáceos e insetos, deleitadas na flora primaveril do Alentejo, a mise en scene é real – as imagens não são fotomontagens e as bonecas ganham uma alma, uma dimensão humana.
Cada boneca é única, irrepetível. De aparência frágil e delicada, podem ser damas de companhia, objetos de contemplação ou o que quisermos que elas sejam. Refletem os nossos desejos, os nossos sonhos, as nossas forças e fragilidades, as nossas emoções e, por isso, são um pouco de mim e de todos os que as adquirem. Cada uma esconde segredos que é preciso descobrir…”.
Paula Estorninho 

Sala 3 – Sofia Pinto Correia | Mouras Encantadas
“Da procura das raízes, do passado ancestral, das histórias dos antigos, das lendas e dos mitos, dos rituais ligados à terra, do estudo das regiões onde viveram os meus antepassados, do fascínio pela arqueologia e pela antropologia, pela arqueogenealogia, como escreveria Foucalt, pelas tradições, pelos caminhos e trilhos da descoberta do património construído ou menos material, surgiu esta paixão. A paixão pelas coisas tornadas vida em mistérios sussurrados oralmente, a paixão pela magia, pela terra, pelas vozes da terra. Que este encantamento seja contagiante. Que saiba contar estas histórias, que saiba passar o testemunho, na mão que escreve, que pinta ou que alinhava estas mouras encantadas."
Sofia Pinto Correia
A exposição Sem Muros, entre Mundos será inaugurada no dia 11 de janeiro, pelas 17h.

Nenhum comentário:

Postar um comentário