O BiodivSummit voltou a cumprir o seu objetivo: a partir do tema principal, a biodiversidade, promover uma reflexão que, nesta quarta edição, abarcou a transição digital e climática, o desenvolvimento sustentável e o desenvolvimento humano. Realizado no Centro Ciência Viva da Floresta no Dia Internacional da Biodiversidade, que se assinala a 22 de maio, na sessão de abertura foi lida uma mensagem de António Guterres, Secretário-Geral da ONU, que sintetiza os desafios que se colocam à humanidade para alcançar um futuro sustentável para todos e alcançar a Visão 2050 de viver em harmonia com a natureza: “para salvar a indispensável e frágil riqueza natural do nosso planeta, todos precisam estar comprometidos, incluindo jovens e populações vulneráveis que mais dependem da natureza para a sua subsistência. Hoje, convido todos a agir para construir um futuro compartilhado para toda a vida”.
Adicionalmente, os diversos participantes foram elencando outros desafios que se colocam à sociedade como as aldeias digitais, a solidariedade territorial, a mobilidade, a literacia digital ou a sustentabilidade, entre muitos outros. “Voltámos a contar com um grupo excecional de palestrantes que muito contribuíram para o sucesso desta iniciativa”, sintetizou João Lobo, presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, referindo aquele que para ele é o principal desafio com que estes territórios estão a lidar. “É o de não nos extinguirmos enquanto espécie e, dessa forma, desequilibrarmos a cadeia da biodiversidade”. Considerando que todos quantos assistiram ao evento, que foi igualmente transmitido nas redes sociais, saíram mais ricos, João Lobo alerta para a necessidade de haver a transmissão de conhecimento da sociedade para as famílias, de forma a haver mudanças concretas.
Também na sessão de abertura, José Tribolet, professor catedrático do Instituto Superior Técnico, apresentou o ser humano com um “complexíssimo, riquíssimo, fantástico sistema de processamento de informação e atuação”, uma espécie de robot biológico de base carbono que utiliza os seus sentidos para captar a envolvente. Nesta época de transição digital, podem ser utilizadas ferramentas do mundo da engenharia para responder a questões complexas, por exemplo, “como é que nós podemos conciliar objetivos de desenvolvimento do território, de desenvolvimento humano e de criação de riqueza respeitando o ambiente?” É necessário mobilizar a humanidade para estes objetivos, a partir de modelos de mundo dinâmicos que permitam antecipar o futuro. Nesta realidade virtual – apelidada de metaverso – é possível criar os tais modelos dinâmicos virtuais contextualizados, que digam respeito a Proença-a-Nova, por exemplo, e que mostrem os possíveis cenários consoante as atitudes individuais, para que os humanos percebam qual o cenário mais benéfico para o seu futuro.
O proencense Jorge Lopes, diretor de tecnologias da Brisa que apoiou na construção do programa do BiodivSummit, salientou a importância da definição dos problemas. “Há uma expressão conhecida que diz que mais vale uma solução aproximada para um problema bem definido do que uma solução excelente para um problema mal definido”. Moderando o painel sobre “transição digital e climática”, que contou com as presenças de Luísa Ribeiro Lopes, coordenadora geral Incode 2030, presidente do .PT, e de Luís Barroso, presidente da Mobi.e, Mobilidade Elétrica, salientou-se que mais do que transição digital se deve falar de transformação e de que a sustentabilidade aborda muito mais temas do que apenas o clima. Também a adaptação à transição é chave para uma nova realidade assente num maior respeito pelo meio ambiente.
No segundo painel, Paula Guimarães, da The Navigator Company, moderou a conversa dedicada ao desenvolvimento sustentável, com intervenções de Fátima Reis, Diretora Regional do ICNF, Carlos Marta, engenheiro agrónomo, e Paulo Ferreira, diretor da A23 Beira Interior. A importância da biodiversidade e o que tem sido feito para a promover; o desenvolvimento sustentável, o potencial do interior a este nível e a dificuldade de atrair novos residentes; e as acessibilidades como garante da mobilidade estiveram em cima da mesa. Já no terceiro painel, moderado por Inês Cardoso, intervieram Pedro Barradas, presidente do ITS Portugal, e Joaquim Teixeira, da Fundação Champalimaud. Nesse caso, foram abordadas a biodiversidade e saúde, bem como a mobilidade digital, com as suas consequências para as comunidades, reforçando a noção de que o acesso às ferramentas de comunicação deve ser garantido a todos, de forma a não haver um país a duas velocidades e com dois tipos de cidadãos.
Para quem não teve oportunidade de ver em direto o IV BiodivSummit, pode aceder ao debate no Facebook e canal YouTube do Município. A próxima edição deste evento regressa a 22 de maio de 2023.
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