A Semana Africana 2023, que decorreu na Covilhã entre os dias 23 e 29 de maio, evidenciou o potencial da cocriação e das parcerias com países africanos de expressão portuguesa, sob o epíteto da “Lusofonia” e da multiculturalidade, assumidos como âncoras da programação cultural do Município para 2023.
Durante toda a semana, a cidade acolheu designers, modelos, chefs, artistas e escritores africanos, que apresentaram as suas criações através de um programa gratuito e aberto à comunidade. Herança e Sustentabilidade foram conceitos transversais à Semana Africana, que integrou o Plano de Ação da Covilhã enquanto Cidade Criativa da UNESCO em Design e contou, ainda, com o Alto Patrocínio do Presidente da República Portuguesa.
De entre os locais selecionados para acolher a programação desta edição, que englobava várias atividades a decorrer entre o centro da cidade e a Universidade da Beira Interior, destacou-se o histórico Edifício Banco de Portugal, onde decorreu a sessão de abertura do evento (23 de maio), pontuada por uma poderosa e intimista interpretação musical da moçambicana Rodhalia Silvestre.
Durante toda a semana esteve patente a exposição “Herança”, que contou com a curadoria de Otília Aquino (AKINO) e de Raquel Aquino e apresentou uma diversa quantidade de peças de arte, artesanato e design de Moçambique, complementadas por literatura moçambicana e por degustações diárias de gastronomia tradicional, asseguradas por Soraya Badru. No dia 27 de maio, os alunos do Núcleo de Estudantes de Design de Moda da Universidade da Beira Interior dinamizaram atividades no local, abertas à participação do público, que resultaram em dois manequins inspirados no vestuário tradicional africano que complementaram o espaço expositivo.
No dia 24 de maio decorreu, na Biblioteca Central da Universidade da Beira Interior, a 1.ª Sessão Literária subordinada ao tema "A Nova Geração da Literatura Moçambicana", organizada pela curadora Cristina Costa Vieira (UBI). As restantes sessões abordaram os temas “O papel e o digital como vias de leitura e aprendizagem nos PALOP” (26 de maio, Edifício Banco de Portugal) e "Circulação do livro e bens culturais na comunidade da CPLP" (29 de maio, Salão Nobre dos Paços do Concelho) e contaram com a presença de ilustres oradores como Cristina Costa Vieira, Joaquim Jorge Silva, José Carlos Venâncio, Maria da Graça Sardinha, Ricardo Salgueiro e Venâncio Calisto.
O Desfile Design Moda e Sustentabilidade, que apresentou coleções de designers de origem africana e de alunos de Mestrado em Design de Moda da Universidade da Beira Interior, realizou-se na noite de 24 de maio, no Teatro Municipal da Covilhã. Os designers Miranda Come, Candy Munguambe, Nelson Guttu, Mom’s Amade, Angelina Joaquim João e Ivanira Semedo – os dois últimos antigos alunos da Universidade da Beira Interior – apresentaram as suas coleções no evento, onde também desfilaram os projetos de Moda Sustentável de atuais alunos: Ana Clara Meira, Catarina Arouca, Catarina Camacho, José Couto, Francisca Trindade, Ema Paula, Joana Custódio, Patrícia Viegas e Domínica Sanmartin. Estes projetos foram desenvolvidos com materiais do Freudenberg Group, no âmbito da Unidade Curricular de Atelier de Vestuário da UBI, sob orientação das docentes Marta Bicho e Madalena Pereira.
O desfile-espetáculo foi pontuado por momentos musicais assegurados pelo músico covilhanense João Semedo, acompanhado por alunos da Escola Profissional de Artes da Covilhã (EPABI). Os momentos de percussão foram alternados com declamações de poesia da autoria de poetas africanos de países de expressão portuguesa, entoados por atores da ASTA - Teatro e Outras Artes (Edmilson Gomes e Sérgio Novo) e por docentes da UBI (Cristina Costa Vieira e Marida da Graça Sardinha.
A curadoria do desfile foi assegurada por Madalena Pereira (UBI) e por Henriqueta Macuacua (QuaQua Design), antiga aluna de Mestrado em Design de Moda. Cristina Vieira, docente da mesma instituição, foi a curadora responsável pela articulação do Design de Moda com a Literatura. O ModUBI- Núcleo de Estudantes de Design de Moda garantiu o apoio aos designers e manequins no decorrer do evento.
Manequins profissionais desfilaram junto com voluntários, que abrangeram desde crianças da Escola S. Silvestre e filhos de colaboradores do Município, a jovens do Coro Misto da Beira Interior e estudantes da UBI. A produção, que juntou o Município da Covilhã e várias entidades moçambicanas, contou com a colaboração fundamental da UBI e destacou-se pelo envolvimento e apoio prestado por empresas locais e regionais de referência ligadas ao Design, à Criatividade e a materiais sustentáveis, a saber: Benoli Confecções Lda, Fitecom, Freudenberg Group, Paulo de Oliveira, S.A. e Twintex. Contou ainda com o apoio de Paulo Runa e com a imprescindível colaboração de Carmen Cabeleireiros na componente de cabelos e maquilhagem.
A Vice-Reitora da UBI, Amélia Augusto, entregou lembranças a todos os criadores, bem como todos os representantes das empresas que apoiaram o evento: Gonçalo Duarte (Benoli), Miguel Carvalho (Fitecom), Roberto Cunha (Grupo Paulo de Oliveira) e Beatriz Tavares (Twintex).
O Município da Covilhã, representado pelo Vice-Presidente, José Armando Serra dos Reis, e pela Vereadora da Cultura, Regina Gouveia, homenageou no desfile o designer de moda Carlos Gil com Medalha de Mérito, considerando a sua origem moçambicana e a sua ligação à Covilhã, onde residiu no seio da família, reconhecendo publicamente o sucesso de uma longa carreira de 25 anos.
Numa lógica de intercâmbio cultural, a Semana Africana promoveu, também, visitas abertas a vários espaços culturais da cidade, como o Museu de Lanifícios, o Museu da Covilhã e o Museu de Arte Sacra.
O encerramento da Semana Africana 2023 decorreu a 29 de maio, no Salão Nobre dos Paços do Concelho. Pelas 18h00, teve lugar a 3.ª Sessão Literária do programa, subordinada ao tema “Circulação do livro e bens culturais na comunidade da CPLP” e moderada por José Carlos Venâncio. Os convidados e participantes tiveram a oportunidade de assistir, ainda, a uma retrospetiva fotográfica da Semana e a um elogio à Lusofonia e às Culturas Africanas de Expressão Portuguesa, proferrido pelo escritor covilhanense Manuel da Silva Ramos.
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