A Festa Ibérica da Olaria e do Barro vai decorrer de 18 a 21 de maio em São Pedro do Corval, no concelho de Reguengos de Monsaraz. Os centros oleiros de S. Pedro do Corval e de Salvatierra de los Barros, na província de Badajoz (Espanha), continuam a juntar-se anualmente para mostrar a sua arte neste evento transfronteiriço de promoção cultural da olaria.
A 27ª Festa Ibérica da Olaria e do Barro vai ter a participação de 41 olarias e ceramistas de Portugal e de Espanha. O Centro Oleiro de São Pedro do Corval terá 13 olarias e ceramistas no evento e o de Salvatierra de los Barros contará com 9 expositores.
Participam igualmente nesta edição olarias de Assafora, Arrancada do Vouga, Mourão, Loures, Galegos Santa Maria (2), Montemor-o-Novo, Guimarães, Barcelos, Agualva-Cacém, Torres Vedras, São Bartolomeu de Messines, Galegos São Martinho, Vila Nova de Milfontes, São Martinho do Bispo, Baixa da Banheira, Queluz e São Marcos do Campo. De Espanha vai estar também uma olaria de Badajoz no certame.
A Festa Ibérica da Olaria e do Barro é uma homenagem viva à arte da olaria através de exposições, demonstrações ao vivo, jornadas ibéricas e música tradicional, pretendendo-se valorizar a olaria, chamar a atenção para o seu valor artesanal e artístico e apontar estratégias para o seu desenvolvimento económico e profissional. Este evento transfronteiriço é organizado em anos alternados em cada município.
A 27ª edição da Festa Ibérica da Olaria e do Barro abre no dia 18 de maio, às 18h, e será inaugurada pelo Secretário de Estado Adjunto e da Justiça, Jorge Costa, seguindo-se a visita aos expositores. Pelas 19h, na Casa do Barro – Centro Interpretativo da Olaria de São Pedro do Corval, decorre a inauguração da exposição permanente “Ceramicas Espanholas Extinguidas”, de Jose Luis Naharro, do Museo de Alfareria.
A partir das 22h sobe ao palco Celina da Piedade e as Vozes do Cante, com um espetáculo em que a compositora e acordeonista vai interpretar músicas tradicionais, folk, pop e Cante Alentejano.
No dia 19 de maio, pelas 10h, tem início a sessão de abertura das Jornadas Ibéricas de Olaria e Cerâmica, na Casa do Barro. As sessões de trabalho começam às 10h30 com uma intervenção de Arnaldo Frade, Delegado Regional do Alentejo do Instituto de Emprego e Formação Profissional, sobre “Os desafios do IEFP na Promoção das Artes e Ofícios: diagnóstico e estratégias de ação”.
O ceramólogo Jose Luis Naharro vai falar pelas 11h sobre “Alfarerías extinguidas de España. Necesidad de una urgente recuperación” e às 11h45 será apresentado “O Programa Regional Alentejo 2030 e os apoios à olaria”, por António Ceia da Silva, Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Alentejo. O historiador Jose Angel Carretero vai explicar às 12h15 o “Proyecto de creación de una Escuela de Alfarería para Salvatierra de los Barros”.
Durante a tarde, os trabalhos iniciam-se pelas 15h30 com o arqueólogo Miguel Alba Calzado, que vai abordar o tema “Cerámicas comunes de Salvatierra de los Barros con usos poco comunes”. Hugo Guerreiro, investigador do CIDEHUS – Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades da Universidade de Évora vai apresentar às 16h30 a “Proposta de Itinerário para a Salvaguarda e Valorização da Cerâmica Tradicional do Alentejo Central” e meia hora depois, o arqueólogo Juan Barrero, vai falar sobre “Materiales cerámicos y latericios de la arquitectura termal romana”. A última comunicação será às 17h30 sobre “A proteção da marca”, por André Robalo, Diretor de Marcas e Patentes do INPI - Instituto Nacional da Propriedade Industrial e a partir das 18h haverá um debate para encerrar os trabalhos das Jornadas Ibéricas de Olaria e Cerâmica.
Nessa sexta-feira, dia 19 de maio, o programa da Festa Ibérica da Olaria e do Barro tem também oficinas de olaria para os alunos do ensino básico de Salvatierra de los Barros e de São Pedro do Corval, com Claudia Cid, que vão decorrer às 10h30 e pelas 15h na Casa do Barro. No espaço do certame, a partir das 19h atua o Grupo Ste e J. Luís e às 22h decorre o concerto “Outros Cantes do Sul”, com Pedro Mestre. A DJ Miss Shy vai subir ao palco pela meia noite para animar a pista de dança durante a madrugada.
No dia 20 de maio, a partir das 9h decorre a Caminhada Rota das Olarias, com perto de cinco quilómetros de extensão, organizada pela Secção de Caminheiros da Casa de Cultura de Corval, enquanto pelas 10h realiza-se um Passeio de BTT de cerca de 40 quilómetros, promovido pela Secção de BTT da Casa de Cultura de Corval, ambas as iniciativas com partida e chegada no recinto da Festa Ibérica da Olaria e do Barro. Às 11h30 haverá bailes de folclore com o Grupo Folklórico la Jara del Hogar de Mayores de Salvatierra de los Barros e pelas 19h atua o Grupo 5 Castas. Luís Represas, fundador da banda Trovante, vai cantar a partir das 22h os grandes sucessos da sua carreira. À meia noite, o DJ Moonlight vai apresentar um set de música eletrónica na pista de dança da Festa Ibérica da Olaria e do Barro.
No dia 21 de maio, pelas 10h, tem início junto à Casa do Barro o Passeio Turístico Todo-o-Terreno Rota dos Oleiros para jipes, SUV e veículos 4x4, que vai passar por vários monumentos do concelho. Às 10h30 realiza-se o Encontro Citroen 2CV, organizado pelo Núcleo de Amigos 2CV/Dyane de Redondo. O Grupo de Sevilhanas Corazon Flamenco e o Las Trianeras vão atuar às 19h e a fechar a Festa Ibérica da Olaria e do Barro realiza-se às 21h30 um concerto com a Banda da Sociedade Filarmónica Corvalense.
Sobre o Centro Oleiro de S. Pedro do Corval
O Centro Oleiro de S. Pedro do Corval é considerado o maior de Portugal com 21 olarias em atividade que continuam a pintar os motivos típicos do Alentejo, como por exemplo o pastor, a apanha da azeitona e a vindima. Por entre potes, rodas de oleiros e fornos descobrem-se peças utilitárias tradicionais, de quando o barro se moldava às necessidades dos trabalhos dos campos e das vidas humildes no Alentejo.
No concelho de Reguengos de Monsaraz foram encontrados vestígios de olaria desde os tempos pré-históricos, como por exemplo fragmentos de peças e depósitos de argilas com características para a atividade. Em 1276, D. Afonso III, no foral Afonsino de Monsaraz, reconhece privilégios aos oleiros do seu termo, que poderiam assim ter livremente fornos de olaria. No foral Manuelino, de 1512, também há referência à olaria do concelho, e já em 1905 S. Pedro do Corval teria cerca de 30 oficinas em funcionamento, havendo a distinção entre as de louça miúda, as de talha para o vinho (seriam quatro) e as de tarefas para a aguardente (seis), o que demonstra também a importância da localidade na produção vinícola.
Em 2015 foi inaugurada a Casa do Barro, um centro interpretativo que visa preservar, promover e assegurar a sustentabilidade da olaria de São Pedro do Corval, proporcionando a todos os visitantes o conhecimento e a aprendizagem sobre a arte oleira e o barro através de oficinas, palestras e outras atividades. A Casa do Barro resulta da reabilitação de uma antiga olaria, envolta em história e tradição, com dois fornos a lenha que serviam para cozer a louça, um tino onde se coava o barro e rodas de oleiro com as suas imponentes arquinas. A recuperação deste local permitiu recriar o ciclo do barro, desde a terra ao produto final.
Carlos Manuel Barão
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