Welton Trindade não se sente confortável |
Provavelmente, este não é o primeiro caso em que uma pessoa homossexual é constrangida em um ambiente público. E nem será a última. É o que relata o jornalista goiano Welton Trindade. Ele nunca doou seu sangue para bancos que recolhem o material humano. Não foi por falta de vontade e disposição. O jovem saudável e dentro de todos os parâmetros recomendados pela Organização Mundial da Saúde para ser um portador ocasional, sempre foi questionado a respeito de sua orientação sexual na hora da doação. Gay assumido, Welton se ofendeu diversas vezes e decidiu colocar a boca no mundo a respeito da situação que se repete por todo o país.
Em entrevista para a agência de notícias BBC Brasil, ele falou que não quer discriminado com hora marcada. Para ele, o sangue que corre em suas veias não vale menos do que o de ninguém, independente de orientação sexual. Por isso, ele confessa: "nunca dooei sangue". Trindade não se sente tratado com dignidade suficiente para frequentar os centros de coleta. Seria trágico, se não fosse uma situação frequente com inúmeros homossexuais que se candidatam a vagas de doadores fixos.
A regra foi estabelecida pela própria Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa), que é ligada ao Ministério da Saúde. O polêmico caso reflete um conjunto de regras estabelecidas pelo órgão, baseadas nas regras dos Estados Unidos. O Ministério da Saúde do Brasil proibe doação de sangue de "homens que se relacionaram sexualmente com outros homens nos últimos 12 meses".
Mesmo com as críticas de diversos movimentos em prol da igualdade e visibilidade LGBT, o órgão não vai mudar a proibição, segundo a BBC. Está sendo feito um novo documento, que é reavaliado periodicamente, que não vai retirar a regra.
João Paulo Baccara, coordenador do setor de sangue e hemoderivados da Anvisa, disse que há evidências científicas que comprovam que homossexuais são os maiores contaminados pelo HIV, se 10,5% no mundo. Em nosso país, contudo, essa proporção indica apenas 0,4%.
Combate ao preconceito
Ciente dessa situação, ele coordena um grupo que defende os direitos LBGTs, o "Estruturação". Em 2010, a campanha "Mesmo sangue, mesmo direito" busca provocar o debate e conquistar a coleta de sangue "sem preconceitos" para todos os brasileiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário