domingo, 8 de maio de 2016

Tristeza e solidão deixadas de lado nos encontros da “Elas”, em Tarouca

Image:noticias.sapo.pt
A tristeza e a solidão são deixadas de lado todas as quartas e sextas-feiras à tarde por um grupo de mulheres de Tarouca, que se juntam para dar azo aos seus talentos manuais e ajudarem quem precisa.
Criada há três anos, a associação "Elas" começou com meia dúzia de amigas e agora são já 30 de várias idades, desde a mais nova, com 14 anos, até à mais velha, de 77 anos.
"A maior parte é desempregada. Temos senhoras que já estão reformadas e outras que trabalham, mas após o trabalho vêm ter aqui um bocadinho connosco", contou à agência Lusa Ilda Oliveira, presidente da associação.
Estas mulheres, diz, procuram "o convívio, o partilhar ideias", até porque muitas delas passam a maior parte dos dias sozinhas em casa.
"É uma forma de descomprimirem dos problemas do dia-a-dia, quem não os tem...", frisou Ilda Oliveira, que está desempregada e encontrou na associação uma forma de extravasar a sua energia.
Para Salomé Marques, estes encontros são um escape àquilo que chama de "dor de mãe", que vê um filho sofrer devido a uma doença grave.
Depois de um princípio de depressão e de ter procurado ajuda médica e psicológica, aconselharam Salomé Marques a participar nestes convívios, o que não se arrepende de ter feito, porque hoje considera-se uma pessoa "mais alegre e mais feliz".
"Quando tinha consultas na psicóloga falava muito do meu filho, falava coisas que eu não queria falar e lembrava-me mais. Aqui, com elas, esqueço um bocado o que vejo que o meu filho sofre. É muito diferente, aqui somos todas unidas, falamos, rimos", contou.
Entre as "terapias" que faz na associação, estão as 'feirinhas' onde vai vender as peças feitas por si e pelas amigas, porque lhe permitem falar com muitas pessoas.
Alzira Pinto, de 77 anos, anseia pelas quartas e sextas-feiras à tarde, uma vez que vive sozinha e não gosta muito da companhia da televisão.
"Como estava sozinha, resolvi vir para aqui para conviver com estas pessoas. É uma família que aqui tenho", afirmou sorridente.
A idosa contou que aprende o que não sabe e ensina o que sabe, o que acontece um pouco com todas elas.
Maria Cardoso já ganhou o título de "rainha da criatividade", porque ideias não lhe faltam quando é preciso preparar alguma iniciativa.
"Às vezes estão a falar nas coisas e sai-me logo uma ideia qualquer. Depois aderem todas e até têm outras ideias que complementam", contou.
Para Maria Cardoso, a sexta-feira à tarde é o dia em que fica também a saber das novidades de Tarouca, uma vez que pouco sai de casa, porque tem uma família grande e muito que lá fazer.
"Se não saísse este bocadinho às vezes nem sabia o que se passa aqui em Tarouca. Há eventos que acontecem, há pessoas que infelizmente falecem", referiu.
Maria Cardoso sente-se motivada por saber que, já por várias vezes, os trabalhos que saíram das suas mãos e das mãos das amigas ajudaram organizações e pessoas com necessidades.
"Ajudar os outros também nos faz sentir bem. É bom chegar a casa e saber que, pelo menos um poucochinho, ajudámos alguém", frisou.
Ilda Oliveira explicou que a associação também funciona na vertente do empreendedorismo social, ou seja, "cada uma faz os seus trabalhinhos" e, se os conseguir vender, recebe o dinheiro.
Mas quando a "Elas" promove um evento, todas trabalham para o mesmo: "Normalmente fazemos quermesses para angariar fundos para termos meios para poder levar esse objetivo até ao fim".
Os bombeiros, a associação de animais, o centro paroquial e pessoas com cancro foram já ajudados pela associação. Recentemente, estas mulheres foram ao IPO "levar sorrisos às crianças", entregando-lhes chapéus personalizados. Este ano, a "Elas" quer também ajudar o grupo de apoio a pessoas carenciadas da paróquia, com uma caminhada.
Ideias não faltam a estas mulheres, que agora estão entusiasticamente a preparar a gala Miss Tarouca, que nunca se realizou.
"Uma ideia puxa outra, umas complementam outras, e às vezes de uma coisa de nada surge uma coisa maravilhosa e que toda a gente gosta. Até agora temos sido muito bem reconhecidas na comunidade", frisou.
Fonte:Lusa

Nenhum comentário:

Postar um comentário