sábado, 31 de dezembro de 2016

Jornalista constituído arguido por republicar texto de Rafael Marques

O director de O Crime, Mariano Brás, publicou um texto do activista que acusava o Procurador-Geral João Maria de Sousa de corrupção.
 
O director do jornal “O Crime“, Mariano Brás foi nesta quarta-feira constituído arguido no mesmo processo em que o jornalista e activista Rafael Marques é indiciado de crimes de injúria contra o Procurador Geral da República.
O motivo seria o facto da publicação ter republicado a informação do portal Maka Angola que acusava João Maria de Sousa de estar envolvido em actos de corrupção.
Em causa está um negócio de concessão de um terreno de três hectares, destinado à construção de um condomínio.
Em declarações ao Rede Angola, Mariano Brás garantiu que o seu jornal não fez nenhuma alteração ao texto assinado por Rafael Marques, por se tratar de uma opinião. “Publicámos a matéria e taxativamente demos os direitos de autor à fonte que é o site, e tudo isto está estampado. É um texto de opinião, em que não alterámos nenhuma vírgula e publicámos. E, em função disto, estamos a responder um processo crime” , explicou o jornalista que vai ser julgado na condição de director do O Crime.
O jornalista considera o processo como sendo uma forma de intimidação a todos os profissionais que tentam denunciar os actos ilícitos dos governantes, pelo facto de ser o próprio Procurador Geral da República a mover um processo-crime contra os repórteres.
No seu entender, a decisão da PGR demonstra os primeiros sinais da perseguição que os profissionais de comunicação poderão sofrer tendo em conta com o que está plasmado na nova Lei de Imprensa, aprovada na Assembleia Nacional no mês passado.
É claramente uma perseguição que vamos sofrendo, e vindo já do Procurador-Geral da República. Devemos ficar atentos a estes sinais”, alerta, e pede aos profissionais de comunicação para não temerem.
Isso é uma mensagem que o regime quer passar como ameaça aos jornalistas. Vamos sofrer perseguições, e principalmente nós, os jornalistas independentes. O que não devemos fazer é nos render. Devemos continuar a informar com verdade e dar ouvidos aqueles que não têm, e continuar a denunciar as injustiças que há no nosso país”, aconselha.
A data do julgamento de Rafael Marques e de Mariano ainda não foi marcada, mas o director do O Crime acredita que não haverá imparcialidade do tribunal neste processo.
Quem está a instruir o processo é uma procuradora que depende do Procurador-Geral da República, logo não vejo aí uma isenção, não se espera que haverá imparcialidade”, disse. “O processo vem já viciado, e o pior é que o procurador apresenta queixa na condição de procurador e de cidadão. Não vejo na história do jornalismo angolano um jornalista que foi ao tribunal e saiu absolvido”.

Fonte:redeangola.info


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