O
director de O Crime, Mariano Brás, publicou um texto do activista
que acusava o Procurador-Geral João Maria de Sousa de corrupção.
O
director do jornal “O
Crime“,
Mariano Brás foi nesta quarta-feira constituído arguido no mesmo
processo em que o jornalista e activista Rafael Marques é indiciado
de crimes de injúria contra o Procurador Geral da República.
O
motivo seria o facto da publicação ter republicado a informação
do portal Maka
Angola que
acusava João Maria de Sousa de estar envolvido em actos de
corrupção.
Em
causa está um negócio de concessão de um terreno de três
hectares, destinado à construção de um condomínio.
Em
declarações ao Rede
Angola,
Mariano Brás garantiu que o seu jornal não fez nenhuma alteração
ao texto assinado por Rafael Marques, por se tratar de uma opinião.
“Publicámos a matéria e taxativamente demos os direitos de autor
à fonte que é o site, e tudo isto está estampado. É um texto de
opinião, em que não alterámos nenhuma vírgula e publicámos. E,
em função disto, estamos a responder um processo crime” ,
explicou o jornalista que vai ser julgado na condição de director
do O
Crime.
O
jornalista considera o processo como sendo uma forma de intimidação
a todos os profissionais que tentam denunciar os actos ilícitos dos
governantes, pelo facto de ser o próprio Procurador Geral da
República a mover um processo-crime contra os repórteres.
No
seu entender, a decisão da PGR demonstra os primeiros sinais da
perseguição que os profissionais de comunicação poderão sofrer
tendo em conta com o que está plasmado na nova Lei de Imprensa,
aprovada na Assembleia Nacional no mês passado.
“É
claramente uma perseguição que vamos sofrendo, e vindo já do
Procurador-Geral da República. Devemos ficar atentos a estes
sinais”, alerta, e pede aos profissionais de comunicação para não
temerem.
“Isso
é uma mensagem que o regime quer passar como ameaça aos
jornalistas. Vamos sofrer perseguições, e principalmente nós, os
jornalistas independentes. O que não devemos fazer é nos
render. Devemos continuar a informar com verdade e dar ouvidos
aqueles que não têm, e continuar a denunciar as injustiças que há
no nosso país”, aconselha.
A
data do julgamento de Rafael Marques e de Mariano ainda não foi
marcada, mas o director do O
Crime acredita
que não haverá imparcialidade do tribunal neste processo.
“Quem
está a instruir o processo é uma procuradora que depende do
Procurador-Geral da República, logo não vejo aí uma isenção, não
se espera que haverá imparcialidade”, disse. “O processo vem já
viciado, e o pior é que o procurador apresenta queixa na condição
de procurador e de cidadão. Não vejo na história do jornalismo
angolano um jornalista que foi ao tribunal e saiu absolvido”.
Fonte:redeangola.info
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