Walter Shaub defende que a Administração Trump faz publicidade gratuita aos negócios do antigo magnata, durante a discussão de assuntos de Estado, o que "prejudica a própria confiança no Governo".
O antigo diretor de Ética Governamental dos Estados Unidos, Walter Shaub, acusa o presidente norte-americano, Donald Trump, de estar a implementar uma “cleptocracia” no país. Walter Shaub fala num conflito de interesses entre o que é bom para os Estados Unidos e o que favorável para os negócios do antigo magnata republicano, o que vem prejudicar a confiança da Administração na Casa Branca.
“[Cleptocracia] é um termo que as pessoas usam frequentemente para se referirem à Rússia, de forma mais, ou menos, justa e os Estados Unidos correm o risco de virem a ser conhecidos da mesma maneira”, afirma Walter Shaub, citado pelo jornal ‘The Guardian’. “Não podemos saber se as decisões [do presidente] são motivadas por objetivos políticos ou os seus interesses financeiros”.
O ex-chefe do gabinete de Ética Governamental dá como exemplo o caso dos hotéis de Donald Trump, aos quais o presidente faz publicidade gratuita durante a discussão de assuntos de Estado. As ações de propaganda aos seus imóveis têm sido de tal maneira intensas que os lobistas e diplomatas estrangeiros têm vindo a escolher o local, que fica no trajeto entre a Casa Branca e o Capitólio, para múltiplos eventos.
Em fevereiro, o Kuwait escolheu o hotel Trump International para realizar a celebração do seu dia nacional. Em maio, foi a vez do Conselho Empresarial turco-americano, que tomou lugar no hotel do multimilionário.
“O simples facto de estamos a questionar se Donald Trump usa intencionalmente a presidência com fins lucrativos é mau o suficiente, porque prejudica a própria confiança no Governo e corremos o risco de as pessoas começarem a referir-se aos Estados Unidos como uma cleptocracia”, explica Walter Shaub, sublinhando que existe uma “crise ética” em Washington.
Walter Shaub diz ainda que há um certo “embaraço” nos laços comerciais de Trump, que veio a tornar-se ainda mais evidente com o decreto anti-imigração, que proibiu a entrada de cidadãos de seis países acusados de incentivar e perpetrar ações terroristas em todo o mundo. O ex-chefe de Ética Governamental salienta que houve países, onde Donald Trump tem interesses financeiros significativos, que ficaram de fora da lista de proibições. “Isso levanta questões sobre até que ponto os interesses dos Estados Unidos a ser tidos em conta”.
O advogado de profissão deixa ainda uma recomendação a Donald Trump para possa exercer as suas funções sem prejuízo dos princípios éticos: “Tenha um coração limpo e atue como deve ser”.
Fonte: Jornal Económico
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