Todo
o homem, que se
devota
à causa publica, tem como dever primacial, cultivar a isenção, o
desinteresse e a renuncia, com devoção e desapego totais, para que
ninguém, algum dia, possa supor que o que ele cultiva não é o
interesse da
comunidade, mas a causa privada de seus interesses particulares.
Há
quem julgue que a comunidade não tem inteligência, nem memória,
sendo por isso fácil iludi-los e ludibriá-los impunemente, mas,
quando menos o esperam, sofrerão a desilusão mais tremenda!
Realizar
é de muitos, conceber é de poucos, agora conceber e realizar é de
raros. Mais, o carácter não se afirma em palavras, prova-se com
acções e atitudes concretas. Também
a honestidade dos
indivíduos mede-se pela sinceridade, clareza e escrúpulo que põem
em todas as suas palavras e consequentemente nas acções.
Ouve-se
dizer com frequência que os discursos dos políticos não são para
levar a sério, porque dali não se espera nada de jeito, pois eu não
concordo com esta desresponsabilização, isso é desligar-se de
todos os assuntos que dizem respeito ao cidadão votante e pagante de
impostos, mais taxas municipais.
Quem
é que não sabe que “A
política é arte de impedir as pessoas de se meterem naquilo que
lhes diz respeito”
como
escreveu Paul Valéry? Empurrar
para o fim duma assembleia da câmara a intervenção do público, o
que depreendemos com tal decisão?
Vivo
em Aveiro há 32 anos, na qualidade de cidadão votante e
contribuinte, conta-se pelos dedos as
vezes que fui assistir às reuniões de Câmara de carácter público,
como ainda às Assembleias Municipais. Esse desinteresse deve-se ao
facto dos assuntos já estarem decididos antes do seu inicio, tudo o
resto é para preencher tempo, cumprir os procedimentos, portanto as
vozes dos cidadãos não produzem efeito, com a agravante dos que
tomarem a palavra passarem a ser vitimas de pressão exercida por
forças ocultas existentes na cidade de Aveiro, bem
referenciadas, as tais que mandam nisto tudo, por
exemplo, a maioria absoluta de determinado
partido político,
ainda que seja em coligação.
Jogam com a passividade da
comunidade. As maiorias
são perigosas, senão mesmo doentias, o poder absoluto provoca delírio.
Essas
forças ocultas introduzem-se nas associações à medida que vão
sendo fundadas, com propósitos bem definidos: controlar as
actividades, conhecerem as tendências políticas e religiosas de
cada elemento dos órgãos sociais, transmitindo-as
ao aparelho.
Já
lidei e continuo a lidar com tais forças ocultas, com designações
pomposas, soam bem aos ouvidos de
quem não as conhece. A
dificuldade em motivar pessoas desprovidas de sentimentos egoístas,
traiçoeiros e de
ingratidão ou outros que
podem provocar a derrocada de uma instituição para preencher
lugares nos órgãos sociais é tremenda. Quando
nos apercebemos que
metemos na capoeira
raposas e lobos vestidos de cordeiro já
é tarde. A
seguir o que acontece? Convulsões internas, tudo é exposto na praça
pública destruindo num ápice o que levou anos a erguer.
Os
ditos velhos do Restelo também habitam em Aveiro, e
a sua presença faz-se sentir nas mais diversas repartições
públicas, tendo-se especializado nas respostas: não, não, não com
língua
da camaleão.
A
política é rendosa profissão para quem a sabe explorar com a
proficiência dum bom negociante. Facultar-lhe-á na vida um caminho
fácil e triunfal. Sim, a
política,
tal como hoje se pratica em certos meios, é a mais apetecida e
rendosa das profissões, sem
dúvidas, pois lisonjeia
vaidades inferiores e satisfaz apetites de grande tomo, ainda
confere um conjunto de direitos incomensuráveis.
A
verdade vinga-se sempre, quando a falseiam e desfiguram, obrigando
por fim o falseador
a engolir as próprias fezes. A
certeza maior é que tudo tem seu tempo... E que todo tempo tem Deus.
Rose Barros.
Um
líder digno de o ser
jamais pode se calar
perante a injustiça, a ingratidão ou o desrespeito (AM
Jr.).
Termino
com uma frase lapidar para o tempo presente: O
mundo não é ruim, só está mal frequentado!
Até
breve.
J.
Carlos
Director
do Litoral Centro-Comunicação e Imagem
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