Depois uma década sempre a descer, o número de crianças que trabalham na agricultura passou de 98 milhões, em 2012, para 108 milhões, hoje, denuncia a FAO no Dia Mundial contra o Trabalho Infantil.
A organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês) afirma na nota hoje emitida que «esta tendência preocupante não só ameaça o bem-estar de milhões de crianças, mas também mina os esforços para para acabar com a fome e a pobreza no mundo».
De acordo com o organismo das Nações Unidas, «70% do trabalho infantil a nível mundial ocorre na agricultura», pelo que «é vital enquadrar o trabalho infantil nas políticas agrícolas nacionais e abordar o problema a nível familiar». A não ser assim, defendem os responsáveis da FAO, «agravra-se-á ainda mais a pobreza e a fome nas zonas rurais».
TRABALHO INFANTIL
– quase três de cada quatro crianças envolvidas no trabalho infantil fazem-no na agricultura;
– hoje, há mais 10 milhões de crianças a trabalhar na agricultura do que em 2012;
– dos 152 milhões de crianças trabalhadoras, a grande maioria (108 milhões) trabalha na agricultura, pecuária, silvicultura ou aquacultura;
– cerca de 70% do trabalho infantil é trabalho familiar não remunerado;
– a incidência do trabalho infantil nos países afectados por conflitos armados é 77% mais elevada que a média mundial;
– cerca de metade de todo o trabalho infantil no mundo ocorre em África: 72 milhões (a grande maioria no sector agrícola); segue-se a Ásia: 62 milhões de crianças.
Os conflitos prolongados, os desastres naturais e a migração são apontados como causas principais do aumento referido nos últimos seis anos. A FAO acrescenta que as crianças que trabalham na agricultura «são expostas a múltiplas ameaças», em que se incluem «os pesticidas, as condições inadequadas de saneamento no campo, as temperaturas elevadas e a fadiga decorrente da realização de trabalhos que exigem grande esforço físico durante períodos prolongados».
«O trabalho infantil é um problema mundial, «que prejudica as crianças, causa prejuízos ao sector agrícola e perpetua a pobreza rural», afirma a FAO, sublinhando que, «ao serem obrigadas a trabalhar muitas horas, as crianças vêem diminuir as possibilidades de irem à escola e de desenvolverem as suas capacidades», o que acabará por interferir «com as suas possibilidades de aceder a oportunidades de empregos decentes e produtivos no futuro».
Definindo o trabalho infantil como trabalho que «não é adequado para a idade de uma criança, afecta a sua educação ou pode causar dano à sua saúde, segurança e moral», a FAO sustenta que o combate à pobreza rural e a defesa da educação são fundamentais na abordagem ao combate ao trabalho infantil.
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