terça-feira, 12 de junho de 2018

Eu, Psicóloga | Por que nos apaixonamos?



De repente alguém do seu convívio passa a despertar seu interesse. Vocês conversam e seu coração dispara, as mãos tremem, a garganta fica seca e você tem a nítida sensação de que pelo menos duas dúzias de borboletas resolveram habitar seu estômago. Passa um tempo e "batata": a tal pessoa habita seus sonhos e tudo o que você quer é ficar perto dela.

Salvo raras exceções, todos nós passamos ou vamos passar por isso – e é simplesmente incrível quando o sentimento é recíproco. A questão é: por que nos apaixonamos? Por que temos essa quase necessidade de encontrar uma pessoa para amar e sentir vontade de ficar junto, de proteger e de rodopiar com ela de mãos dadas por aí? Quais são os fatores que fazem com que passemos a gostar de alguém?

O que se sabe é que o amor romântico acontece por uma série de fatores, possivelmente com o objetivo de preservar a nossa espécie e, de acordo com um estudo de 1989, alguns quesitos precisam ser preenchidos para que, sem nos darmos conta, uma pessoa passe a ser vista de uma maneira diferente:

1 – Semelhanças: Isso inclui desde similaridade em termos de crenças e traços de personalidade até ideologias e forma de pensamento.

2 – Propinquidade: Tendemos a gostar de pessoas que vivem geograficamente próximas a nós. Isso acontece porque, para que o relacionamento funcione, é preciso que o casal tenha como se ver com frequência e passar um tempo juntinho.

3 – Características desejáveis: Aqui entram aqueles detalhes da aparência física da pessoa que chamam a nossa atenção: podem ser os olhos, o cabelo, o formato das mãos...

4 – Reciprocidade: Quando a outra pessoa também se sente atraída por você, a tendência é de que vocês dois acabem se gostando mais ainda.

5 – Influências sociais: A possibilidade de uma pessoa satisfazer suas necessidades sociais se aceitar ficar ao seu lado é um fator decisivo em termos de paixão.

6 – Outras necessidades: Se a pessoa supre sua necessidade de companheirismo, amor e de expectativas sexuais, por exemplo, é bem possível que o relacionamento engrene.

7 – Fazer coisas incomuns, excitantes: Estar com uma pessoa em um ambiente diferente e fazer com ela algumas coisas que fogem da rotina dos dois é uma maneira ótima de despertar o amor romântico.

8 – Passar um tempo sem mais ninguém por perto: Nem precisa dizer, né, que essa é uma forma garantida de dar aquele empurrãozinho para que as coisas fluam entre os dois pombinhos... De qualquer forma, não custa lembrar.

Esses itens foram levantados com base em relatórios de estudantes universitários que descreveram suas experiências amorosas. Os fatores que mais contaram foram características consideradas desejáveis e que estão presentes na outra pessoa e, claro, a famigerada reciprocidade.

De acordo com a conclusão do estudo, entrar em um relacionamento amoroso sério requer deixar de lado alguns aspectos da nossa autonomia. Agora se a outra pessoa tem características que consideramos desejáveis e admiráveis, a presença dela em nossa vida pode ser compreendida como uma expansão da nossa personalidade, e não como um tipo de perda de liberdade.

Em 2007, um estudo neurológico confirmou as descobertas psicológicas feitas ao final da década de 1980. Pessoas apaixonadas têm níveis mais baixos de serotonina, que é a substância que nos dá a sensação de satisfação. Em termos químicos, podemos dizer que o amor nos traz uma espécie de TOC.

É justamente por isso que alguns dos fatores citados acima, como excitação e mistério, quando relacionados com o sentimento de amor, aumentam as chances de nos sentirmos mais ansiosos, o que faz subir a nossa pressão arterial e os níveis de adrenalina no corpo.

A relação entre amor e adrenalina é tão verdadeira que a existência dessa substância pode fazer com que uma pessoa acredite estar apaixonada, ainda que não esteja. É ela, a adrenalina, que faz também com que seja mais fácil nos apaixonarmos por alguém que conhecemos em meio a uma situação emocionante.

Já com relação à proximidade, o que acontece é que estar perto de alguém de quem gostamos faz com que nosso corpo produza mais dopamina, hormônio que nos dá a sensação de prazer. Quando estamos apaixonados, a simples lembrança do ser amado já faz com que o cérebro produza essa substância.

Com o passar do tempo, o amor que sentimos por aquela pessoa que conquistou nosso coração e a reciprocidade desse sentimento nos fazem produzir os hormônios ocitocina e vasopressina, que estão diretamente relacionamos com a criação de laços e de fidelidade entre as pessoas. Aí é só aproveitar e ser feliz.



Nenhum comentário:

Postar um comentário