Num país onde há dois anos todos os produtos alimentares têm sido revistos em alta, todos os serviços públicos foram agravados o único produto cujo preço não subiu foi a cerveja! Aliás o @Verdade apurou que mesmo não aumentando os preços das suas principais marcas, desde o mandato de Armando Guebuza, e num ano em que deu de beber aos moçambicanos 4 garrafas a 100 meticais e ainda receber troco de 40 meticais, as Cervejas de Moçambique (CDM) obtiveram as suas melhores receitas de sempre: 16,7 biliões de meticais. Quem lucra, além do grupo belga-brasileiro, é o Governo, o partido Frelimo e até mesmo a ministra da Juventude e Desportos.Desde 2014 que o preço recomendado pelas CDM para os seus principais produtos não altera. A 2M, Manica, Preta e Clara vendida em garrafas retornável de 330ml é de 35 meticais cada. As garrafas não retornáveis de 330ml das marcas 2M, Manica, Preta e Clara em garrafa são vendidas a 45 meticais. As médias de 550ml retornáveis com das marcas 2M, Manica, Preta e Clara são comercializadas a 55 meticais. Mesmo as latas de 330ml de 2M, Manica, Preta e Clara continuam a ser vendidas a 40 meticais. “Sim é verdade” confirmou Tomás Salomão, o Presidente do Conselho de Administração, entrevistado pelo @Verdade.
Mesmo com a crise económica e financeira que o nosso país enfrenta desde 2016, com a depreciação do metical em relação as principais dividas, a inflação que chegou aos 40 por cento, ao aumento da água, da electricidade e de todos outros factores de produção, incluindo aumentos salariais anuais, as Cervejas de Moçambique não só não aumentaram os preços como ainda conseguiram recentemente dar de beber aos moçambicanos a um custo ainda mais barato: 25 meticais por cada garrafa de 2M de 330 ml se comprar de uma só vez quatro.
Aliás a promoção permite ainda ganhar 40 meticais se o cliente devolver a vasilhame, “Eixxxx! Alta bolada”.
Mas se o leitor pensa que a bolada foi sua porque consegue embebedar-se com menos dinheiro desengane-se, a “Alta bolada” é das CDM que no exercício económico de 2017 obteve um lucro bruto de 16.690.000.000 meticais, mais de 4 biliões do que em 2016 e, pasme-se, fazendo mais dinheiro justamente com a venda das cervejas claras, que são aquelas cujos preços não mudam desde que Armando Guebuza governava Moçambique.
“O lucro líquido da CDM mais do que duplicou quando comparado com igual período do ano anterior, tendo-se voltado a trajectória de consistente crescimento dos últimos 10 anos”, revela o no Relatório e Contas da empresa e que o @Verdade teve acesso.
De acordo com o documento, e embora novas marcas que não fazem parte do seu bouquet estejam a tentar entrar no mercado nacional, “a quota de Mercado cifrou-se em 94,5 por cento, tendo-se alcançado um novo recorde”.
Com esta quota de mercado pode-se concluir que parte dos moçambicanos que bebem, conduzem e causam acidentes de viação deverão ser consumidores dos produtos das CDM. Aliás estudos mostram que em Moçambique o álcool já é causa de doenças mentais e é um dos factores que contribui para a violência doméstica.
Governo, partido Frelimo, ex-Presidente Guebuza e a ministra de Juventude lucram com vendas de cerveja
“Uma muito rigorosa gestão de custos fixos e uma redução de custos variáveis por hectolitro, acompanhado de assinalável valorização do metical, levaram a um excelente desempenho em termos de gestão de custos” justifica a cervejeira que se diz moçambicana, mas que desde 1995 pertence a estrangeiros, no Relatório e Contas que o @Verdade analisou.
Questionada pelo @Verdade como foi possível obter estes resultados positivos inéditos em período de crise em Moçambique e sem aumentar o preço dos seus principais produtos as Cervejas de Moçambique explicaram que “fez actualizações de preços de alguns dos seus produtos”.
“Ainda assim, a cerveja mantêm-se como uma bebida alcoólica acessível e onde continuam a ser respeitados os mais altos padrões da qualidade, sem que haja qualquer impacto menos positivo para os nossos consumidores. Estas são mudanças cuidadosamente ponderadas, mas necessárias para apoiar a acessibilidade da categoria da cerveja, fortalecendo também a indústria no nosso país”, disse as CDM em entrevista por correio electrónico.
Analisando o Relatório e Contas o @Verdade descortinou que os de vendas aumentaram de 7,3 biliões para 9,6 biliões de meticais, os custos com pessoal passaram de 878 milhões para 1,1 bilião de meticais, os custos de marketing passaram de 235 milhões para 298 milhões de meticais, os honorários de gestão subiram de 206 milhões para 224 milhões de meticais e até os honorários dos Administradores cresceram em 1 milhão de meticais.
São donos das Cervejas de Moçambique o grupo belga-brasileiro AB Inbev Africa, com 79,18 por cento do capital, a SPI holding do partido Frelimo, com 4,78 por cento, o Instituto Nacional de Segurança Social, com 2,47 por cento, o Governo de Moçambique, com 1,78 por cento, a PLC Barca Global Market PL, com 1,01 por cento, a Moçambique Investimentos onde é sócia a actual ministra da Juventude e Desportos Nyeleti Mondlane e o antigo Presidente Armando Guebuza, com 0,79 por cento, e os trabalhadores das CDM e outros detém 9,99 por cento do capital social.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
Nenhum comentário:
Postar um comentário