A Europa está a tentar sobreviver ao recorde de temperaturas altas: há estradas e montanhas a derreter e reatores nucleares a serem desligados, mas também há gelados para os animais do zoológico
Situações extremas exigem medidas extremas. A expressão está a ser seguida em vários países da Europa, devido à intensa onda de calor que está a atingir o continente. As temperaturas em algumas regiões de Portugal chegaram a máximos absolutos e foram notícia na imprensa internacional, mas as estratégias de fuga ao calor não estão só ser adotadas no nosso país, onde a Câmara de Lisboa encerrou os parques infantis próximos a zonas florestais e ordenou a abertura antecipada dos centros de acolhimento de sem abrigo.
Na Holanda, há notícias de que o asfalto das estradas está a derreter e que as autoridades começaram a espalhar sal, como se faz no inverno, mas para travar o calor.
Na Áustria os cães da polícia estão a usar uns chinelos especiais para não queimarem as patas. Em Viena, onde o termómetro marcava 34°C este sábado, a temperatura do chão pode facilmente ultrapassar os 50ºC, disse a polícia, citada pelo jornal La Libre Belgique. O mesmo acontece na Suíça, onde as autoridades lançaram uma campanha sem precedentes, a "Hot Dog", onde pede aos donos de cães que protejam as patas dos animais.
A polícia de Zurique sugere que os donos dos animais coloquem as costas de uma mão no asfalto e que esperem cinco segundos. Se estiver demasiado quente para a mão, então estará muito quente para uma pata. Aconselham também que cães pequenos sejam levados ao colo.
A polícia recorda ainda a importância de fornecer água potável suficiente e dos perigos de deixar um animal no interior de um automóvel em dias de calor extremo.
Em vários zoos europeus, os animais estão a ser alimentados com comida congelada: no zoológico La Palmyre, em França, os carnívoros recebem gelados de sangue e pedaços de carne, e os herbívoros recebem uma mistura de frutas congeladas.
Para o gorila do jardim zoológico de Londres, Kambuka, foi confecionada uma mistura gelada de grão-de-bico, nozes e frutas sem açúcar, e as suricatas têm sido alimentadas com ervilhas e flores congeladas.
Na Suécia, um glaciar na montanha Kebnekaise, está a derreter a uma média de vários centímetros por dia, noticia a BBC.
E, na Noruega, a Administração de Estradas Públicas pediu aos motoristas que cuidem das renas e ovelhas. Tore Lysberg disse à agência de notícias AFP que "os animais se retiram para lugares mais frios; e que renas e ovelhas encontram refúgio em túneis e áreas com sombras". A temperatura chegou ao 31.2º na quarta-feira em Finnmark, no interior do Círculo Polar Ártico, mas agora está abaixo dos 20ºC.
Com os termómetros a registarem recordes de temperatura, há ainda outro perigo: as bombas da Segunda Guerra Mundial que ficaram "esquecidas" e poderão ser ativadas pela onda de calor.
No final de julho, os bombeiros enfrentaram um incêndio florestal no sudoeste de Berlim e ainda tiveram de lidar com munições não detonadas da Segunda Grande Guerra que estavam enterradas no solo.
Por causa das elevadas temperaturas, em França foram desligados quatro reatores nucleares. A onda de calor está a afetar dois terços do país, mas não desencorajou os motoristas que começaram as viagens muito cedo no dia de sábado, para evitar cruzarem-se com os turistas de agosto. Ainda assim, ao final da manhã, registaram-se 670 quilómetros de engarrafamentos, segundo as autoridades francesas.
Tal como em França, o dia 4 de agosto de 2018 está a ser um dia negro nas estradas italianas, com vários engarrafamentos e em Roma, formaram-se filas enormes de pessoas à espera de beber ou encher as garrafas de água nos chafarizes públicos.
Na Alemanha, a cerveja esgotou
Na Alemanha, a onda de calor gerou uma onda de pânico: o consumo de cerveja explodiu no país, e agora há uma rutura de stock. Neste país, os clientes preferem usar garrafas e caixas reutilizáveis. Com os termómetros a registarem temperaturas muito altas os habitantes compraram mais cerveja do que o habitual e os fabricantes ficaram sem garrafas para repor. E sem recipientes, não há cerveja.
Os alemães estão agora a ser pressionados a devolver o mais rápido possível as garrafas e caixas vazias, principalmente antes de partirem para férias, para que as fábricas consigam repor o stock.
Fonte: DN
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