A Câmara Municipal de Cantanhede aprovou, por unanimidade, na reunião ordinária de 2 de Julho, um voto de pesar pelo falecimento de Carlos Saro Negrão, nos Hospitais da Universidade de Coimbra, em 29 de junho, na sequência do seu internamento de urgência motivado por um episódio súbito de paragem cardiorrespiratória ocorrido dois dias antes, no decurso da sessão da Assembleia Municipal de Cantanhede, da qual fazia parte enquanto representante da CDU – Coligação Democrática Unitária.
Submetida pela presidente da autarquia, Helena Teodósio, a proposta de voto de pesar assinala a circunstância de a ocorrência que vitimou Carlos Saro Negrão ter acontecido momentos depois de ter concluído a leitura de uma declaração de voto a propósito de uma matéria em discussão no plenário, “tendo a sua morte deixado um sentimento geral de profundo pesar e consternação por tão inesperada fatalidade, o que, considerando a elevação e o sentido de responsabilidade com que desempenhou as suas funções, justificou a determinação de luto municipal nos dias 30 de junho e 1 de Julho”. O texto sublinha ainda “a nobreza de carácter de Carlos Saro Negrão e a forma afável, leal e íntegra como se entregou à defesa dos interesses do concelho de Cantanhede.”
Carlos José Ferreira Saro Negrão nasceu a 13 de novembro de 1958 no Hospital Arcebispo João Crisóstomo, em Cantanhede, no seio de uma família proprietária de uma livraria e de uma tipografia. Estudou em Cantanhede e Coimbra, tendo cumprido serviço militar na Figueira da Foz, após o que iniciou a carreira de profissional de seguros que exerceu durante 36 anos, da qual se retirou em 2016. Passou então a dedicar-se mais intensamente à atividade política em que esteve envolvido desde muito jovem, como ativista do Partido Comunista Português e da CDU – Coligação Democrática Unitária, cujas listas de candidatos aos órgãos autárquicos do Município de Cantanhede integrou várias vezes.
No voto de pesar pode ler-se que, “com um desempenho a todos os títulos assinalável, Carlos Saro Negrão deixou no órgão deliberativo do Município de Cantanhede a marca de um agente político profundamente identificado com os ideias de progresso e desenvolvimento económico e sociocultural do concelho, apontando constrangimentos e obstáculos e indicando caminhos e soluções sempre com a veemência, a frontalidade e a liberdade de espírito que o caracterizavam”. A este propósito é também lembrado que “defendia sempre as suas causas com posições muito bem fundamentadas, quer em termos técnicos, quer do ponto de vista político, tendo honrado as suas funções com intervenções amplamente aclamadas pelos seus pares”.
O texto refere também a “vasta cultura de Carlos Saro Negrão e as suas grandes preocupações com as fragilidades sociais do país”, enfatizando a sua “extrema dedicação à família e os muitos amigos que tinha na política, de todas as orientações ideológicas, os quais considerava ‘adversários, nunca inimigos’”.
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