Doente há alguns anos faleceu na tarde desta quarta-feira (31) o trompetista, guitarrista, compositor, cantor e actor Gabriel Chiau, tinha 80 anos de idade. Chiau, criador da célebre marrabenta “Wena unga yali”, levou a mágoa de ter sido um dos primeiros músicos moçambicanos a ser plagiado.
Gabriel Rúben Chiau de seu nome completo confidenciou ao @Verdade, há cerca de uma década, “comecei a conviver com a música na Igreja Missão Suíça, onde aprendi as coisas básicas da música, embora de forma muito rudimentar (...) comecei com o trompete, devo sublinhar que foi com grande ajuda do maestro Chemane. Para além da igreja, fui também influenciado pelo meu pai. Ele foi professor e gostava de passar mensagens educativas, e apostei na arte musical para também transmitir mensagens educativas”.
Na entrevista Chiau recordou um dos momentos marcantes da sua carreira “depois de ter quase abandonado o trompete para tocar viola no Harmonia (grupo musical), mais tarde, voltei a pegar no trompete. Porque adorava o trompetista norte-americano Louis Amstrong e, até hoje, confesso ser fã dele. Percebi a forma como ele trabalhava o trompete, voltei a apaixonar-me mais uma vez pelo trompete”.
Mais tarde fundou e dirigiu o Grupo Kwekweti, actuou no Grupo Djambo e criou o Quinteto Chiau que acabou por se transformar no Grupo Chiau, “fomos crescendo em número de integrantes e já não fazia sentido continuar a chamar quinteto” explicou.
Com mais de 50 anos de actividade musical Gabriel Chiau não deixou nenhum disco gravado, na entrevista disse ao @Verdade que nunca o fez: “Porque quando fazemos os nossos trabalhos, há sempre alguém a plagiar e isso dói-nos imenso. Alguém levou a minha música e foi gravar na Europa. Acredito que, até hoje, está a ganhar dinheiro com isso”.
Chiau aludia a sua música “Wena unga yali” que foi recriada sem autorização e tornou célebre no disco Marrabenta Moçambique de Auélio Lebom.
Em 2014 recebeu das mãos do Presidente Armando Guebuza a “Medalha de Mérito Artes e Letras”.
Além de músico Gabriel Chiau foi actor, antes da independência, na película “Deixe-me ao menos subir as palmeiras”, baseado no clássico da literatura moçambicana “Nós matámos o cão tinhoso” de Luís Bernardo Honwana. “Foi o primeiro filme rodado no Ultramar por ultramarinos e que hoje é considerado uma obra de ficção exemplar sobre o colonialismo, numa perspectiva crítica e alegórica.
Nasceu a 15 de Outubro de 1939 no bairro do Chamanculo, na Cidade de Maputo, onde viveu até à data do seu falecimento.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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