Os trabalhos de investigação na Anta do Cabeço da Anta, nas Moitas, no âmbito do Campo Arqueológico de Proença-a-Nova de 2020 (CAPN), prosseguem a bom ritmo, tendo sido descobertos alguns objetos em sílex nesta campanha: uma ponta de flecha e várias lâminas. Estes materiais foram encontrados no interior da câmara funerária e “correspondem à última ocupação como monumento pré-histórico”, explica João Caninas, arqueológo responsável pelo CAPN. De acordo com este especialista, o objetivo desta campanha é “concluir a escavação da câmara funerária e terminar também o desmonte desta trincheira que corta a mamoa desde o centro até à periferia”. Este talude é uma escavação artificial que será usado em diferentes fins – “para datações, para identificação de pólen, caracterização química das argilas, perceber as diferenças entre as várias camadas, pois há camadas que têm durezas diferentes, outras cores, e será possível caracterizar melhor as diferenças entre as várias colocações durante a sua construção”, como revela João Caninas, existindo apenas uma certeza: há uma coerência em toda esta construção, no entanto a construção desta colina artificial tem um valor simbólico que ainda não sabemos qual é”.
A campanha de 2020 contou com a presença no trabalho de campo Hugo Pires (Aplicações de Sistemas de Varrimento Laser e Fotogrametria, Universidade do Porto) e as visitas de Aníbal Costa (Catedrático de Engenharia Civil, Universidade de Aveiro), de Opeyemi Adewumi (geoarqueólogo, Instituto Politécnico de Tomar) e de Primitiva Bueno e Rodrigo Balbín Behrmann (Catedráticos de História e Filosofia, Universidade de Alcalá de Henares) que têm acompanhado as investigações ao longo dos últimos anos e se mostraram impressionados com a evolução dos trabalhos: “há milhares de anos de história por descobrir neste lugar e estamos muito entusiasmados com o avanço dos trabalhos. Teremos certamente dados muito importantes para revelar no Congresso Internacional de Arqueologia do próximo ano”, revelam os dois professores madrilenos.
Este ano, em virtude da epidemia, os trabalhos decorrem entre 22 de junho a 26 de julho com equipa reduzida, constituída maioritariamente por arqueólogos. De referir ainda que em 2019 foram identificadas na câmara as primeiras peças completas, em cerâmica e pedra. Esta sepultura megalítica do Cabeço da Anta é o maior monumento megalítico da Beira Baixa com cerca de 38 metros de diâmetro e 3,5 metros de altura e tem sido alvo de estudo no âmbito do Campo Arqueológico desde 2013, numa parceria da Associação de Estudos do Alto Tejo e do Município de Proença-a-Nova. Além dos objetivos de investigação multidisciplinar deste sítio arqueológico, o CAPN tem funcionado como escola de prática de arqueologia de alunos portugueses e estrangeiros.
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