domingo, 8 de novembro de 2020

Esquerdas se articulam e contra-atacam nas Américas

 

No dia 18 de outubro, uma multidão anarquista profanou e incendiou com satânico frenesi a igreja de São Francisco de Borja no centro de Santiago do Chile. Com vandalismo destruidor, mais uma igreja foi atacada no mesmo dia.

  • Luis Dufaur

“Aoposição achou o método da demonização absoluta, ao dizer que iríamos nos tornar como a Venezuela”, disse o presidente argentino Alberto Fernández, lamentando o imenso erro cometido ao tentar expropriar Vicentín, a multinacional argentina do agronegócio. Em seguida recordou uma frase do Papa Francisco, a quem deve a sua eleição: “O caminho do ódio não conduz a parte alguma”. Atribuiu esse ódio ao povo e inocentou o seu partido. Pouco depois voltou à carga contra as propriedades e contra os bolsos dos particulares.

O nosso continente quer ver-se muito longe da onda revolucionária populista, mas Fernández pretende encarnar um novo estilo no contra-ataque empreendido por ela. Qual a característica principal desse contra-ataque? Ao que tudo indica, consiste em usar uma máscara de moderado. Ungido pelo Papa Francisco, ele finge um esquerdismo mitigado. Deixa o trabalho sujo e antipopular à sua vice-presidente Cristina Kirchner, que vai restituindo o poder aos agentes populistas. A deputada espanhola Cayetana Álvarez de Toledo, que possui nacionalidade argentina, alertou: “Eu também digo aos argentinos: ‘abram os olhos’. Há um presidente na Argentina que não é presidente. O poder está com Cristina Kirchner; quer dizer, o populismo e o autoritarismo. Ela procura vingança pessoal e impunidade” (“La Nación”, 25-9-20).

Mas as diatribes mais tresloucadas proveem do agitador Juan Grabois, o queridinho do Papa Francisco, assessor ad-honorem do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. Grabois odeia os agropecuaristas, a quem qualifica de “parasitas que vivem da renda extraordinária da terra de todos”. Lidera invasões de propriedades e prega a necessidade de uma radical reforma agrária (“Perfil”, 6-3-20). Esse agitador platino tem no Brasil um ‘irmão de luta de classes’ em Guilherme Boulos, líder invasor de propriedades, que se ufana de ter sido preso diversas vezes. Hoje ele é candidato à prefeitura de São Paulo pelo PSOL, com objetivos ecológico-comunistas.

Fernández diz ter combinado com Lula a restauração da esquerda no continente. Tirar Lula da cadeia, no Brasil, foi um de seus objetivos antes de ser eleito presidente argentino.

Argentinos reagem em grandes manifestações

Em consequência dos “buzinaços”, “caçarolaços” e “bandeiraços”, o governo argentino está perdendo o domínio das ruas, e começa a atropelar para seguir adiante.

Cristina Kirchner interfere no Judiciário para tirar seus colegas ideológicos do cárcere; e também se livrar, ela própria, de graves processos de corrupção. Alguns recuperaram grandes posses, e o mais famoso ‘laranja’, que tentou voltar da prisão a um condomínio de luxo, fugiu com seu carro apedrejado pelos moradores.

Unânimes protestos denunciam a investida contra a Vicentín e a libertação de prisioneiros célebres pela corrupção. Assumem a defesa da liberdade de expressão, do direito de propriedade privada, da independência do Judiciário e contra a China comunista, entre muitos outros motivos. Generaliza-se a impressão de que a pandemia está sendo explorada para fazer uma ‘infectadura’ — ditadura ideológica de esquerda. Houve “panelaços” até em bairros de Buenos Aires sem nenhuma ligação com o meio rural, grandes carreatas nas cidades e uma avalanche de críticas nas redes sociais. Creia-se ou não, até a grande mídia vem se afastando do poder.

Fernández reagiu com petulância contra a indignação popular, mas a opinião pública entendeu que o confisco de uma empresa gigante como a Vicentín precederia ofensivas gerais contra a propriedade privada de pequenas e médias empresas comerciais e industriais, e também contra patrimônios familiares ou pessoais. No fim, o presidente fez humilhante pedido de desculpas: “Não sou um doido varrido, não trago comigo uma caderneta com ordens de expropriações. Pensei que iriam festejar. Errei. Começaram a me acusar de coisas horríveis. Dizem que sou um chavista, que só quero expropriar”, afirmou à rádio esquerdista “La Patriada”.

São incontáveis os rumorosos e coloridos “buzinaços”, “caçarolaços”, bloqueios de estradas contra os anúncios do governo. O público conservador parecia não ter consciência de quão numerosos são os argentinos que estão protestando. Tão logo se deu conta disso, marchou para os prédios simbólicos e históricos, avenidas, estradas, monumentos. Uma maré de manifestantes envolveu durante horas a Casa Rosada e a residência presidencial, chegando a assustar o governo populista.

A vice-presidente tem ordem de prisão confirmada pela Corte Suprema, por isso tentou um imenso trambique rotulado de “reforma do Judiciário”, visando redistribuir cerca de 1.300 juízes a fim de se livrar dos magistrados que a processam por um gigantesco caso de corrupção. Mas um imenso ‘banderaço’ tomou conta da Argentina, especialmente diante da Corte Suprema de Justiça em Buenos Aires (equivalente ao nosso STF), conseguindo anular o golpe judiciário kirchnerista.

No dia 17 de outubro o governo organizou um ‘contra-banderaço’, com pífia adesão popular. Para dar a impressão de grande apoio, divulgou foto mostrando uma colossal manifestação. Mas a foto era da manifestação anterior, ou seja, da oposição! A fraude era tão evidente, que até se esqueceram de remover da foto o boneco inflável de Cristina Kirchner com roupas de prisioneira.

O comentário geral é que o governo está perdendo o domínio das ruas, e começa a atropelar para seguir adiante.

Invasões de propriedades particulares

Propriedades urbanas e rurais vêm sendo invadidas, com garantias fornecidas por juízes ideologizados, usando slogans ditados pelo Papa Francisco aos ‘movimentos sociais’. Em Guernica, periferia de Buenos Aires, uma área de mais de 100 hectares foi invadida por 2.000 pessoas, com táticas do MST brasileiro. Na turística Villa Mascardi, colada a um lago patagônico, supostos indígenas mapuches invadiram e devastaram uma bela área repleta de residências particulares, do Exército e da diocese local. Chegaram encapuçados, em caminhonetes do Instituto Nacional de Assuntos Indígenas (equivalente à FUNAI, no Brasil) e carros com placas chilenas, e começaram a derrubar árvores centenárias sobre as casas, incendiando-as em seguida. Praticaram mais de 100 assaltos, agressões, ameaças. Num auge de perversidade, fecharam a única estrada que serve à cidade vizinha. Os moradores removeram o bloqueio, mas foram indiciados por um juiz cúmplice dos promotores das violências. A iníqua decisão foi anulada por tribunal superior, mas ficou criada uma área de tensão social (“Clarín”, 8-10-20). Em sua propriedade, uma família foi sitiada pelos “indígenas”. Em Buenos Aires, pequenos proprietários defenderam-se, usando armas de fogo contra os invasores.

A impunidade do crime e os atropelos ideológicos descolaram o governo até dos setores que nele votaram. Mas esse neochavismo parece aguardar que o contra-ataque esquerdista cresça em países vizinhos e em outros que possam influenciar a Argentina. Notadamente, torcem por transformações no Brasil, e também por uma derrota do presidente Trump nas eleições presidenciais americanas.

A Bolívia no rumo chavista

Luis Arce (dir.), presidente eleito da Bolívia, passará a servir Evo Morales na presidência, da mesma forma como Alberto Fernández serve a Cristina Kirchner na Argentina

Evo Morales é procurado pelo Ministério Público boliviano por sedição, terrorismo, crimes contra a saúde e genocídio (“Le Monde”, 18-12-19 e 11-8-20). Atualmente foragido na Argentina, recebeu de Fernández recursos para eleger presidente da Bolívia o economista Luis Arce. Tendo sido eleito, Arce passará a servir Morales na presidência, da mesma forma como Fernández serve a Cristina Kirchner.

Bloqueios de estradas promovidos pelo MAS (partido de Evo Morales) são responsabilizados pela morte, em apenas uma semana, de 31 doentes de covid-19, por falta de oxigênio. A presidente da Bolívia, Jeanine Áñez, denunciou na ONU o governo de Buenos Aires por amparar uma conspiração “violenta” e exercer “um assédio sistemático e abusivo contra as instituições e valores” de seu país (“La Nación”, 24-9-20).

Diabólica ofensiva bolivariana no Chile

Esquerdistas ateiam fogo dentro da igreja de São Francisco de Borja, usada para cerimônias pelos Carabineros (corpo de polícia), em Santiago do Chile

No dia 18 de outubro, uma multidão anarquista profanou e incendiou com satânico frenesi duas igrejas históricas do centro de Santiago do Chile. Com vandalismo destruidor, pressionou a opinião pública chilena a aprovar o plebiscito, a fim de garantir a reforma da Constituição em sentido igualitário, ecológico e anárquico. Aprovação que de fato ocorreu, pois, no dia 25 de outubro, por 78,27% ele foi aprovado. Atingindo os votos contrários a apenas 21,73%.

No dia seguinte, Juan Antonio Montes Varas,[1] diretor de “Credo” e colaborador de Catolicismo, visitou as igrejas profanadas. Eis o seu relato:

“O que vi em muros que permaneceram de pé eram grosserias, obscenidades e até uma consagração a Lúcifer, escrita em mau latim e identificada com o número 666: ‘In nomine de nostre Satanas Lucifer excelsi’. Num altar de uma das igrejas incendiadas, outro grafite alusivo a Nosso Senhor Jesus Cristo: ‘Muerte al Nazareno’. Sobre o plebiscito os anarquistas grafitaram numa parede: ‘Satã aprova’. Tudo isso misturado com ataques ao clero, à polícia, e um apelo à ‘libertação animal’. Entre as cinzas, os restos de uma imagem da Via Sacra, queimados e pichados, correspondiam a uma nova Paixão de Jesus Cristo.

“Esses incendiários são porta-bandeiras da ‘fraternidade’. Como é possível, num país de possantes tradições católicas, tantas pessoas participarem dessa orgia satânica? Como aceitar, de acordo com a recente encíclica do Papa Francisco, que somos ‘todos irmãos’?

“O espírito de rebelião, que ali se manifestava, cresceu juntamente com o abandono da Fé, em troca de ‘mais igualdade e mais fraternidade’. Ao voltar para casa, com o cheiro da fuligem impregnando minhas roupas, parecia-me ouvir o grito desesperado, blasfemo e eterno do demônio contra Deus. Somos todos irmãos?!”…

ABIM


[1]) https://www.aldomariavalli.it/2020/10/21/cile-quelle-profanazioni-che-nascono-dallideologia-delluguaglianza-assoluta/

Nenhum comentário:

Postar um comentário