De 18 a 22 de agosto, a Praia da Tocha enche-se de música, exposições, instalações, conversas e oficinas, num exercício de consciencialização ambiental através da arte. A expressão “andar à catraia" significa na gíria da região da Gândara o “ato de caminhar à beira-mar em busca de materiais trazidos pelo mar com o fim de os reutilizar” (in Glossário de Termos Gandareses de Idalécio Cação), uma prática que no passado servia as necessidades da população, mas que, com o desenvolvimento social, económico e industrial das últimas décadas, caiu em desuso. O resultado tem sido uma costa cada vez mais repleta de lixo marinho.
O projeto CATRAIA surge, assim, em 2019, da emergência de criar uma nova geração de gente que “anda à catraia”, nomeadamente através da arte e da ação em comunidade, tendo como objetivos criar reflexão sobre os modelos de consumo da sociedade atual, celebrar a cultura da região e trabalhar em conjunto para construir um futuro mais sustentável e solidário.
Com organização a cargo da Associação de Moradores na Praia da Tocha, esta iniciativa, que no concelho de Cantanhede já vai na terceira edição, conta ainda com o apoio da Junta de Freguesia da Tocha e da Câmara Municipal de Cantanhede e pretende através destas ações unir gerações durante uma semana repleta de atividades ajustadas, naturalmente, ao contexto pandémico que se vive.
Arte urbana, exposições e instalações interagem com a localidade, assim como a feira de artesanato e os conhecidos Jogos do Helder. Por outro lado, os Sea Groove & The Ocean Travellers, Bia Maria, Vénus Matina, Eduardo Martins e The Social Distancing Band trazem música aos finais de tarde.
Por outro lado, o projeto Terra Educa, uma aula de yoga e uma oficina de instrumentos reciclados prometem entreter os mais catraios. Já os mais graúdos poderão encontrar oficinas de joalharia “upcycling”, detergentes “handmade” e cozinha macrobiótica, assim como desportos de mar apoiados pelas escolas locais Ticket2Surf e Associação de Bodyboard dos Palheiros da Tocha. Também haverá lugar para stand up comedy, contando para o efeito a participação de Afonso Paiva, para além de sessões de cinema ao ar livre, destacando-se o documentário “Wasted Waste” do realizador português Pedro Serra e “The Plastic Hike” de Andreas Noe (“The Trash Traveller”). Os momentos de conversa refletem a vontade de dar voz à comunidade, contando com a bióloga Filipa Bessa para expor a problemática do lixo marinho e elementos do Instituto Nacional de Conservação da Natureza para debater junto de entidades locais a gestão das florestas.
Em jeito de celebração do centenário do escritor Carlos de Oliveira, cuja obra viajou pela
paisagem gandaresa, o evento conclui-se com a tertúlia “Estórias e Escritores da Gândara” com os convidados Manuel Ribeiro, António Canteiro, Silvério Manata e Alves André.
Recorde-se que, para segurança de todos, as sessões são limitadas aos lugares disponíveis e os workshops carecem de inscrição prévia, assim como é exigido o cumprimento das normas da Direção Geral da Saúde.
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