O “Brasil profundo” se sente agredido pelo “Brasil de superfície”. O risco do divórcio entre a Nação e o Estado
- Frederico Viotti
“Tem que fechar essa ‘imundice’ desses comunistas! Não quero usar banheiro homem com mulher, que todo o mundo use o mesmo banheiro, de jeito nenhum. Sou contra isso. Não aceito.”1 Com essas palavras, uma senhora saiu de um restaurante fast-food em Bauru, indignada por ver a promoção de uma das bandeiras igualitárias comunistas em uma rede capitalista.
Alguns dias antes, um importante jogador de vôlei havia perdido o emprego por ter, segundo a grande imprensa, publicado “comentários homofóbicos” em suas redes sociais.
Tratava-se de Maurício Souza [foto], jogador do Minas Tênis Clube e da seleção brasileira de vôlei, que não havia gostado da decisão da editora “DC Comics” de transformar o Super-Homem (um de seus personagens de desenho animado) em “bissexual”.
Quais foram os comentários que custaram sua carreira? Disse ele: “Hoje em dia o certo é errado, e o errado é certo… Não se depender de mim. Se tem que escolher um lado, eu fico do lado que eu acho certo! Fico com minhas crenças, valores e ideias. ‘Ah, é só um desenho, não é nada demais’. Vai nessa que vai ver onde vamos parar”.
Para o “Brasil de superfície” — esse País que Plinio Corrêa de Oliveira chamava do País da grande imprensa, cosmopolitizado, distante do Brasil real em que a grande maioria das pessoas vive — os comentários de Maurício Souza não poderiam ser tolerados…
Nunca se falou tanto de “tolerância”, de “não discriminação”. Entretanto, para com o Brasil profundo, conservador, ou para qualquer pessoa que ouse defender a família como Deus a constituiu, não há tolerância, mas sim discriminação.
Apenas mais uma das inúmeras contradições desse Brasil de superfície, minoritário, mas que se tenta impor sobre o Brasil profundo, da grande maioria. A consequência? De 250 mil seguidores na Rede Social onde havia feito o comentário considerado “homofóbico”, Maurício Souza está hoje com 2,7 milhões2…
Na história desta Terra de Santa Cruz, a perseguição ao pensamento conservador nunca foi tão explícita e, ao mesmo tempo, tão contraditória. Tolera-se tudo, menos a defesa da Moral Católica.
Neste último Natal, por exemplo, o grupo “humorístico” “Porta dos Fundos” fez mais um “especial de Natal” escarnecendo da Fé da enorme maioria dos brasileiros. Se fizessem piadas contra o Islã ou contra a “cultura afro”, estariam presos. Como é contra Nosso Senhor Jesus Cristo, são defendidos e elogiados.
Se algo sobressaiu no Brasil neste ano foi essa crescente separação entre o Brasil de superfície e o Brasil profundo
Isso se viu de forma muito evidente nas enormes manifestações de 7 de setembro último, marcadas pelo seu caráter ordeiro e pacífico. Naquela ocasião, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira lançou um manifesto, distribuído por seus voluntários nas principais cidades do Brasil, recordando o risco desse divórcio entre o país de superfície e o Brasil real.
Aumenta a cada dia os brasileiros que começam a não se sentirem representados pelo sistema político atual, pelas novelas, pelos filmes, pelos telejornais, pelas reiteradas decisões judiciais que os deixam desamparados.
Neste ano de 2022, ainda há o risco da volta ao Poder de uma corrente política de esquerda, de uma seita vermelha que durante 13 anos tentou silenciar o Brasil profundo.
Se essas correntes de esquerda alcançarem seus sinistros objetivos de reconquistar o Poder, cumprir-se-ia o sombrio prognóstico feito por Plinio Corrêa de Oliveira [foto] em 1987, durante os debates da nova Constituição, ao alertar que era preciso respeitar os desejos profundos do brasileiro médio. “Se tal não ocorrer — afirmava —, convém insistir em que o divórcio entre o País legal e o País real será inevitável. Criar-se-á então uma daquelas situações históricas dramáticas, nas quais a massa da Nação sai de dentro do Estado, e o Estado vive (se é que para ele isto é viver) vazio de conteúdo autenticamente nacional. […] É de encontro a todas essas incertezas e riscos que estará exposto a naufragar o Estado brasileiro, desde que a Nação se constitua mansamente, jeitosamente, irremediavelmente à margem de um edifício legal no qual o povo não reconheça qualquer identidade consigo mesmo. Que será então do Estado? Como um barco fendido, ele se deixará penetrar pelas águas e se fragmentará em destroços. O que possa acontecer com estes é imprevisível”.
Mas os fatos que se passaram no fast-food de Bauru, bem como o crescimento exponencial de seguidores do jogador Maurício Souza, mostram que o Brasil verdadeiro, a Terra de Santa Cruz, não está se deixando intimidar pelas perseguições sofridas.
O ano de 2022 promete ainda mais enfrentamentos. Devemos fazer a nossa parte e confiar na intercessão de Nossa Senhora Aparecida, para que Ela proteja o País do qual é Rainha, e inspire os brasileiros a defender a Pátria pela qual eles saíram às ruas dizendo “eu quero o meu Brasil de volta”.
ABIM
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Notas:
- “A Tarde” (UOL, 12-11-21).
- https://www.instagram.com/mauriciosouza17/
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