Em dias de tempestade como nos podemos proteger dos perigosos raios que caem do céu? Esta pergunta assombrou a humanidade durante séculos. E, enquanto não tínhamos respostas, a magia e o misticismo apoderaram-se destes fenómenos. Até que, no século XVIII, o norte-americano Benjamin Franklin (1706-1790) inventou o famoso pára-raios. Isto ocorreu após Franklin descodificar que os raios são um fenómeno de natureza elétrica. A engenhosa solução é ainda hoje utilizada para proteger edifícios e outras estruturas. Infelizmente o pára-raios tem uma limitação: protege apenas uma área pequena.
Assim, os cientistas tentam desenvolver novas ideias para proteger áreas mais abrangentes. Uma solução inovadora consiste em emitir um poderoso laser que capte os raios. E no Verão de 2021, na Suíça, uma equipa de cientistas liderada por Aurélien Houard conseguiu demonstrar de forma inequívoca que um raio natural foi desviado por um laser ao longo de mais de 50 metros. A salientar que não se trata de um laser qualquer. Esta tecnologia foi, aliás, premiada em 2018. Nesse ano o Prémio Nobel da Física foi dividido entre o norte-americano Arthur Ashkin, o francês Gérad Mourou e a canadiana Donna Strickland. Foram estes dois últimos que desenvolveram novas formas de produzir impulsos de laser de alta intensidade e muito curtos. Na data de atribuição do Nobel a academia designou estas invenções de “revolucionárias no campo da física dos lasers”. E volvidos alguns anos aqui está mais uma experiência de sucesso. O objectivo é proteger estruturas maiores como aeroportos, por exemplo. Serão necessários, como sempre, mais testes, mas se daqui a uns anos observar um pára-raios a laser não fique surpreendido. É só a ciência a contribuir, mais uma vez, para a nossa segurança.
Luís Monteiro (Médico)
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