O PSD acusa o Governo de "atuar à margem da lei", depois de este ter recusado enviar os documentos solicitados na comissão de inquérito relativos ao despedimento da presidente executiva da TAP. Os social-democratas pediram para esta quarta-feira uma reunião urgente da comissão de inquérito.
No âmbito da comissão de inquérito à TAP, o PSD tinha pedido às tutelas que esclarecessem se o despedimento da presidente executiva da companhia aérea foi ou não sustentado por um parecer jurídico.
Os gabinetes de Fernando Medina e de João Galamba responderam na terça-feira ao pedido do PSD, alegando que as informações solicitadas não são abrangidas pelo objeto da comissão de inquérito, nem pelo período em análise entre 2020 e 2022.
No documento, ao qual a RTP teve acesso, o Governo refere que "a Resolução da Assembleia da República n.º 7/2023, de 14 de fevereiro, foi aprovada no dia 3 de fevereiro de 2023 para constituição de uma comissão de inquérito à tutela política da gestão da TAP SGPS e da TAP SA. Nos seus termos, foi delimitado o respetivo objeto (cfr. alíneas a) a g) da referida resolução) e, bem assim, o horizonte temporal (período entre 2020 e 2022)".
“Extravasando o aludido objeto da comissão parlamentar de inquérito e/ou reportando-se a factos posteriores à respetiva constituição, as informações requeridas não recaem no escopo do disposto no artigo 13.º da Lei n.º 5/93, de 1 de março, na sua redação atual”, responde o Executivo.A resposta do Governo não agradou aos social-democratas, que acusam os gabinetes de Fernando Medina e de João Galamba de “atuar à margem da lei”.
"Acontece que fomos surpreendidos, imensamente surpreendidos, aliás, estupefactos com o facto de não nos ter sido remetida esta informação, onde imediatamente resulta claro que os senhores ministros não só iludiram os portugueses quanto à propalada segurança jurídica da sua decisão, como também se conclui que estes mesmos ministros atuam à margem da lei", disse o coordenador do PSD na comissão de inquérito à TAP, Paulo Moniz, em declarações à agência Lusa.
O deputado afirma que “não cabe ao Governo avaliar da necessidade e da oportunidade da documentação” que é pedida pelos deputados e acusa o Executivo de “esconder documentos da comissão parlamentar de inquérito em claro desrespeito pelo próprio regime jurídico dos inquéritos parlamentares e pelos poderes da própria Assembleia da República".
Os social-democratas pediram, por isso, uma reunião urgente da comissão de inquérito para esta quarta-feira, tendo em vista “deliberar e tomar uma posição sobre uma resposta desta natureza ao arrepio da lei”.
"Ministros terão iludido os portugueses"
Em comunicado, o grupo parlamentar do maior partido da oposição insiste que é "gravíssima a resposta concertada por parte do Governo num manifesto atropelo da lei e dos poderes da Assembleia da República".
"Face aos factos até hoje apurados, era legítimo pensar que Fernando Medina e João Galamba não tivessem tido qualquer respaldo jurídico no despedimento por justa causa da CEO da TAP, arriscando o pagamento de uma indemnização milionária a Christine OW", lê-se no texto.
"Face à resposta conhecida esta terça-feira, resulta claro não só que os ministros terão iludido os portugueses quanto à segurança jurídica da sua decisão de despedir a CEO da TAP por justa causa, como se conclui que os mesmos atuam à margem da lei, nomeadamente ao esconder, deliberadamente, documentos da Comissão Parlamentar de Inquérito, em claro desrespeito pelo Regime Jurídico dos Inquéritos Parlamentares e pelos poderes da Assembleia da República", acentuam os deputados do PSD.
A comissão vai ouvir esta quarta-feira o presidente da Comissão de Vencimentos da TAP, Tiago Aires Mateus.
RTP/Lusa
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