domingo, 3 de janeiro de 2016

O QUE É O ARIANISMO?

Pergunta: "O que é o Arianismo?"


Resposta: O Arianismo vem de Arius, ou Ário, um professor do início do século 4 D.C. Um dos assuntos mais antigos e provavelmente mais importante a ser debatido entre os cristãos da antiguidade foi a questão da divindade de Cristo. Era Jesus verdadeiramente Deus em carne ou era Jesus um ser criado? Era Jesus Deus ou apenas como Deus? Arius defendia a ideia de que Jesus foi criado por Deus como o primeiro e mais importante acto da Criação. O Arianismo, então, é a crença de que Jesus era um ser criado com atributos divinos, mas não era divindade em Si mesmo.

O Arianismo engana-se ao interpretar referências sobre Jesus estando cansado (João 4:6) e Jesus não sabendo a data do Seu retorno (Mateus 24:36). Sim, é difícil compreender como Jesus poderia estar cansado e/ou não saber algo, mas dizer que Jesus era um ser criado não é a resposta. Por favor leia o nosso artigo sobre a união hipostática para uma explicação sobre esses assuntos. Jesus era completamente Deus, mas também era completamente humano. Jesus não se tornou um ser humano até a sua encarnação. Portanto, as limitações de Jesus como um ser humano não têm nenhum impacto em sua natureza ou eternidade divina.

A segunda má interpretação do Arianismo é o significado de “primogénito” (Romanos 8:29; Colossenses 1:15-20). Os arianos interpretam “primogénito” nesses versículos como se dissessem que Jesus “nasceu” ou foi “criado” como o primeiro ato de Criação. Esse não é o caso. Jesus mesmo proclamou a sua auto-existência e eternidade (João 8:58; 10:30). João 1:1-2 nos diz que Jesus “estava com Deus”. Nos tempos bíblicos, o filho primogénito de uma família ocupava uma posição de grande honra (Génesis 49:3; Êxodo 11:5; 34:19; Números 3:40; Salmos 89:27; Jeremias 31:9). É neste sentido que Jesus é o primogénito de Deus. Jesus é o membro preeminente da família de Deus. Jesus é o ungido, o “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6). Jesus não “nasceu”, na verdade, Ele se tornou o Senhor sobre toda a criação como o “primogénito” de Deus.

Depois de mais ou menos um século de debates em vários conselhos da igreja primitiva, a Igreja Cristã oficialmente denunciou o Arianismo como uma doutrina falsa. Desde então, o Arianismo nunca mais foi aceito como uma doutrina viável da fé Cristã. No entanto, o Arianismo nunca morreu, mas tem continuado pelos séculos de várias formas diferentes. As Testemunhas de Jeová de hoje defendem uma posição parecida com a dos arianos em relação à natureza de Cristo. Assim como a igreja primitiva, precisamos renegar quais ataques na divindade do nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.

Arianismo

O Arianismo é uma heresia cristã fundada no século IV por Ario, um presbítero de Alexandria, no Egipto. A sua doutrina baseava-se essencialmente no princípio da negação de Cristo como divindade. Ario e Eusébio de Cesareia procuravam uma razão que explicasse a Santíssima Trindade, e para diferenciar Deus (Pai) e Cristo (Filho) decidiram negar a este a sua divindade. Para os arianos, Cristo não é mais do que a primeira das criaturas, um mero instrumento de Deus. Mas para desenvolverem tal teoria, os arianos basearam-se em fórmulas ortodoxas.
Os arianos surgiram da ambiguidade teológica que marcou os séculos II e III. A teologia anterior ao Concílio de Niceia, em 325, que condenou o arianismo, não criara uma terminologia cristã adequada e suficientemente explicativa. A tradição delineava a unidade de Deus e a divindade do Verbo, mas ocultava os elementos adequados para a interrogação e explicação do dogma. Nesse mesmo Concílio Ecuménico de Niceia, em que participaram 318 bispos, esta heresia foi duramente condenada, facto que não impediu, no entanto, a sua expansão pelo Império do Oriente. O imperador Constâncio II (337-361), o sucessor de Constantino, apoiou a causa ariana. No Concílio de Sárdica (343), depois da morte de Constantino II, o Credo de Niceia foi de novo proclamado. Perante esta confirmação, o arianismo entrou em declínio.
Teodósio, em 380, publicou um édito em prol da Fé cristã e perseguiu o arianismo afincadamente. No ano seguinte, no Concílio de Constantinopla, condenou o arianismo, o que, no entanto, não bastou para colocar entraves à expansão da heresia pelos povos germânicos, em virtude da evangelização levada a efeito pelo ariano Wulfila, que a espalhou entre os Godos.
Ostrogodos, Visigodos e Burgúndios, os principais povos góticos, acabariam por introduzir o arianismo no Ocidente aquando da destruição do Império Romano provocada pelas suas invasões. Perseguidores da ortodoxia cristã, cedo se converteram ao cristianismo romano, ao contrário dos Francos, que se mantiveram pagãos por mais algum tempo, acabando no entanto por se converter à fé cristã. O arianismo, todavia, sobreviveu até aos finais do século VII, principalmente entre os Lombardos.
O arianismo e o concílio de Nicéia
10,nov,2009 por Georges Nogueira 


O Concílio de Nicéia

O século quarto deu início ao período em que a Igreja começou a delinear a manifestação de sua crença, tal como é até os dias de hoje. Este processo se deu através da superação de várias divergências teológicas. Nos séculos anteriores, como já dissemos aqui, Jesus Cristo era o assunto fundamental do pensamento da Igreja, como deveria ter sido sempre.
Com a ascensão de Constantino, que como também já dissemos decidiu se “apropriar” do cristianismo, sustentando seus templos e seus bispos financeiramente, em troca de interferir nas decisões da recém criada Igreja Católica, o palco estava pronto para uma série de conflitos teológicos que duraria do quarto até o oitavo século.
A primeira destas grandes controvérsias se deu em torno da doutrina da Trindade. As discussões concernentes à natureza de Cristo tomavam corpo nas Igrejas do mundo todo, particularmente nas do oriente, que influenciadas pela cultura grega possuíam um interesse profundo pelas questões doutrinárias.
Ainda no princípio deste século quarto, o Presbítero Ário de Alexandria criou uma teoria segundo a qual Jesus Cristo não era nem homem nem Deus, mas um ser intermediário que era superior aos homens e inferior ao Deus Pai. Desta forma, Cristo não poderia ser eterno, já que tendo sido gerado pelo Pai em uma época determinada havia existido um tempo em que Jesus não existia. Ao mesmo tempo afirmava que Deus seria um grande e eterno mistério, oculto em si mesmo, e que nenhuma criatura conseguiria revelá-lo, visto que Ele não pode revelar a si mesmo. Com esta linha de pensamento, o historiador H. M. Gwatkin afirmou em seu livro The Arian Controversy (A Disputa Ariana): “O Deus de Ário é um Deus desconhecido, cujo ser se acha oculto em eterno mistério.
O arianismo enveredou pelo caminho do engano ao interpretar erroneamente algumas passagens bíblicas que demonstravam as qualidades humanas de Jesus, como o cansaço (Jo 4.6) e também por não conseguir compreender a relação triuna do Deus Filho Jesus com o Deus Pai, como quando Ele alega não saber a data de seu retorno (Mt 24.36).
Jesus era completamente Deus, mas Ele também era completamente humano. Jesus não se tornou um ser humano até a sua encarnação. Portanto, as limitações de Jesus como um ser humano não têm nenhum impacto em sua natureza divina ou em sua existência eterna. Outro erro grave de sua interpretação bíblica está no significado que dava ao termo “primogénito” (Rm 8.29, Cl 1.15-20).
A interpretação dos arianos para o termo primogénito nestes versículos defende que este termo tinha o mesmo significado de quando trata dos primogénitos humanos. Desta forma, acreditavam que Jesus “nasceu” ou foi “criado” como o primeiro ato de Criação. Contudo, a expressão utilizada aqui serve como a antropopatia que também é largamente utilizada nas Escrituras: serve para dar a uma realidade espiritual um sentido que o homem possa compreender. Jesus mesmo proclamou sua auto-existência e sua eternidade (Jo 8:58, 10:30). A Bíblia nos diz que Jesus “estava com Deus” (Jo 1.1-2). O filho primogénito de uma família ocupava nos tempos bíblicos uma posição de grande honra e destaque, e seria o sucessor e herdeiro dos bens e da autoridade familiar de seu pai. (Gn 49.3, Êx 11.5, 34.19, Nm 3.40, Sl 89.27, Jr 31.9). Assim também é que Jesus é o primogénito de Deus. Jesus é o membro mais honrado e destacado da família de Deus. Jesus é o ungido, o “Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” (Isaías 9:6). O arianismo teve muita força entre os visigodos espanhóis. O rei Leovigildo mandou executar o próprio filho, Hermenegildo, por este ter negado sua fé ariana.
O Concílio de Níceia
Para resolver a controvérsia entre Alexandre e Ário, Constantino, então auto-proclamado “patrono da igreja” convocou este que foi o primeiro Concílio Geral da Igreja, realizado na cidade de Nicéia na Ásia Menor e que reuniu 318 bispos por um período de três meses, no ano de 325.
Este concílio teve claras duas posições diametralmente opostas: Segundo Ário, presbítero de Alexandria, somente Deus Pai seria eterno não gerado. O Logos, o Cristo preexistente, seria mera criatura. Criado a partir do nada, nem sempre existiria. O Cristo existiria num tempo anterior à nossa existência temporal, mas não era eterno. Em oposição a Ário se colocaram Alexandre e Atanásio que afirmava que o Logos era eterno e era o próprio Deus que apareceu em Jesus. Segundo sua brilhante defesa da trindade:
“Deus é Pai apenas porque é o Pai do Filho. Assim o Filho não teria tido começo e o Pai estaria com o Filho eternamente. Portanto, o Filho seria o filho eterno do Pai, e o Pai, o Pai eterno do Filho.”
Atanásio acabou por conseguir uma grande vitória neste concílio que terminou por declarar a divindade de Cristo, que, conforme concluiu o Concílio, “era da mesma substância do Pai”.
Uma característica marcante deste concílio foi a de que a maioria de seus bispos eram pastores, e não teólogos. Esta característica acabou por ajudar na defesa de Atanásio, que apelou para a fé dos bispos ali reunidos, fé esta que era resultado de sua experiência cristã. Ao final do concílio, a cristologia equivocada de Ário foi rejeitada em Nicéia. O seguinte credo da Igreja surgiu deste concílio:
“um só Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus; gerado do pai, unigénito da essência do Pai, Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado não feito, consubstancial com o Pai, por quem todas as coisas foram feitas no céu e na terra; o qual, por nós homens e pela nossa salvação desceu do céu e encarnou e foi feito homem todos os que dizem que houve um tempo que ele não existiu, ou que não existiu antes de ser feito, e que foi feito do nada ou de alguma outra substância ou coisa, ou que o Filho de Deus é criado ou mutável, ou alterável, são condenados pela Igreja”.

Contra-Reforma: Do Arianismo até o Nestorianismo
sábado, 15 de março de 2008
Elias, O Profeta
Arianismo (Séc. IV) Uma das maiores heresias que a Igreja teve que confrontar foi o Arianismo. Arius ensinava que Cristo não era Deus e sim uma criatura feita por Deus. Ao disfarçar sua heresia usando uma terminologia ortodoxa ou semi´ortodoxa, ele foi capaz de semear grande confusão na Igreja, conquistando o apoio de muitos Bispos e a rejeição de alguns. O Arianismo foi solenemente condenado no ano 325 pelo Primeiro Concílio de Nicéia, o qual definiu a divindade de Cristo e no ano 381 pelo Primeiro Concílio de Constantinopla, o qual definiu a divindade do Espírito Santo. Esses dois Concílios deram origem ao Credo Niceno que os Católicos recitam nas Missas Dominicais. Os ´Testemunhas de Jeová´ têm esta crença, assim como os Unitarianos.

Pelagianismo (Séc. V) Pelagius, um monge gaulês deu início a essa heresia que carrega seu nome. Ele negava que nós herdamos o pecado de Adão e alegava que nos tornamos pessoalmente pecadores apenas porque nascemos em solidariedade com uma comunidade pecadora a qual nos dá maus exemplos. Da mesma forma, ele negava que herdamos a santidade ou justiça como resultado da morte de Cristo na cruz e dizia que nos tornamos pessoalmente justos através da instrução e imitação da comunidade cristã, seguindo o exemplo de Cristo. Pelagius declarava que o homem nasce moralmente neutro e pode chegar ao céu por seus próprios esforços. De acordo com ele, a graça de Deus não é verdadeiramente necessária, mas apenas facilita uma difícil tarefa. · É uma visão que ainda hoje encontramos na Teologia da Libertação, por exemplo: o que importa é o esforço do homem, a graça de Deus é bem vinda mas não é necessária, etc. É por isso que os TL dão tanto valor à ´auto´estima´, nome chique para o pecado do Orgulho: para eles é importante amar A SI sobre todas as coisas, pois a salvação (ou a utopia socialista, no caso...) viria apenas através do esforço do homem. 

Nestorianismo (Séc. V) Essa heresia sobre a pessoa de Cristo foi iniciada por Nestorius, bispo de Constantinopla que negava a Maria o título de Theotokos (literalmente ´Mãe de Deus´). Nestorius alegava que Maria deu origem apenas à pessoa humana de Cristo em seu útero e chegou a propor como alternativa o título Christotokos (´Mãe de Cristo´). Os teólogos Católicos ortodoxos imediatamente reconheceram que a teoria de Nestorius dividia Cristo em duas pessoas distintas (uma humana e outra divina, unidos por uma espécie de ´elo perdido´), sendo que apenas uma estava no útero de Maria. A Igreja reagiu no ano 431 com o Concílio de Éfeso, definindo que Maria realmente é Mãe de Deus, não no sentido de que ela seja anterior a Deus ou seja a fonte de Deus, mas no sentido de que a Pessoa que ela carregou em seu útero era de fato o Deus Encarnado. · Creio que todo mundo já identificou o protestantismo pentecostal neste heresia, não? Bom, isso na verdade é, no protestantismo, apenas uma maneira a mais de menosprezar a Encarnação. Note´se que S. João escreveu seu Evangelho em resposta aos gnósticos,  e fez questão de comecálo pela Encarnação.

Isto ocorre porque a base gnóstica do protestantismo (e tbm, de uma certa maneira, do nestorianismo) recusa´se a admitir que Nosso Senhor tenha realmente assumido a nossa natureza. É por isso, por exemplo, que Lutero afirmava que o pecado do homem não é jamais apagado, mas apenas encoberto por Deus. Para ele, Nosso Senhor mentiria, afirmando que o homem não tem pecado, para que ele entre no Céu. É mais fácil para um gnóstico crer em um deus que minta que em um Deus que se faz verdadeiramente homem, com mãe e tudo.



NB: O saber mais nunca ocupa o lugar indevido. Assim se compreende melhor as causas da discriminação entre a raça humana.





Um comentário:

  1. “Quem ouviu, alguma vez, semelhantes coisas? Quem, agora que as ouve, não tapará os ouvidos para impedir que essas ignóbeis palavras cheguem até eles? Quem, ouvindo João dizer: ‘No princípio era o Verbo’ (Jo 1,1), não condenará os que dizem: ‘Houve um tempo em que ele não era’? Quem, ainda, ouvindo estas palavras do Evangelho: ‘Filho único de Deus’ (Jo 1,18) e ‘Tudo foi feito por meio dele’ (Jo 1,3), não detestará os que afirmam que o Filho é uma das criaturas? Como pode ele ser igual ao que foi feito por ele? Como pode ser Filho único aquele que elencamos com todas as coisas, na categoria destas? Como viria ele do nada, ao passo que o Pai diz: ‘De meu seio, antes da aurora, eu te gerei?’ (Sl 109,3)? Como seria ele, em sua substância, diferente do Pai, ele que é a imagem perfeita e o esplendor do Pai (2Cor 4,4; Hb 1,3) e que diz: ‘Quem me vê, vê o Pai’ (Jo 14,9)? Se o Filho é o Verbo e a Sabedoria do Pai, como teria havido um tempo em que ele não existia? É como se dissessem que houve um tempo em que Deus não tinha Palavra nem Sabedoria. Como está sujeito à transformação e à alteração aquele que diz de si mesmo: ‘Eu estou no Pai e o Pai está em mim’ (Jo 10,38) e ‘Eu e o Pai somos um’ (Jo 10,30), e que disse pelo profeta: ‘Vede-me; eu sou e não mudo’ (Ml 3,6)? Mesmo que se pense que essa palavra pode ser dita pelo próprio Pai, seria agora, no entanto, mais oportuno, julgá-la dita por Cristo, porque, tornado homem, ele não muda, mas, como diz o Apóstolo, “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e pela eternidade’ (Hb 13,8). Quem os leva a dizer que é por nós que ele foi feito, enquanto São Paulo diz: ‘Para ele e por ele todas as coisas existem’ (Hb 2,10)? Quanto à sua afirmação blasfema de que o Filho não conhece perfeitamente o Pai, não seria de causar surpresa, pois, uma vez que eles decidiram a combater Cristo, desprezam também as palavras do próprio Senhor que diz: ‘Como o Pai me conhece, eu também conheço o Pai’ (Jo 10,15)”.

    Alexandre de Alexandria-Século IV-.carta encíclica ao episcopado.
    Uma Refutação ao Árianismo.

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