O Governo estimou, em Abril, reduzir o défice para 1,4% do PIB em 2017, mas as instituições internacionais e as agências de 'rating' duvidam desta meta e dizem que são necessárias mais medidas para a alcançar.
No
Programa de Estabilidade 2016-2020, apresentado em abril, o Governo
liderado por António Costa definiu uma redução do défice
orçamental para 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) e um crescimento
económico de 1,8% no próximo ano.
No
entanto, as previsões das instituições económicas internacionais
e das agências de 'rating' - que têm em conta o Programa de
Estabilidade - ficam longe destes números, estimando um défice
quase duas vezes superior (2,7%, em média) e um crescimento
económico inferior em 0,4 pontos percentuais (1,4%, em média) em
2017.
A
agência de 'rating' norte-americana Fitch é a mais pessimista,
prevendo que a economia cresça 1,3% e que o défice português fique
nos 3,3% do PIB em 2017.
E
numa análise publicada em Agosto, deixou alertas: "Existe o
risco de a Comissão Europeia exigir mais medidas de consolidação
no OE2017" e considerou que esse pode ser "um ponto de
rutura" com os partidos que apoiam o Governo do partido
socialista no parlamento, PCP, Bloco de Esquerda e partido ecologista
'Os Verdes' (PEV).
Também
o Fundo Monetário Internacional (FMI) antecipa que o crescimento
económico não vá além de 1,1% e que o défice orçamental
represente 3% do PIB no próximo ano, valor referência no
Procedimento de Défices Excessivos.
A
instituição liderada por Christine Lagarde, num comunicado datado
do fim de junho, defendeu ainda que Portugal necessita de um "caminho
credível" de consolidação orçamental no médio prazo, o que
"requer definir metas realistas baseadas em medidas concretas".
"O
Programa de Estabilidade define metas ambiciosas para o ajustamento
orçamental no médio prazo, mas falta-lhe especificidade que permita
compreender a sua viabilidade", disse o FMI, defendendo que
seriam necessárias "medidas de poupança permanentes",
como a racionalização dos salários públicos e das pensões.
Por
sua vez, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Económico (OCDE) antecipa que o défice seja de 2,6% no próximo ano
e que a economia avance 1,3%, advertindo que a política de devolução
de rendimentos não terá efeitos duradouros na economia portuguesa.
Também
a Comissão Europeia, prevê que o défice de 2017 fique nos 2,3% e
considera necessárias mais medidas que "suportem os planos para
a redução do défice a partir do próximo ano", uma vez que as
previstas no Programa de Estabilidade "não foram especificadas
o suficiente".
No
entanto, Bruxelas afirma que a melhoria no saldo orçamental "está
diretamente ligada" à recuperação de 450 milhões de euros
(cerca de 0,25% do PIB) das garantias prestadas pelo Estado ao BPP
(Banco Privado Português). Sem esta medida, estima, "o défice
pode alcançar os 2,6% do PIB em 2017".
Por
sua vez, a agência de 'rating' Standard & Poor's (S&P)estima
um défice de 2,2% do PIB e um crescimento económico de 1,5% no
próximo ano.
O
Governo está nesta altura a preparar o OE2017, que entregará na
Assembleia da República até 15 de Outubro e onde estarão presentes
as metas orçamentais e económicas previstas para o próximo ano.
Lusa
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