domingo, 6 de novembro de 2016

É a fé católica que sustenta muitos policiais norte-americanos nos perigos

Plinio Maria Solimeo
Estados Unidos
Hoje é politicamente correto criticar instituições que não afinam com a orientação da esquerda e não fazem seu jogo. Assim, enquanto certa mídia tem toda complacência com os chamados “Movimentos Sociais” e os marginais, demonstra ao mesmo tempo profunda antipatia em relação às forças de segurança quando estas combatem a violência e a desordem.
Isso ocorre não somente no Brasil, mas em todo mundo. Vamos analisar aqui a violência contra a polícia nos Estados Unidos, que atinge níveis impressionantes.
Segundo estatísticas do Federal Bureau of Investigation (FBI), neste ano já foram mortos 12 policiais em emboscadas premeditadas, mais do que nos últimos dois anos.
A maior parte desses atentados ocorre em paradas de trânsito, perseguições, buscas, ou quando os policiais respondem a chamados e investigam atividades suspeitas[1].
Ainda de acordo com o FBI, 50.212 policiais em serviço foram agredidos em 2015, dos quais 28% ficaram feridos. Segundo outras fontes, 48.315 policiais foram agredidos em 2014.
Desde o início de 2016, foram mortos a tiro 45 policiais, e 10 outros atropelados[2].
É evidente que esse clima de insegurança abala os policiais. E leva o chefe de polícia de Bardstown a dizer que não deixa sua arma nem quando vai ao mercado ou corta a grama de seu jardim. Mesmo quando toma uma ducha, tranca todas as portas de sua residência[3].

Como o policial católico deve agir

Nesse clima de tensão e risco, a religiosidade dos policiais tem sido de muita ajuda. Como comentamos recentemente, boa parte dos católicos nos Estados Unidos não tem respeito humano de manifestar sua fé. Apresentamos nesse sentido declarações de esportistas famosos. O mesmo pode-se dizer de policiais[4].
Por isso há os que, além da arma material, não saem em missão sem uma arma espiritual. Esse é o caso do policial Sharif Said, católico da cidade de Milwaukee, em Wisconsin. Ele sempre leva presa à sua farda uma medalha São Miguel Arcanjo, protetor dos agentes de polícia. Essa medalha tem no reverso a imagem de São Judas Tadeu, patrono da esperança e dos casos impossíveis.
Sharif declarou ao National Catholic Register que “sua fé é a única coisa que o mantém de pé para servir sua comunidade em meio ao perigo”. Ele deve lidar todos os dias com casos de abusos domésticos, drogas, quadrilhas, entre outras coisas. Por isso, diz que “muito do que fazemos são obras de misericórdia corporais e espirituais, como dar bom conselho a pessoas com lares desfeitos, consolar os acometidos pelo crime, e mesmo enterrar os mortos”.

Confissão frequente e adoração ao Santíssimo Sacramento

O capitão Rhett Brotherton, da polícia de Oklahoma, também católico, ressalta que seus agentes necessitam do apoio espiritual dos Sacramentos e do ministério da Igreja Católica.
Ele esclarece que “os policiais que praticam sua fé e confiam na ajuda da Igreja, em geral são pessoas com melhor critério, mais compassivos e com que vida familiar melhor. Viver sua fé lhes dá uma força em face das tentações de cinismo e de niilismo que se infiltram na vida pessoal e em suas relações, o que pode afastá-los de seus filhos”.
Brotherton fala de sua própria experiência: “Tenho notado que a confissão frequente e a adoração ao Santíssimo Sacramento são pontos fundamentais para mim, para eu não me contaminar com o mal no qual estou muitas vezes imerso devido à minha profissão. Definitivamente, não quero viver em pecado mortal”.
Uma coisa muito importante para ele na vida policial é que a população reconheça o sacrifício que fazem. E, sobretudo, lhes agradeça pelo risco que correm. Isso constitui para eles “pequenos raios de luz num mundo tenebroso”.
Evidentemente, os policiais católicos recebem grande apoio de seus capelães militares, o que explica o fato de haver uma crescente demanda de capelães na polícia. Na de Nova York, por exemplo, os capelães instituíram um especial programa de ajuda aos policiais católicos em dificuldades.
Estados Unidos
O ex-policial, Charlie Carroll [foto], que trabalhou durante dez anos no Departamento de Polícia de Nova York, diz que em sua carreira viu muitos crimes “difíceis de imaginar”, mas constatou também muita bondade. Ele procurava atender os sem teto, dentro ou fora do serviço. “Sou católico, por isso só os trato como Jesus o faria. Isso é o que Ele me legou através de minha carreira”.

O também ex-policial Mark Byington, professor de criminologia na Universidade de Jefferson, em Hillsboro, com duas décadas de experiência no serviço ativo, diz que a Igreja necessita de um forte ministério para as famílias dos policiais, entre os quais há altas taxas de divórcio e separação, além de muitos experimentarem transtorno de estresse pós-traumático do trabalho.
Para combater essa situação, ele organizou numa casa de jesuítas o primeiro “Retiro de São Miguel” para policiais das costas leste e oeste. Um aspecto importante nesse retiro foi levar os policiais a comprovarem que a fé católica ajuda-os a cumprir seu dever de servidores públicos e a constatar em seu trabalho uma forma de vivê-la.
Ele conclui: “Jesus é o Pastor. Mas não somos as ovelhas. Somos os cães pastores. Somos chamados a proteger suas ovelhas”.

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