21 de Janeiro de 2017
Sandra Silva Costa
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Que atire a primeira pedra quem nunca fez isto. Chega à mesa um prato de encher o olho – bonito e elegante ou simplesmente daqueles que fazem salivar qualquer um. Pegamos imediatamente no garfo e na faca, certo? Até temos fome, queremos espetar o dente na carne braseada ou provar o risotto de cogumelos selvagens, mas valores mais altos se levantam. Sacamos do telemóvel, arrumamos o copo para o lado, procuramos o melhor enquadramento e Instagram com ele. Só depois podemos comer descansados – bom, descansados é como quem diz, que a meio da refeição é preciso ir tomando o pulso à coisa. Quantos likes tem?
O momento de comer deixou de ser apenas o momento de comer. Estamos a comer e o mundo merece saber o que estamos a comer, onde estamos a comer, com quem estamos a comer. E para isso a fotografia é a melhor arma. “A moda invadiu as redes sociais e dá likes em catadupa mesmo aos amadores”, escreve a Francisca Gorjão Henriques, que, um pouco contra esta corrente, foi ouvir os fotógrafos profissionais, aqueles que fotografam robalos ou taças de gelado com câmaras a sério, reflectores e tripés. Das cinco pessoas que ouviu, a Francisca recolheu relatos diversos: há quem reconheça que as redes sociais foram uma oportunidade, porque ajudam a levar este trabalho profissional “para a frente”, e os que lamentam que a ditadura do like tenha resultado numa degradação das condições financeiras dos fotógrafos de comida. Leia todos os argumentos aqui – e, já agora, partilhe com os seus amigos.
Por falar nisso, lembra-se da frase-chavão que diz que os animais são nossos amigos? No Parque Kruger, na África do Sul, há uns mais amistosos do que outros, naturalmente, mas são eles as grandes estrelas deste “esplêndido jardim de biodiversidade”. O Humberto Lopes guia-nos por esta arca de Noé, embalada agora pelas chuvas do Verão austral que ajudam a vestir de verde as savanas africanas. É, pois, uma ode à natureza que lhe propomos.
Natureza também não falta no Colmeal Countryside Hotel, que a Andrea Cunha Freitas descreve assim: “Há caminhos, árvores, bichos no chão e no céu e até há, a cerca de 300 metros do hotel, um cantinho onde ainda se podem ver uns vestígios do que se acredita serem pinturas rupestres do período neolítico.” É fazer mira para a serra da Marofa, perto de Figueira de Castelo Rodrigo, e entrar no espírito certo para ouvir 700 hectares de silêncio.
Posto isto, calo-me por agora, marcando apenas encontro no sítio do costume. Boas viagens!
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