Rede de burlões falsificava documentos para comprar bens através de contratação de crédito que nunca era pago. Simulava ainda avarias e acidentes automóveis para venderem carros de substituição atribuídos por seguradoras.
A Polícia Judiciária (PJ) conclui uma “morosa” investigação que levou à detenção de 13 envolvidos numa rede que se dedicava à falsificação de documentos para utilização em burlas que visavam a aquisição de bens de centenas de milhar de euros, entre os quais imóveis, viaturas de gama média e alta, telemóveis e equipamento informático. Em alguns casos bens eram adquiridos com créditos pessoais que nunca chegaram a ser pagos. E noutros simulavam avarias e acidentes automóveis para venderem carros de substituição atribuídos por seguradoras.
“A Polícia Judiciária, através da Diretoria de Lisboa e Vale do Tejo, concluiu uma complexa e morosa investigação, na qual vieram a ser detidos treze suspeitos da prática de centenas de crimes de falsificação de documentos e burla qualificada”, avança a PJ e comunicado.
Segundo a PJ, a investigação permitiu desarticular, por completo, a atividade de um conjunto de autores que, pelo menos desde o ano de 2011, se dedicava a ilícitos de falsificação de vários documentos (de identificação e de outro tipo), para posterior utilização em burlas, através das quais se conseguiram apropriar de bens no valor global de centenas de milhar de euros.
“No desenvolvimento da sua atividade criminosa, os arguidos utilizavam astuciosos procedimentos, sendo que um deles consistia na falsificação de documentos suporte para a contratação de crédito com diversas entidades financeiras, mediante a utilização de “testas de ferro” para a obtenção dos bens financiados”, explica a PJ.
Uma vez na posse destes, vendiam-nos ilegitimamente a terceiros, adquirentes de boa-fé, obtendo os respetivos proventos económicos que daí advinham e nunca pagando o crédito contratado.
Ainda através de utilização de “testas de ferro”, explica a PJ, a rede delituosa procedia à abertura de contas bancárias em nome dos mesmos, onde eram depositados “largos milhares de euro”s obtidos através de créditos pessoais celebrados em nome daqueles e baseados em documentação falsa, pelo que nunca as entidades financeiras em questão conseguiriam obter uma boa cobrança dos mesmos.
Numa outra forma de atuação, os autores, através da simulação de avarias e de acidentes automóveis, requisitavam junto das respetivas companhias seguradoras veículos de substituição (sempre de gama média/alta).
Na posse destes, e mais uma vez através de falsificação de documentos, extinguiam a reserva de propriedade que sobre os mesmos existia, vendendo-os de seguida, livres de ónus ou encargos, a terceiros de boa-fé, ou simplesmente comunicavam às autoridades o furto ou roubo dos mesmos, vendendo-os de seguida, novamente com base em documentação por si forjada.
Em todos os casos, revela a PJ, “obtinham lucros integrais, uma vez que não tinham quaisquer custos associados”.
No decurso da investigação, composta por 45 inquéritos e 99 apensos, a Polícia Judiciária inquiriu mais de duas centenas de testemunhas e ofendidos e realizou 48 buscas, tendo apreendido um imóvel, treze viaturas de gama média e alta, dezenas de telemóveis e equipamento informático, uma arma de fogo e material relacionado com a prática da atividade criminosa.
Foram constituídos 59 arguidos, alguns dos quais se encontram em prisão preventiva, tendo sido deduzida acusação pela 3ª Secção do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa – com a qual se trabalhou em estreita articulação – em relação a 52 deles, pela prática de 476 crimes.
Fonte: Jornal Económico
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