Bom dia. Este já não é o Expresso Curto que trazíamos habitualmente aqui ao Página Global. Este é um artigo de opinião compilado do Expresso. É o que se segue. A tolerância e a perda de confiança no Expresso esgotou-se quando por aqui concluímos a mixórdia que naquela casa fizeram com a tragédia de Pedrógão Grande, em uníssono com o maioral compulsivamente mentiroso de nome Passos Coelho, do PSD. Assunção, do CDS, também andou a roçar-lhe nas ilhargas mas mesmo assim foi um pouco mais comedida. Facto que serve em abono da verdade mas não em abono dela e do partido que dirige.
Neste artigo de opinião que se segue, assinado por Cristina Figueiredo, pode e deve esperar de tudo. Dela como da grande média. Este sentimento resulta da falta de confiança que alastra relativamente à grande média e aos profissionais que a servem. Não são todos os profissionais, sabemos, mas são demasiados os que perderam, ou nunca tiveram coluna vertebral, muito menos miolos para assumirem a tão importante profissão de jornalistas com toda a integridade que se exige e não serem a voz do dono. Um jornalista deve ser aquele que procura intrinsecamente divulgar sem sofismas e com toda a independência factos ocorridos, sem dramatizações, sem vícios servis. Estatuto diferente já é este e todos os artigos de opinião. Cada um tem a sua. Que devemos respeitar. Independentemente de estarmos vigilantes sobre o opinado e o “fazer cabeças”.
Adiante. Aprendamos a saber ler nas entre-linhas e nas prosas daqueles que servem interesses que não são os coletivos, não são os das populações, não são os dos trabalhadores que são explorados e tantas vezes oprimidos, ameaçados e até despedidos por via de manhas que este sistema, dito democrático, permite aos que mais protege e a quem chamam (bem) “os do grande-capital”.
Recorrendo a António Aleixo:
P'ra a mentira ser segura
e atingir profundidade,
tem de trazer à mistura
qualquer coisa de verdade.
Seguem-se parágrafos com interesse e outros que nem por isso. Saiba mais… se continuar a ler.
MM | PG
A democracia é o pior dos regimes
Cristina Figueiredo | Expresso | opinião
Disse um dia Winston Churchill que "a democracia é o pior dos regimes, à excepção de todos os outros". A frase já foi tantas vezes citada que perdeu a originalidade mas, ainda assim, continua a ser das melhores para usar na hora de defender as virtudes (ainda que reflectindo sobre a falta delas) dos sistemas políticos ocidentais. Não é preciso perder muito tempo a pensar para concluir que Nicolás Maduro só reteve do ensinamento do grande primeiro-ministro britânico a primeira parte da frase. Presidente de um país praticamente em vias de se tornar, como escreve o Washington Post, com todas as letras e nenhum pejo, "a mais recente ditadura do hemisfério ocidental", o herdeiro de Hugo Chávez já deixou bem claro que considera a democracia um regime do pior. E está a ser bem sucedido em conseguir acabar com ela.
A votação para a Assembleia Constituinte da Venezuela realizada ontem é notícia em tudo quanto é jornal nacional e internacional. Mas o texto do meu colega Rui Cardoso, com o sugestivo título "Porque é surrealista a votação de hoje na Venezuela", faz um bom resumo. Só para abrir o apetite deixo aqui um excerto: "Na votação (...) só há uma possibilidade de escolha, já que a oposição se recusou a participar. A votação é electrónica mas as máquinas não estão programadas para aceitar o voto branco. E cada eleitor pode, em plena legalidade, votar duas vezes…" Luís Marques Mendes, no seu comentário semanal na SIC, chamou os bois pelos nomes: "Estas eleições são uma fantochada completa". Em directo na TV venezuelana, o próprio Maduro atirou achas para a fogueira das dúvidas sobre a transparência do ato eleitoral quando, oh ironia, o sistema não reconheceu o seu bilhete de identidade.
As eleições para os 545 membros de um Parlamento com poderes para mudar a Constituição (reforçando os poderes presidenciais de Maduro) desenrolaram-se sob o protesto dos venezuelanos (e até à hora de fecho deste Curto havia pelo menos 10 mortos e 60 detidos na sequência de uma "repressão brutal" por parte das forças da autoridade), uma constante dos últimos meses no país, a braços com uma crise económica e social profundas ( leia aqui o testemunho, na primeira pessoa, de uma venezuelana de 25 anos que decidiu vir para Portugal). A oposição assegura que 90% da população não foi votar, o regime chavista fala de "valores-recorde" (pelo sim, pelo não, a Comissão Eleitoral manteve as urnas aberta para lá da hora prevista para o encerramento).
Talvez estas eleições tenham o mérito de acelerar a pressão internacional sobre Maduro. A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Nikki Haley, garantiu através do twitter, que o seu país não aceitará o "governo ilegítimo" de Caracas (os EUA estarão a ponderar sanções sobre o petróleo oriundo daquele país). Em Espanha, o PSOE exigiu que o governo de Maduro "restitua todos os poderes da Assembleia Nacional, liberte todos os presos políticos e estabeleça um calendário eleitoral o quanto antes".
OUTRAS NOTÍCIAS, CÁ DENTRO...
Ainda a entrevista de ontem do Presidente da República ao DN e à TSF (resumos aqui, aqui e aqui; o jornal online ECO preparou-lhe um guia audio). Marques Mendes disse na SIC que viu ali "sinais subtis de distanciamento" de Marcelo em relação ao Executivo de Costa. O jornal i seguiu o trilho indicado pelo comentador (ainda não havia link disponível à hora de fecho deste Curto) e foi à procura das evidências que confirmam a tese segundo a qual a "lua de mel" entre PR e PM chegou ao fim. Mas não será ainda demasiado cedo para chegar a semelhante conclusão?
Mendes põe ainda o dedo noutra ferida que está longe de sarada: a partir da notícia do Expresso neste sábado sobre as indemnizações do Estado às famílias das vítimas de Pedrogão, e da frase de Marcelo segundo a qual "para indemnizar há que apurar as responsabilidades exactas do poder público", o comentador alerta para a próxima polémica: "O Governo tenciona pagar, apenas, em função das responsabilidades do Estado em cada caso concreto, o que significa que haverá quem possa receber e quem possa não receber, sendo que o processo vai ser muito longo, demorado e com o recurso aos tribunais". Sugere que o Governo explique com clareza o que vai fazer e, se possível, que consensualize posições com os partidos. Alguém para os lados de S.Bento ouvirá o conselheiro de Estado?
O CDS não gostou de ficar embrulhado com o PSD no pacote do "aproveitamento político" que a esquerda acusou a direita, na semana passada, de estar a fazer relativamente à lista oficial das vítimas dos incêndios de Pedrogão. E prepara-se para "mudar a agulha": já anunciou uma conferência de imprensa para hoje à tarde para pedir uma apreciação parlamentar das alterações às regras de atribuição do Rendimento Social de Inserção. O Jornal de Negócios revelou no sexta-feira que há várias alterações às regras desta prestação, nomeadamente o fim de critérios de exclusão (como a posse de viaturas, embarcações e aeronaves de valor superior a 25 mil euros) aprovados durante a legislatura passada - quando a pasta da Segurança Social era ocupada pelo centrista Pedro Mota Soares. A partir de amanhã também há mudanças tanto nas pensões como no setor laboral. O jornal económico online explica do que se trata.
Cristina Casalinho, presidente do IGCP, o instituto que gere a dívida pública portuguesa, dá esta manhã uma entrevista também ao Eco, onde modera o "optimismo" nacional e revela que não tem expectativas que as agências de notação permitam que Portugal saia do nível "lixo" antes de "pelo menos 12 meses". Apesar de reconhecer que "os progressos são muito substantivos", afirma que há "pontas soltas no setor financeiro" que os mercados quererão ver "atadas" antes disso.
Segunda-feira é dia de balanço do desempenho dos principais clubes de futebol. Ainda faltam uns dias para o começo da Liga mas os jogos "a feijões" de Sporting, Benfica e Porto já dão motivo para basta conversa. O Benfica perdeu para o Leipzig por 2-0; o Porto venceu o Deportivo da Coruña por 2-0. Análises na Tribuna, aqui e aqui.
... E LÁ FORA
O que parecia ser o princípio de uma bela amizade desvaneceu-se em menos de nada. Na Rússia, Vladimir Putin anunciou que perdeu a paciência com os EUA do seu agora ex-quase-amigo Donald Trump e deu ordem de saída até 1 de setembro a 755 diplomatas norte-americanos, em reação às sanções aprovadas por Washington na semana passada. O The New York Times explicaque a aposta de Putin na presidência de Trump fez um "ricochete espectacular" e que Trump está agora atado de pés e mãos, lembrando que as sanções foram aprovadas pelos votos conjuntos de democratas que culpam o presidente russo por ter ajudado à derrota de Hillary Clinton e de republicanos receosos de que o seu Presidente não compreenda com quem está a lidar no Kremlin. Na leitura de qual a estratégia de Trump para com a Rússia, a CNN admite que o Presidente norte-americano possa estar a jogar xadrez tridimensional, sem qualquer estratégia que não a de "ziguezaguear ao acaso".
Trajetória recta e sem desvios promete o sistema anti-míssil norte-americano Thaad (com bases do Alasca à Coreia do Sul). Depois da Coreia do Norte ter lançado mais um míssil balístico intercontinental na sexta-feira, ontem os EUA retaliaram. A "amizade" é território a milhas do alcance quer de um quer de outro dos protagonistas deste "pingue-pongue nuclear". Para ajudar à "festa", a China também decidiu fazer uma demonstração de força, exibindo novas armas na parada militar que assinalou os 90 anos do Exército da Libertação do Povo.
Cristiano Ronaldo apresenta-se esta segunda-feira num tribunalde Madrid. Vai ser ouvido, à porta fechada, a partir das 10h30 (hora de Lisboa) na qualidade de suspeito de ter defraudado (conscientemente) o Estado espanhol em 14,7 milhões de euros. Ao jornal desportivo espanhol AS fonte próxima do jogador do real Madrid garante que ele reclama a sua inocência e não vai admitirqualquer culpa, mesmo que sob ameaça de prisão.
Já que o título deste Curto é dedicado à democracia (ou à falta dela), ainda vai muito a tempo de ler o trabalho de capa da revista E deste fim-de.semana, que lhe explica quem é João Lourenço, o todo-poderoso que irá suceder a José Eduardo dos Santos na presidência de Angola. As eleições realizam-se a 23 de agosto e, desta feita, não vão ter uma missão de observação eleitoral da UE, ao que parece por falta de entendimento entre Bruxelas e Luanda. A eurodeputada portuguesa do PS não tem dúvidas que o regime angolano fez um convite "a fingir" para que se realizasse essa missão de observação. Apetece citar a frase (tão ou mais célebre que a de Churchill) de Tommaso di Lampedusa, segundo a qual "é preciso que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma"...
AS MANCHETES DOS JORNAIS
"Funchal e Portimão vão ter ligação semanal por barco", Público
"Operadores de telemóveis cobraram 50 milhões indevidamente", Diário de Notícias
"Presidente e primeiro-ministro acabam lua-de-mel", i
"PJ investiga negócios de Mendes", Correio da Manhã
"Falhas da saúde no controlo de faturas facilitam fraudes", Jornal de Notícias
"Empresas têm de saldar IVA para isenção na alfândega", Jornal de Negócios
"E agora?", A Bola
"Esforço por Ristovski", Record
"Este ano tem de ser nosso", O Jogo
O QUE ANDO A VER E A LER
O que leio por estes dias decorre do que vi há exatamente uma semana: "Dunkirk", de Christopher Nolan (realizador, entre outros, de "Interstellar"), é um filme de guerra que redefine o conceito de filme de guerra. Como nenhum outro, põe-nos "dentro" da guerra, com escassos diálogos mas uma banda sonora (de Hans Zimmler) tremendamente eloquente. Escreve o meu colega Pedro Candeias e eu assino por baixo (para quê usar outras palavras quando ele as encontrou tão acertadas?):"Eu, que nunca estive em guerra alguma, imagino que possa ser assim e que o silêncio faça parte dos homens que têm apenas um objetivo: sobreviver ". Reconstituindo de forma sublime um dos episódios mais emblemáticos da II Guerra Mundial (um veterano de 97 anos, depois de ver o filme, comentou que lhe parecia estar a reviver tudo), "Dunkirk" é cinema cumprindo uma das suas funções mais nobres: ensinando (sobre a História mas também sobre o Homem, e é esta "humanidade" que o torna também tão original) e empurrando-nos para querer saber mais. O que não é difícil: a pretexto do filme, a imprensa de todo o mundo tem sido fértil em trabalhos sobre a operação de evacuação de 330 mil soldados ingleses e franceses da praia de Dunquerque, em França, em maio/junho de 1940, e há alguns que vale mesmo muito a pena ler. Como estes dois textos do The Guardian: o primeiro, a republicação de um original de 1 de junho de 1940, narra os acontecimentos a partir dos testemunhos diretos ouvidos então pelo repórter do jornal aos soldados que desembarcavam em solo britânico vindos de Dunquerque; o segundo, multimédia, resulta da iniciativa do jornal de pedir aos leitores que enviassem cartas, diários, fotos, histórias, memórias sob qualquer forma de quem lá esteve. E, depois, há os "clássicos" a que vale sempre a pena voltar (ou ir pela primeira vez): imperdíveis as "Memórias da II Guerra Mundial", de Winston Churchill ou a "A Segunda Guerra Mundial", de Martin Gilbert (ambos distribuídos recentemente pelo Expresso; Dunquerque encontra-se no volume 3 do Churchill e no primeiro do Gilbert).
A II Guerra Mundial terminou há 72 anos. Mas não há lições do passado que estanquem as guerras do Homem consigo próprio. Nem de propósito, escrevia o autor italiano Primo Levi (que, se fosse vivo, cumpriria precisamente hoje 98 anos): "É dever do homem justo fazer guerra a todo o privilégio não merecido, na certeza de que se trata de uma guerra sem fim". Quer isto dizer que, ontem, como hoje, ou amanhã, haverá sempre guerras sobre que escrever. Mas hoje, ao contrário de há sete décadas, a informação chega-nos em tempo real. Como pode facilmente comprovar a qualquer hora no site do Expresso e, às 18h, no Expresso Diário. Tenha um bom dia.
A votação para a Assembleia Constituinte da Venezuela realizada ontem é notícia em tudo quanto é jornal nacional e internacional. Mas o texto do meu colega Rui Cardoso, com o sugestivo título "Porque é surrealista a votação de hoje na Venezuela", faz um bom resumo. Só para abrir o apetite deixo aqui um excerto: "Na votação (...) só há uma possibilidade de escolha, já que a oposição se recusou a participar. A votação é electrónica mas as máquinas não estão programadas para aceitar o voto branco. E cada eleitor pode, em plena legalidade, votar duas vezes…" Luís Marques Mendes, no seu comentário semanal na SIC, chamou os bois pelos nomes: "Estas eleições são uma fantochada completa". Em directo na TV venezuelana, o próprio Maduro atirou achas para a fogueira das dúvidas sobre a transparência do ato eleitoral quando, oh ironia, o sistema não reconheceu o seu bilhete de identidade.
As eleições para os 545 membros de um Parlamento com poderes para mudar a Constituição (reforçando os poderes presidenciais de Maduro) desenrolaram-se sob o protesto dos venezuelanos (e até à hora de fecho deste Curto havia pelo menos 10 mortos e 60 detidos na sequência de uma "repressão brutal" por parte das forças da autoridade), uma constante dos últimos meses no país, a braços com uma crise económica e social profundas ( leia aqui o testemunho, na primeira pessoa, de uma venezuelana de 25 anos que decidiu vir para Portugal). A oposição assegura que 90% da população não foi votar, o regime chavista fala de "valores-recorde" (pelo sim, pelo não, a Comissão Eleitoral manteve as urnas aberta para lá da hora prevista para o encerramento).
Talvez estas eleições tenham o mérito de acelerar a pressão internacional sobre Maduro. A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Nikki Haley, garantiu através do twitter, que o seu país não aceitará o "governo ilegítimo" de Caracas (os EUA estarão a ponderar sanções sobre o petróleo oriundo daquele país). Em Espanha, o PSOE exigiu que o governo de Maduro "restitua todos os poderes da Assembleia Nacional, liberte todos os presos políticos e estabeleça um calendário eleitoral o quanto antes".
OUTRAS NOTÍCIAS, CÁ DENTRO...
Ainda a entrevista de ontem do Presidente da República ao DN e à TSF (resumos aqui, aqui e aqui; o jornal online ECO preparou-lhe um guia audio). Marques Mendes disse na SIC que viu ali "sinais subtis de distanciamento" de Marcelo em relação ao Executivo de Costa. O jornal i seguiu o trilho indicado pelo comentador (ainda não havia link disponível à hora de fecho deste Curto) e foi à procura das evidências que confirmam a tese segundo a qual a "lua de mel" entre PR e PM chegou ao fim. Mas não será ainda demasiado cedo para chegar a semelhante conclusão?
Mendes põe ainda o dedo noutra ferida que está longe de sarada: a partir da notícia do Expresso neste sábado sobre as indemnizações do Estado às famílias das vítimas de Pedrogão, e da frase de Marcelo segundo a qual "para indemnizar há que apurar as responsabilidades exactas do poder público", o comentador alerta para a próxima polémica: "O Governo tenciona pagar, apenas, em função das responsabilidades do Estado em cada caso concreto, o que significa que haverá quem possa receber e quem possa não receber, sendo que o processo vai ser muito longo, demorado e com o recurso aos tribunais". Sugere que o Governo explique com clareza o que vai fazer e, se possível, que consensualize posições com os partidos. Alguém para os lados de S.Bento ouvirá o conselheiro de Estado?
O CDS não gostou de ficar embrulhado com o PSD no pacote do "aproveitamento político" que a esquerda acusou a direita, na semana passada, de estar a fazer relativamente à lista oficial das vítimas dos incêndios de Pedrogão. E prepara-se para "mudar a agulha": já anunciou uma conferência de imprensa para hoje à tarde para pedir uma apreciação parlamentar das alterações às regras de atribuição do Rendimento Social de Inserção. O Jornal de Negócios revelou no sexta-feira que há várias alterações às regras desta prestação, nomeadamente o fim de critérios de exclusão (como a posse de viaturas, embarcações e aeronaves de valor superior a 25 mil euros) aprovados durante a legislatura passada - quando a pasta da Segurança Social era ocupada pelo centrista Pedro Mota Soares. A partir de amanhã também há mudanças tanto nas pensões como no setor laboral. O jornal económico online explica do que se trata.
Cristina Casalinho, presidente do IGCP, o instituto que gere a dívida pública portuguesa, dá esta manhã uma entrevista também ao Eco, onde modera o "optimismo" nacional e revela que não tem expectativas que as agências de notação permitam que Portugal saia do nível "lixo" antes de "pelo menos 12 meses". Apesar de reconhecer que "os progressos são muito substantivos", afirma que há "pontas soltas no setor financeiro" que os mercados quererão ver "atadas" antes disso.
Segunda-feira é dia de balanço do desempenho dos principais clubes de futebol. Ainda faltam uns dias para o começo da Liga mas os jogos "a feijões" de Sporting, Benfica e Porto já dão motivo para basta conversa. O Benfica perdeu para o Leipzig por 2-0; o Porto venceu o Deportivo da Coruña por 2-0. Análises na Tribuna, aqui e aqui.
... E LÁ FORA
O que parecia ser o princípio de uma bela amizade desvaneceu-se em menos de nada. Na Rússia, Vladimir Putin anunciou que perdeu a paciência com os EUA do seu agora ex-quase-amigo Donald Trump e deu ordem de saída até 1 de setembro a 755 diplomatas norte-americanos, em reação às sanções aprovadas por Washington na semana passada. O The New York Times explicaque a aposta de Putin na presidência de Trump fez um "ricochete espectacular" e que Trump está agora atado de pés e mãos, lembrando que as sanções foram aprovadas pelos votos conjuntos de democratas que culpam o presidente russo por ter ajudado à derrota de Hillary Clinton e de republicanos receosos de que o seu Presidente não compreenda com quem está a lidar no Kremlin. Na leitura de qual a estratégia de Trump para com a Rússia, a CNN admite que o Presidente norte-americano possa estar a jogar xadrez tridimensional, sem qualquer estratégia que não a de "ziguezaguear ao acaso".
Trajetória recta e sem desvios promete o sistema anti-míssil norte-americano Thaad (com bases do Alasca à Coreia do Sul). Depois da Coreia do Norte ter lançado mais um míssil balístico intercontinental na sexta-feira, ontem os EUA retaliaram. A "amizade" é território a milhas do alcance quer de um quer de outro dos protagonistas deste "pingue-pongue nuclear". Para ajudar à "festa", a China também decidiu fazer uma demonstração de força, exibindo novas armas na parada militar que assinalou os 90 anos do Exército da Libertação do Povo.
Cristiano Ronaldo apresenta-se esta segunda-feira num tribunalde Madrid. Vai ser ouvido, à porta fechada, a partir das 10h30 (hora de Lisboa) na qualidade de suspeito de ter defraudado (conscientemente) o Estado espanhol em 14,7 milhões de euros. Ao jornal desportivo espanhol AS fonte próxima do jogador do real Madrid garante que ele reclama a sua inocência e não vai admitirqualquer culpa, mesmo que sob ameaça de prisão.
Já que o título deste Curto é dedicado à democracia (ou à falta dela), ainda vai muito a tempo de ler o trabalho de capa da revista E deste fim-de.semana, que lhe explica quem é João Lourenço, o todo-poderoso que irá suceder a José Eduardo dos Santos na presidência de Angola. As eleições realizam-se a 23 de agosto e, desta feita, não vão ter uma missão de observação eleitoral da UE, ao que parece por falta de entendimento entre Bruxelas e Luanda. A eurodeputada portuguesa do PS não tem dúvidas que o regime angolano fez um convite "a fingir" para que se realizasse essa missão de observação. Apetece citar a frase (tão ou mais célebre que a de Churchill) de Tommaso di Lampedusa, segundo a qual "é preciso que alguma coisa mude para que tudo fique na mesma"...
AS MANCHETES DOS JORNAIS
"Funchal e Portimão vão ter ligação semanal por barco", Público
"Operadores de telemóveis cobraram 50 milhões indevidamente", Diário de Notícias
"Presidente e primeiro-ministro acabam lua-de-mel", i
"PJ investiga negócios de Mendes", Correio da Manhã
"Falhas da saúde no controlo de faturas facilitam fraudes", Jornal de Notícias
"Empresas têm de saldar IVA para isenção na alfândega", Jornal de Negócios
"E agora?", A Bola
"Esforço por Ristovski", Record
"Este ano tem de ser nosso", O Jogo
O QUE ANDO A VER E A LER
O que leio por estes dias decorre do que vi há exatamente uma semana: "Dunkirk", de Christopher Nolan (realizador, entre outros, de "Interstellar"), é um filme de guerra que redefine o conceito de filme de guerra. Como nenhum outro, põe-nos "dentro" da guerra, com escassos diálogos mas uma banda sonora (de Hans Zimmler) tremendamente eloquente. Escreve o meu colega Pedro Candeias e eu assino por baixo (para quê usar outras palavras quando ele as encontrou tão acertadas?):"Eu, que nunca estive em guerra alguma, imagino que possa ser assim e que o silêncio faça parte dos homens que têm apenas um objetivo: sobreviver ". Reconstituindo de forma sublime um dos episódios mais emblemáticos da II Guerra Mundial (um veterano de 97 anos, depois de ver o filme, comentou que lhe parecia estar a reviver tudo), "Dunkirk" é cinema cumprindo uma das suas funções mais nobres: ensinando (sobre a História mas também sobre o Homem, e é esta "humanidade" que o torna também tão original) e empurrando-nos para querer saber mais. O que não é difícil: a pretexto do filme, a imprensa de todo o mundo tem sido fértil em trabalhos sobre a operação de evacuação de 330 mil soldados ingleses e franceses da praia de Dunquerque, em França, em maio/junho de 1940, e há alguns que vale mesmo muito a pena ler. Como estes dois textos do The Guardian: o primeiro, a republicação de um original de 1 de junho de 1940, narra os acontecimentos a partir dos testemunhos diretos ouvidos então pelo repórter do jornal aos soldados que desembarcavam em solo britânico vindos de Dunquerque; o segundo, multimédia, resulta da iniciativa do jornal de pedir aos leitores que enviassem cartas, diários, fotos, histórias, memórias sob qualquer forma de quem lá esteve. E, depois, há os "clássicos" a que vale sempre a pena voltar (ou ir pela primeira vez): imperdíveis as "Memórias da II Guerra Mundial", de Winston Churchill ou a "A Segunda Guerra Mundial", de Martin Gilbert (ambos distribuídos recentemente pelo Expresso; Dunquerque encontra-se no volume 3 do Churchill e no primeiro do Gilbert).
A II Guerra Mundial terminou há 72 anos. Mas não há lições do passado que estanquem as guerras do Homem consigo próprio. Nem de propósito, escrevia o autor italiano Primo Levi (que, se fosse vivo, cumpriria precisamente hoje 98 anos): "É dever do homem justo fazer guerra a todo o privilégio não merecido, na certeza de que se trata de uma guerra sem fim". Quer isto dizer que, ontem, como hoje, ou amanhã, haverá sempre guerras sobre que escrever. Mas hoje, ao contrário de há sete décadas, a informação chega-nos em tempo real. Como pode facilmente comprovar a qualquer hora no site do Expresso e, às 18h, no Expresso Diário. Tenha um bom dia.
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