Admito
que o título deste editorial provoque alguma perplexidade, mas, é mais do que
real. Desde o fabrico das agulhas, aos locais onde se efectuam as colheitas de
sangue, bolsas de plástico para o sangue, tubos para separação do sangue que
vai ser analisado nos laboratórios, os especialistas que realizam as análises, armazenamento
no frio, distribuição pelo circuito comercial até que chegue aos hospitais
públicos e privados, como ainda pelas clínicas que recorrem a tratamentos à
base de componentes sanguíneos, concluindo no consumidor final, o doente, ocupa
milhares de pessoas, que por sua vez recebem os ordenados no final de cada mês.
Provavelmente,
existem ainda outras tarefas associadas ao sangue, que nos escapa ou não é do
nosso conhecimento.
O
dador por via da sua presença nos locais de sessões colheitas, contribui ainda
para sustentar um conjunto de sujeitos impregnados no sistema da dádiva que nos
deixa preocupados. O dador não deve ser visto e tratado como um herói, mas, sim
como um cidadão que cumpre com o seu dever cívico, que se preocupa com a saúde
do seu semelhante, preocupado também com o que lhe pode acontecer no dia de
amanhã, a um dos seus familiares.
O autor
deste texto sabe o que escreve, não só como dador que foi cerca de 36 anos,
como ainda como dirigente associativo, e por fim como receptor de transfusão
quando foi sujeito a uma operação ao coração.
Sempre
estive do lado dos colegas dadores, nunca senti a necessidade de alinhar com qualquer
uma das federações existentes, por essa e outras razões a factura a pagar tem
sido elevada, mesmo dolorosa. Os meus colegas dadores sabem com o que podem
contar deste lado…
Quando
nos editorais anteriores foco a minha atenção no Centro de Sangue e Transplantação
de Coimbra (CSTC), faço-o porque me sinto indignado, injustiçado,
desconsiderado, usado, abusado, enganado, na medida em que tinha uma visão
daquele centro completamente diferente da que tenho hoje. Manifestava uma
confiança cega em determinadas pessoas, para ser recompensado com a ingratidão.
Uma
queixa que há uns anos foi movida contra a administrativa Odete Madureira,
funcionária do CSTC, a pedido do ex-secretário de estado adjunto da saúde, Dr.
Fernando Leal da Costa, ainda que tenha seguido nos termos legais, chegou ao
responsável pelos recursos humanos daquele centro em Coimbra, foi despachada
para o lixo. Porque não houve audição em sede de inquérito como determina o
Código Procedimento Administrativo (CPA)? Quem está acima da lei? Ali não se
aplica os direitos e deveres dos funcionários públicos? A ser verdade, estamos
muito mal.
O
mais caricato de tudo, os conselhos directivos do IPST têm tido conhecimento
dos acontecimentos. Porque não actuam? Será que lhes é dito: está tudo bem, não
se passa nada? O que aconteceu faz parte do passado? Nós tomamos conta do gajo?
Ser
funcionário do CST de Coimbra é usufruir duma impunidade total? Quem fiscaliza
as actividades dos funcionários? Será o CST de Coimbra, um centro onde ninguém
assume responsabilidades directivas?
Oh,
senhor ministro a saúde, senhores secretários de estado, afinal o que vem a ser
isto? Os senhores não actuam porquê?
O
alvo definido há muito tempo pelo CST de Coimbra é destruir o trabalho da
ADASCA, conseguido com imensos sacrifícios durante quase 11 anos? Onde está o
respeito que dizem ter pelos dadores, pelas associações de dadores, por todos
aqueles que entregam à causa da dádiva? Devemos ser consequentes com o que
dizemos e praticamos. De artimanhas, e malabarismos de natureza administrativa
estou cheio.
Os
mais velhos, dizem que o respeito nunca fez mal a ninguém. Os dadores de sangue
sustentam mesmo milhares de postos de trabalho.
J.
Carlos
Director
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