David Dinis, Director
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Bom dia!
A postos para uma semana boa?
Vamos às notícias, então:
Três dias depois, Trump reagiu: "I'm not a racist", garantiu ele. A frase seria totalmente despropositada para um Presidente da América, não fosse ele Donald Trump. E mesmo não assim não seria necessária, não fosse Trump ter sido acusado de tratar alguns países africanos como "merdosos", no meio de uma negociação bipartidária sobre novas restrições à imigração. O certo é que as negociações não estão a correr bem, diz o New York Times.
Um amigo de Trump ganhou terreno na República Checa. Miloš Zeman, também com amigos no Kremlin, foi o mais votado na primeira volta das presidenciais. Mas os 38.6% de votos que conseguiu podem não chegar para ganhar, face ao apoio de todos os que já foram afastados ao candidato pró-europeu Jirí Drahoš.
O Reino Unido prepara-se para legislar contra o assédio. Um grupo de parlamentares juntou-se para lançar um inquérito sobre o impacto do assédio nas vítimas e sociedade britânicas. E pressiona o Governo de May a apertar a legislação. O exemplo a seguir é... Portugal, anota o The Guardian.
Falando nele, o The Guardian virou uma página: mudou o papel e mudou o site. Ora espreite e veja lá como ficou.
O que marca o dia
O novo líder já agita o PSD. A vitória de Rui Rio virou a página do "passismo" e deu alguns sinais interessantes sobre o estado do partido - sinais que tento identificar no Editorial de hoje. Mas as directas também nos apresentaram um partido dividido e uma liderança com 11 desafios difíceis pela frente. Um deles já se tornou evidente, com um problema iminente no grupo parlamentar. O caso é de resolução urgente, porque há seis temas à espera de Rui Rio no Parlamento (e outros tantos fora dele).
No fundo Rio tem muito trabalho pela frente, para mostrar que não é um líder de transição (tema que levou a São José Almeida a revisitar a história no P2 de ontem). Ontem, o líder eleito esteve "em repouso".
Mais uma tragédia a deixar marcas. Em Tondela, um incêndio no interior de um centro recreativo fez oito mortos numa comunidade onde todos se conheciam. E a descrição do que aconteceu lá dentro só nos dá vontade de chorar. O que sabemos agora é que os bombeiros nunca vistoriaram um edifício que era uma bomba-relógio; que a Câmara não sabe se as obras lá feitas tinham licença; e que a fiscalização falhou em Tondela como falha "muitas vezes" em todo o país. É triste dizê-lo, mas não há como evitar: em tudo isto, o Estado falhou-nos outra vez.
Os incêndios de Outubro afectaram 10 mil postos de trabalho. E o Estado está já a pagar os salários de 2 mil desses trabalhadores - de 333 empresas que ficaram sem produção, diz o DN.
A EMEL devia ficar sem o dinheiro das multas. É o que defende a Provedoria de Justiça, alegando que está em causa a “protecção dos particulares contra situações abusivas”. A notícia é do Negócios.
Os cortes na ADSE abriram uma guerra entre Governo e hospitais privados. Como explica a Raquel Martins, a associação dos hospitais privados enviou uma carta aos ministros das Finanças e da Saúde a alertar que redução dos pagamentos pode pôr em causa a prestação de cuidados aos beneficiários da ADSE.
Há agências a oferecer barrigas de aluguer a clínicas portuguesas. Em Portugal só são permitidas as gestações de substituição só por altruísmo, mas os centros estão a receber contactos de empresas dos EUA e Ucrânia que dão 40 mil dólares a barrigas de aluguer. O regulador diz estar seguro de que se cumpre a lei.
Do mundo económico chegam-nos duas boas notícias: o "chumbo" do gasoduto da REN no Douro, agora nas mãos do Governo; e a nota positiva do BCE aos bancos portugueses (mesmo que um tenha ficado de fora dos testes, anota o ECO).
Boas leituras do P2 (e P3)
1. A fogueira das vaidades de um psicopata americano. Na viragem para a última década do século XX, dois livros captaram de forma perfeita a atmosfera em que vivia a alta-roda nova-iorquina. O Psicopata Americano, de Bret Easton Ellis, e A Fogueira das Vaidades, de Tom Wolfe, deram conta de uma sociedade completamente disfuncional, amoral e superficial em que as aparências mandavam e a violência era tão física como psicológica. Hoje, o registo do tempo ficou nas mãos de um jornalista polémico, Michael Wolff. E é sintomático que o primeiro livro a codificar a presidência Trump venha acompanhado de acusações de falta de rigor e de liberdades criativas em excesso na narrativa. O Diogo já leu Fire & Fury e conta-nos porquê.
2. Afinal, o que é que a ciência nos diz sobre a cannabis medicinal? Sim, a Cannabis é usada há milhares de anos para fins recreativos e terapêuticos, mas nas últimas décadas ressurgiu como uma panaceia capaz de tratar uma miríade de doenças, que vão da dor crónica ao autismo. Mas a literatura científica mostra que nem tudo é tão simples - há algumas aplicações plausíveis, mas também muito exagero, explica David Marçal, guiando-nos por um dos temas da actualidade.
3. A igualdade chegou aos vícios. As mulheres portuguesas estão a beber mais, a fumar mais e a consumir mais drogas. A vida de três portuguesas que passaram a juventude no Estado Novo e a de quatro raparigas, hoje com 20 ano, mostra como os hábitos e a condição de mulher se alterou muito ao longo das últimas décadas. A Catarina Guerreiro sentou-se no sofá com as primeiras, e no Jardim das Amoreiras com as mais novas. E fez-nos um retrato a cores - e bem vivas.
4. A televisão portuguesa está pronta para uma “série abertamente LGBT”? Pergunta quem há muito já conhece a resposta: “Comentários maus há em todo o lado também, não é?”. Os jovens criadores da Casa do Cais, a nova série portuguesa que se estreia esta segunda-feira, 15 de Janeiro, na RTP Play e no canal de YouTube da estação pública, sabem bem que sim. Francisco Soares já esperava "comentários quase de ódio" muito antes de ter atirado uma interrogação retórica no final do vídeo de apresentação da série. “Nós já sabíamos que ia gerar alguma polémica. Até porque estamos a criar a primeira série portuguesa abertamente LGBT”, conta ele à Renata Monteiro, do P3. Boas notícias, portanto: dentro desta casa só entram tabus — e esta série vai pô-los a nu.
A agenda do dia
O Governo entra na semana a mostrar planos: o ministro da Educação com uma discussão pública sobre o novo "perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória"; e o seu colega do Ambiente mostrando um plano de vigilância para as Áreas Protegidas. Vamos também ver algumas estatísticas: sobre o crédito ao consumo, a actividade turística e o emprego por conta própria.
Lá por fora, o Papa Francisco começa uma visita ao Chile e Peru - sem passar pela sua Argentina. Enquanto o Bangladesh e a Birmânia se sentam para discutir a crise dos Rohingya. Ficaremos ainda atentos às Filipinas, onde um vulcão está em "erupção iminente" - numa das suas ilhas mais habitadas.
À noite, estarmos também atentos ao jogo do FC Porto no Estoril, que precisa de ganhar depois do 3-0 do Sporting ontem à noite. Eu não vi o jogo, mas pelo que sei foi... arrebatador.
Dito isto, parece que hoje é suposto ser o dia mais triste do ano - "Blue Monday", dizem eles. A boa notícia é que azul só há mesmo a cor do céu, bem bonito por aqui.
Tenha um dia feliz!
E passe por nós aqui, gostamos da sua companhia.
Até já!
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