Feliciano Barreiras Duarte diz que há uma campanha para desestabilizar equipa de Rui Rio e insiste na veracidade do seu percurso.
"Eu rejeito veementemente qualquer tipo de acusação ou insinuação sobre o meu percurso académico", declarou ao DN Feliciano Barreiras Duarte, secretário-geral do PSD, a propósito da notícia divulgada ontem, de que teria usado indevidamente o estatuto de investigador visitante da universidade americana de Berkeley, na Califórnia.
"Até há umas semanas atrás, antes de ter sido eleito secretário-geral do PSD, eu era um ex-governante respeitado, um grande especialista em matérias de emigração, com vasta obra publicada, uma pessoa muito credível. Já me tinham dito nas últimas semanas que podiam começar a surgir coisas como esta", sustenta o dirigente social-democrata.
"Parece que havia um Feliciano antes de ser secretário-geral e outro depois disso. Sou ingénuo, já me devia ter tratado há algum tempo", conclui. Feliciano junta as peças: "esta semana realizaram-se almoços entre algumas pessoas que não gostam da atual liderança. Criaram-se factos. E o corolário foi aquilo que o jornal (Sol) publicou". Uma estratégia a construir-se para boicotar o trabalho de Rui Rio? "Para incomodar a direção do PSD em funções", atira Feliciano. "Se não fosse isto seria outra coisa qualquer, se não fosse eu haveria sempre alguém".
O secretário- geral diz que sabe quem são esses que "deixaram o seu rasto", enviando a notícia para determinadas pessoas e locais. Sublinha que tem provas de todo o processo, desde o convite por parte da professora Deolinda Adão, a mesma que negou ao semanário Sol ter assinado o documento (publicado) em que supostamente se atestava a inscrição do então deputado do PSD naquela instituição. O primeiro convite terá surgido por Manuel Pinto de Abreu, antes das conversas (e até um almoço no clube Naval) com a professora, algumas em inglês, por insistência desta.
"Há pessoas que não se importam de andar nas bocas do mundo, vivem bem com isso. Outras, como eu, importam-se", afirma o secretário-geral do PSD, que garante ter falado atempadamente com o líder do partido a esse respeito. "Eu nunca precisei da universidade de Berkeley para o meu percurso académico", enfatiza, ele que acabou por retificar a nota biográfica. Rui Rio e o PSD remetem as explicações do assunto exclusivamente para Feliciano.
Quando ontem à tarde o DN ouviu Rui Rocha, presidente da distrital de Leiria do PSD, onde Feliciano ocupa o lugar de presidente da Mesa da Assembleia do partido, já tinham conversado. Mesmo ressalvando não poder avaliar o caso com exatidão, por não estar "em posse de todo o processo", Rui Rocha saiu em defesa do ex-governante, considerando que "uma pessoa com o perfil e competência do dr. Feliciano Duarte não precisava sequer de utilizar as referências em causa". "Ele não precisa disso para ser o que é hoje", sublinhou Rocha, acreditando que nada foi feito "de forma deliberada".
Feliciano Barreiras Duarte é natural do Bombarral, na ponta sul do distrito de Leiria, mas desde cedo ocupou lugares de destaque na estrutura partidária, sucedendo algumas vezes nos cargos ao irmão mais velho, João Carlos Barreira Duarte. Desde a JSD do Bombarral à liderança da distrital, ocupou diversos cargos que foi acumulando com desempenho de papéis em estruturas municipais.
Nas últimas autárquicas, travou uma luta interna com Fernando Costa, ex-presidente do Município de Caldas da Rainha, para encabeçar a lista à Câmara de Leiria. Costa levou a melhor nessa contenda. Feliciano já foi secretário de Estado, várias vezes deputado eleito por Leiria, chefe de Gabinete de Passos Coelho, presidente da Assembleia Municipal do Bombarral e de Óbidos e continua a ser vice-presidente da concelhia do Bombarral, secundando o irmão.
Nas últimas eleições aquela foi uma das Câmaras que passou para o PS, ao fim de 24 anos nas mãos do PSD. Ricardo Venâncio, secretário-geral da distrital de Leiria da JSD, natural daquele concelho onde já presidiu também à estrutura concelhia da jota, mostrou-se surpreso com as notícias a respeito de Feliciano. "É fundamental que ele consiga explicar e que tudo não passe de um equívoco, para bem da imagem da classe política, também".
Fonte: DN
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