sábado, 3 de novembro de 2018

À Lupa | Moral da lei é elástica

J. Carlos *

A vida de ladrão é boa, mas dura pouco tempo, costuma dizer-se. Conforme: se é um rapinante vulgar, de baixo coturno, grosseiro, boçal, inábil, que se contenta com pequenas rapinâncias, esse decerto em breve cairá sob a alçada da lei e depressa lhe sofrerá as consequências.

Agora se se trata de ladravaz de alto estofo, de casaca e luvas brancas, fino, inteligente e hábil, esse, depois de longa vida de grandes latrocínios, de que serão vítimas a sociedade e os cidadãos, acabará na velhice, cheio de honrarias e de louvores públicos. Será um cidadão, preclaro e honrado, apontado como modelo das melhores e mais prestantes virtudes sociais.

A lei detém em suas malhas o mísero cidadão faminto, que rouba um pão, uma lata de conserva, umas peças de fruta e deixa escapar o nababo opulento, que rouba milhões, conduz à falência bancos, empresas, para não entrar por outros exemplos.

De facto a moral da lei é elástica, adaptando-se na verdade habilmente à categoria do delinquente. A parcimónia, em muitos casos, é um disfarce da avareza que já não passa despercebido.

Cada um de nós tem o direito de desagradar, de não se importar com a opinião dos outros, nomeadamente aqueles que por força da sua profissão dão a conhecer as suas opiniões, seus pontos de vista, o caso dos jornalistas.

O homem que se cala, quando deveria falar, apresta-se a ser calçado pelo primeiro parlapatão, audacioso e desbocado. 

Há uns anos atrás, decorreu uma campanha sob o lema: “Ler jornais é saber mais !” não deixe de ler porque é uma forma de estar atento ao que se passa neste paraíso à sua espera, para uns, para outros um inferno, principalmente os assuntos relacionados com a justiça.


*Director

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