Apesar do rápido crescimento económico, a região Ásia-Pacífico tem quase 500 milhões de pessoas a passar fome e os programas de ajuda internacional estagnaram, revela um relatório da ONU hoje divulgado.
Quase uma em dez crianças no sudeste da Ásia e cerca de 15% das crianças no sul da Ásia passam fome, com as inevitáveis consequências de doenças graves e risco de morte.
Mesmos em cidades prósperas, como Banguecoque (Tailândia) ou Kuala Lumpur (Malásia), as famílias mais pobres não conseguem alimentar os filhos, diz um relatório preparado por quatro agências ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU).
"Depois de anos de conquistas no combate à fome e à desnutrição na Ásia e no Pacífico, estamos agora praticamente paralisados", afirmou o diretor-geral regional da agência da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e uma das organizações envolvidas na elaboração do estudo, Kundhavi Kadiresan.
A ONU reconhece que os programas de combate à fome estão a perder eficácia e alertam que, para atingir em 2030 a meta de fome zero, 110 mil pessoas precisam de ser retiradas diariamente da situação de desnutrição.
O relatório hoje divulgado indica que o número de pessoas desnutridas começou a aumentar nos últimos anos, especialmente no leste e no sudeste asiático.
As taxas de desnutrição caíram de 18% em 2005 para 11% em 2017, mas a desnutrição provocada pela fome está a piorar, devido à insegurança alimentar e a sistemas de saneamento inadequados.
Mesmo as crianças com excesso de peso estão frequentes vezes desnutridas, sobretudo quando as famílias dependem de alimentos de rua, oleosos, ricos em amino doces, insalubres e inseguros.
As agências da ONU envolvidas no relatório agora divulgado dizem que é urgente fornecer água potável e saneamento adequados, para prevenir doenças, especialmente nas crianças.
Acabar com defecação a céu aberto, que é uma prática generalizada na Índia, por exemplo, é outro objetivo prioritário.
O relatório elogia os esforços de alguns países para garantir que os moradores das cidades tenham acesso a mercados de alimentos frescos, mas considera que os problemas de saneamento anulam muitas das vantagens produzidas.
Na Indonésia, por exemplo, um estudo citado no relatório constatou que a prevalência de nanismo relaciona-se de perto com o acesso a latrinas melhoradas.
As crianças cujas famílias dependem da água não tratada têm muito mais probabilidade de sofrer de atraso de crescimento quando as casas não possuem latrinas.
O relatório indica ainda que, na região da Ásia e Pacífico, parte importante da população mais pobre conta com água engarrafada, considerada potável, mas que, na verdade, está muitas vezes contaminada.
Lusa
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