NOTA INTRODUTÓRIA
No Quem é Quem de hoje, revelamos o percurso de uma personalidade ligada à Arquitectura ou Engenharia. Nesta edição vamos ficar a conhecer Quem é Fernando Bagulho, arquitecto.
FERNANDO BAGULHO
ARQUITECTO
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“A necessidade aguça o engenho” que assim cresce onde há escassez.
Aprender a fazer o mais com o mínimo de recursos é, em Portugal, um bem precioso, marcando a arquitectura e a sociedade humana com uma matriz austera mas simultaneamente rica na língua, na arte e na cultura. O Inquérito à Arquitectura Popular Portuguesa evidencia a variedade de respostas à adversidade do território parco em recursos e com meios pobres de construção, de clima ameno mas caprichoso, que se mostra diversa e eficaz na sua qualidade e na afirmação cultural que exprimem.
A disciplina de arquitectura num país sem massa crítica para organizar a divisão do trabalho com base na especialização obriga os arquitectos a responder a uma encomenda diversificada e a transpor experiências e ensinamentos de um tipo de projecto para outro, prática que se tem revelado muito enriquecedora do pensamento ligado ao acto de projectar.
Criado em 1976 por Cristina Pinto da França Salvador (1947-2011) e Fernando Bagulho, após o regresso de África uma vez cumprido o Serviço Militar Obrigatório, foi com esta matriz que o Atelier do Chiado se afirmou, integrando um grupo de arquitectos com uma visão artesanal e humanista do projecto de arquitectura, em alternativa ao desenvolvimento de
estratégias de composição (como seja a eterna decomposição da caixa) ou de estilos arquitectónicos.
Em mais de 40 anos de trabalho de projecto, coordenámos equipas técnicas de projecto para construir em lugares muito diversos, sempre com desvio de custo inferior a 3%, mesmo em situações de difícil acompanhamento à distância, onde só o rigor do projecto e do método de comunicação de informação à obra intervêm como garantia.
O Atelier tem desenvolvido trabalho num universo de alguma amplitude geográfica – com intervenções em Portugal, África e noutras partes do mundo – tentando entender a diversidade de culturas do habitar, diferenciadas no plano construtivo e simbólico, cujos contornos tenta proteger da erosão da globalização civilizacional. Entendemos que, tratando-se a arquitectura da mais global das linguagens de expressão artística, é também a única dependente de dar respostas eficazes nas condições concretas de cada região e local, subordinadas à satisfação de necessidades e desejos que acreditamos serem impossíveis de ignorar.
GABINETE:
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