Gostava de saber como consegue o ministro envolver os serviços no esforço de negar os direitos das pessoas para que o Estado possa fugir e poupar.
Francisco Alves Rito – Director
Hoje os serviços da Segurança Social em Portugal servem mais para o Estado fugir às suas responsabilidades do que para identificar os casos de necessidade ou injustiça. Só não tem essa percepção quem não contacta com os serviços ou não conhece quem o faça.
O atendimento tem vindo a ser reduzido quase até à inexistência, não respondem devidamente às cartas que recebem, quando respondem não esclarecem as pessoas, não corrigem ou alteram irregularidades ou omissões que podiam fazer oficiosamente, etc, etc, sempre com efeito a favor do Estado e contra o particular.
Os idosos não têm um efectivo acesso ao direito de esclarecimento por parte da Segurança Social, que, escudando-se atrás de números de atendimento e de atendimento digital, foge à sua correspondente obrigação de esclarecer e se aproveita da iliteracia de muitos milhares de pessoas para não reconhecer situações e direitos. É um escândalo!
O estranho é como uma conduta destas, que tem o óbvio interesse de poupar dinheiro ao Estado, é assumida de forma genérica pelos serviços, pelos funcionários. Confesso que gostava de saber como consegue a cúpula do sistema, o ministro por exemplo, envolver todos os níveis de serviço nesse esforço de negar os direitos das pessoas para que a Segurança Social possa fugir e poupar.
Haverá orientações nesse sentido? Há prémios de desempenho para garantir o envolvimento de quase todos?
Com as devidas diferenças, isto faz-me lembrar a banalização do mal com que Hannah Arendt explicou o Holocausto. O extermínio de judeus não teria sido possível se o único imoral fosse Hitler. Por exemplo, não seria possível o transporte por comboio se o maquinista não participasse, e por ai fora. O que aconteceu, nesse caso, é que quase todo um país aceitou fazer o impensável porque o mal tonou-se banal.
Fonte:diariodaregiaostubalense
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