Enquanto dormia...
... houve apenas uma surpresa digna desse nome na noite dos Óscares: "Green Book" foi eleito o melhor filme, numa cerimónia que distinguiu "Roma" e o streaming da Netflix. O filme que retrata a amizade improvável entre um pianista afro-americano e um segurança italiano ganhou a principal estatueta, mas foi Alfonso Cuáron o melhor realizador e quem mais subiu ao palco.
- A vida do realizador mexicano nem sempre foi fácil. Por isso é importante saber quem é ele o que filmou em “Roma”.
- Os prémios para melhor actriz e melhor actor foram os esperados: Olivia Colman, a favorita das favoritas, ganhou com a sua rainha Anne; e o papel de Freddy Mercury em “Bohemian Rhapsody” distinguiu Rami Malek.
- Nas crónicas da noite, o Eurico de Barros fala dos "Óscares do Presidente Marcelo", sem 'cabazadas' e com uma distibuição abrangente e o Alexandre Borges, que viu tudo no sofá, diz que quase sentiu qualquer coisa. Mas só quase.
- A cerimónia sem apresentador, o que não acontecia há 30 anos, não deixou de ter muitos momentos de críticapolítica e 11 detalhes importantes em que talvez não tenha reparado. E, claro, animou a internet.
- Na música em palco brilharam Lady Gaga e os Queen com Adam Lambert, mas foi na passadeira vermelha que mais brilho se viu: nos vestidos houve uma bola de espelhos e muito rosa e nas jóias a cantora levou ao pescoço o diamante amarelo que Audrey Hepburn tinha usado em 1961. Já no 'after party' houve visuais muito mais ousados.
- Fica ainda a história do Óscar de melhor documentário de 2018, Ícaro: o químico que montou o esquema de manipulação de testes anti-dopagem na Rússia, durante os Jogos Olímpicos.
- E a de um futebolista que virou actor: Vinnie Jones, o médio defensivo que passou das faltas em campo para os homicídios no cinema com Arnold Schwarzenegger, Nicholas Cage e Angelina Jolie.
Outra informação relevante
O Papa fechou a cimeira histórica sobre abusos sexuais na Igreja prometendo levar todos os abusadores à Justiça e considerando-os "instrumentos do Diabo". D. Manuel Clemente disse mesmo que Portugal adotará as novas propostas já em Abril. Mas o João Francisco Gomes, que esteve estes dias no Vaticano, olhou para as oito ideias apresentadas por Francisco e concluiu que deste encontro inédito sairam muitas promessas, mas poucas medidas concretas.
O Brexit deve ser adiado (pelo menos) dois meses ou acontecer mesmo só em 2021. Devido a uma fuga de Bruxelas ficou a saber-se que Theresa May terá pedido mais tempo para acertar os novos planos com a União Europeia e já marcou nova discussão sobre o tema para dia 12 no parlamento britânico.
Os resultados do referendo à Constituição em Cuba só devem ser conhecidos esta tarde. Numa votação em que presidente fez questão de dizer que estava em casa também o apoio à Venezuela de Maduro, as poucas novidades vão para a admissão da propriedade privada e a abertura ao investimento estrangeiro, já que o país se mantém de partido único e o reconhecimento do casamento gay foi adiado. E mesmo se tudo for aprovado, as mudanças não serão nada fáceis.
Ora na Venezuela, Juan Guaidó deixou já a opção de uma intervenção militar que a UE rejeita para tirar Maduro do poder sobre a mesa e hoje vai encontrar-se com o vice dos EUA depois da falhada tentativa de entrada de ajuda humanitária no país. Os confrontos de sábado nas fronteiras com o Brasil e a Colômbia fizeram 4 mortos, houve deserções militares, mas nem o concerto Aid Live com a sua presença mediática valeram de alguma coisa ao autoprolamado presidente venezuelano. O João de Almeida Dias explica porquê.
Há mais um sentença polémica do juiz Neto Moura. Em outubro do ano passado, conta o Público, retirou a pulseira eletrónica a um agressor condenado por violência doméstica que estava proibido de se aproximar da vítima.
As respostas aos pedidos de reforma estão a demorar um ano. As queixas sobre os atrasos nas respostas às pensões da Segurança Social, enviados à Provedoria de Justiça, aumentaram 3,5 vezes em relação a 2017, escreve também o Público. O Correio da Manhã acrescenta entretanto que o Fundo de pensões perdeu 18,6 milhões de euros.
Já entre entre os desempregados, quase metade não tem subsídio. Em Janeiro, havia 164 mil pessoas sem apoios e, entre eles, estão 6.700 famílias em que ambos os elementos do casal não têm trabalho, diz o JN.
Apesar de tudo, o jogo online continua a crescer. No ano passado, os portugueses gastaram uma média de 6,7 milhões de euros por dia em apostas e jogos de fortuna ou azar na internet, segundo as contas do Jornal de Negócios.
O presidente da Câmara de Pedrógão Grande negou qualquer irregularidade com os donativos para as vítimas dos fogos. Deu uma conferência de imprensa para explicar que a autarquia apenas cedeu espaços para guardar os bens angariados, mas recusou responder à TVI, onde passou a reportagem que denunciou a situação.
O Governo anunciou que vai retomar as negociações com os enfermeiros e com os professores (apesar de dizer que recusa ultimatos). Marques Mendes acha que o recuo nos enfermeiros, depois do que Costa disse da paralisação cirúrgica, mostra que o primeiro-ministro está “assustado com as sondagens”.
Em tempo de campanha eleitoral (que vai durar até outubro), Rui Rio veio finalmente criticar as relações familiares no Governo (que aumentaram com a remodelação). Mas o líder do PSD usou uma notícia com dois anos, a do presidente do Azerbaijão que nomeou a mulher sua "vice", dando a entender que era recente: “Parece que a moda está a pegar”.
A política caseira animou-se também no fim-de-semana com o regresso de Passos Coelho. O ex-primeiro-ministro criticou os cortes do Governo na Saúde e na Educação e o PS apressou-se a atacá-lo por “torcer para que as coisas corram mal”. Passos terá sido também o culpado da queda do BES, segundo uma petição que Ricardo Salgado apresentou no Tribunal do Comércio de Lisboa (aqui Rio saiu-se bem com a frase "é preciso ter lata).
Sem o futebol em destaque em Portugal (o Benfica e o Sporting jogam apenas esta noite), a nota de maior destaque vai para a final da Taça de Inglaterra. Com a vitória do Manchester City frente ao Chelsea nos penáltis, Bernardo Silva somou o oitavo título da carreira: mas o que marcou mesmo o jogo foi a recusa do guarda-redes Kepa ser substituído, o que provou um ataque de fúria a Sarri, que o ia substituir. Já em Itália, a Juventus ganhou (à justa) ao Bolonha, graças a mais um passe de Ronaldo e o Mónaco está a contar com a metamorfose de Gelson.
Os nossos Especiais
Como lidar com o envelhecimento dos nossos pais? Em entrevista à Ana Cristina Marques, a socióloga Maria José Núncio explica como tratar de um tema complicado, numa altura em que nunca vivemos até tão tarde e ao mesmo tempo nunca tentámos disfarçar tanto e nunca tivemos tanto medo da velhice: “Temos vergonha de envelhecer. Não queremos mostrar aos outros que estamos a perder valor”, diz ela.
A nossa opinião
- Alexandre Homem Cristo escreve "Uma frente de esquerda neoliberal": "Quem, há anos, afirmava que não existia alternativa (a famosa TINA, «there is no alternative») à contenção orçamental pode à época ter perdido o debate público, mas ganhou agora a disputa na realidade."
- Luís Rosa escreve "Os geringonços monárquicos": "Mariana não tem independência para criticar uma lei do seu pai, tal como Cabrita não é imparcial para analisar normas da sua mulher Ana Paula. Há um conflito de interesses que só Costa é que não vê".
- Manuel Villaverde Cabral escreve "Equidade de género": "Em princípio estas diferenças terão tendência a esbater-se tanto mais rapidamente quanto os cursos universitários recebem hoje mais alunas do que alunos. É uma questão de tempo mas demorará sempre".
- Leal da Costa escreve "O Tempo e o Modo": "O tempo é, acima de tudo, o modo como é usado. A Ordem dos Médicos faz bem quando propõe orientações sobre os tempos mínimos de atendimento em consulta. Falta suportá-los com mais evidência".
- Helena Matos escreve "Bem-vindos à ditadura do sem": "Sem sexo. Sem glúten. Sem lactose. Sem nomes. Sem carne. Sem peixe. Sem pai nem mãe. Sem gorduras. Sem cor... Aterrados com o sermos a “favor de” transformámos o quotidiano numa casa de pânico".
- João Marques de Almeida escreve "Não são de direita, não têm o nosso voto": "Se Rangel e Rio não são de direita, então os eleitores de direita não devem votar neles. Votem no CDS, na Aliança ou na Iniciativa Liberal. Reduzidos aos eleitores de esquerda, verão o que lhes sucede".
- Alberto Gonçalves escreve "A famiglia não se escolhe?": "Se ainda não se restringiu o executivo aos parentes consanguíneos ou afins do dr. Costa, eventualidade que defenderia com empenho, a verdade é que se realizaram amplos progressos na área do nepotismo".
- P. Gonçalo Portocarrero de Almada escreve "Mr. McCarrick, I presume?": "Quando a Igreja castiga os clérigos pedófilos, com o máximo rigor que a lei canónica permite, age de acordo com o exemplo e a doutrina do seu divino Mestre".
Notícias surpreendentes
Destaque para duas entrevistas do fim-de-semana.
- A Inês Castel-Branco, que interpreta o papel de Snu Abecasis no filme, com estreia marcada para dia 7, que conta a história da fundadora da Dom Quixote e companheira de Sá Carneiro. Ao André Almeida Santos, a actriz fala de cinema, das novelas, do seu espaço privado e da mulher que aceitou interpretar: “Para Snu Abecassis, a liberdade nunca esteve em causa. Apaixonei-me por ela”.
- E a Luís Onofre, o criador português que daqui a 3 meses assumirá a presidência da Confederação Europeia da Indústria do Calçado. À Maria Martinho ele recorda a sua primeira coleção falhada, os sustos que já viveu no mar e como entrou no mundo que agora domina: “Comecei a fazer sapatos porque o meu pai via que eu era um bocado destravado e pôs-me a trabalhar”.
Este sábado houve segunda meia-final do Festival da Canção e depois de Conan Osiris a surpresa chamou-se Surma (além de NBC, Madrepaz e Mariana Bragada) Estão assim apurados os oito finalistas que vão disputar a final, porque primeiro é preciso "tomar Portimão e Israel logo se vê", como escreve o Vasco Mendonça.
Na tecnologia, entrámos na guerra pelos telemóveis dobráveis (que custam acima de dois mil euros). Depois da Samsung avançar com o Galaxy Fold, a Huwaei apresentou em no Mobile World Congress em Barcelona o seu (xeque) Mate X, com 5G, que o Manuel Pestana Machado já experimentou.
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