segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

HIDROGÉNIO COMO VETOR ENERGÉTICO DO FUTURO FOI DEBATIDO EM TORRES VEDRAS


O hidrogénio enquanto vetor energético como opção estratégica de futuro, na gestão da energia e na descarbonização dos territórios, foi o tema de jornadas que decorreram em Torres Vedras nos dias 21 e 22 de fevereiro.

No Edifício dos Paços do Concelho de Torres Vedras cerca de 100 participantes, entre especialistas, stakeholders, académicos e autarcas, integraram esta iniciativa de que constaram um workshop, painéis de comunicações e a entrega de um prémio.

Na sessão de abertura destas jornadas, o presidente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Carlos Bernardes, realçou a importância da criação de um novo paradigma energética para que Portugal e a União Europeia atinjam os objetivos da neutralidade energética. “É um percurso que não é fácil, mas com parcerias poder-se-á atingir o objetivo de introduzir o hidrogénio no mix dos combustíveis” afirmou na ocasião Carlos Bernardes que revelou que aquele era “um dia feliz” porque Portugal estava a produzir os primeiros autocarros movidos a hidrogénio, fazendo também votos para que os operadores locais possam adquirir algumas dessas viaturas.

Seguidamente, José Campos Rodrigues, presidente da AP2h2 (Associação Portuguesa para a Promoção do Hidrogénio), realçou o facto da Câmara Municipal sempre ter acreditado que o hidrogénio podia ser “um fator distintivo”, pelo que grande parte das iniciativas da associação que lidera tiveram lugar ao longo dos anos em Torres Vedras. Campos Rodrigues frisou que estas jornadas estavam a decorrer num momento-chave para o hidrogénio tendo em conta que estão a ser discutidos documentos fulcrais em Portugal com vista a que o país contribua para o objetivo de até 2050 a temperatura média mundial não subir mais de 2 graus, o que implica a descarbonização. Acrescentou ainda que o hidrogénio está a “assumir-se a nível mundial” e constitui-se como a solução economicamente mais eficiente para se atingir os objetivos do Tratado de Paris, sendo os municípios “players de primeira ordem” na introdução do hidrogénio como combustível.

“A aposta na Neutralidade Carbónica em 2050” foi o tema da comunicação de Pedro Filipe (adjunto do secretário de estado do Ambiente e da Energia) que na mesma reiterou que “a descarbonização dos transportes é um desígnio deste governo”, recordando que este tem estado a apoiar projetos na área em debate nestas jornadas como os autocarros movidos a hidrogénio.

Também na sessão de abertura, Júlia Seixas (da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa), defendeu que a neutralidade carbónica é possível em Portugal até 2050, mas que para tal não se tem de fazer uma “transição energética” mas sim uma “transformação energética rápida” nos próximos 10/15 anos, salientando que a neutralidade carbónica passa em Portugal pelos combustíveis mas também pela floresta.

Ainda nesta sessão de abertura Pedro Guedes de Campos (da Fuell Cell & Hydrogem Joint Undertaking) apresentou o Road Map Europeu para o Hidrogénio.

Igualmente dentro da temática do Road Map do Hidrogénio foram apresentadas as “Oportunidades do H2 em cenários de Neutralidade Carbónica em Portugal” (por Patrícia Fortes, também da Faculdade de Ciências e Tecnologias), bem como “O Hidrogénio no Planeamento do Sistema Energético” (por Paulo Martins, da Direção Geral de Energia e Geologia), “O Hidrogénio e os desafios à Comunidade Científica” (por Carmen Rangel, do Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia), a Plataforma Tecnológica para o Hidrogénio (por Ricardo Barbosa, do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial) e o projeto Hyflex (por Marc Recheter, da ENERCOUTIM).

Ainda no âmbito da abordagem ao Road Map do Hidrogénio realizou-se o painel dos stakeholders em que participaram João Marques (da Galp), Manuel Carvalho (da Linde) e João Matos (da Caetano Bus).

Os trabalhos acabaram nesse dia com a atribuição do Prémio Científico Toste de Azevedo 2018 a Joana Ortigueira que apresentou uma comunicação intitulada “Desperdício Alimentar para Hidrogénio: Biorefinarias ao serviço da Inovação Ambiental”.

O segundo dia de trabalhos foi mais direcionado para a realidade autárquica, tendo no painel “Hydrogen Regions” sido apresentadas comunicações intituladas: “Hidrogénio nos planos intermunicipais para combate às alterações climáticas: desafios e oportunidades” (por Heitor Gomes, do Centro de Estudos e Desenvolvimento Regional e Urbano), “Hydrogen regions, a HyER perspetive” (por Valentine Willmann, da Hyer) e “Hydrogen Regions: A experiência nacional de Torres Vedras e do Médio Tejo” (por Hugo Lucas, vereador da Câmara Municipal de Torres Vedras e Paulo Brito da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo).

Seguiu-se um painel de autarcas em que participaram Hugo Lucas, Paulo Simões (1.º secretário da OesteCim) e Barney Crockett (Aberdeen City Councillor).

À tarde os trabalhos abriram com um painel sobre “Mecanismos de financiamento” em que intervieram Bruno Veloso (do Fundo de Apoio à Inovação), António Bob Santos (da Agência Nacional de Inovação) e Pedro Guedes de Campos (da Fuel Cell & Hydrogen Joint Undertaking).

O encerramento das Jornadas contou com intervenções de José Campos Rodrigues e de Hugo Lucas, que resumiram as temáticas abordadas no evento e as suas principais conclusões.

De referir que estas Jornadas do Hidrogénio foram organizadas pela AP2H2 e pela Câmara Municipal de Torres Vedras e contaram com o patrocínio da Barraqueiro Transportes, PRF - Gás Tecnologia e Construção, GALP, LINDE Portugal e GSYF.

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