Bonecos do presidente Nicolás Maduro e do opositor Juan Guaidó, do presidente americano Donald Trump e até "dos apagões" foram queimados neste domingo em Caracas durante a tradicional "Queima do Judas".
Os bonecos feitos de trapos são tradicionalmente queimados no final da celebração da Semana Santa, para manifestar a rejeição popular de um personagem que é considerada um "traidor". Às vezes, os bonecos também podem representar situações.
Com uma tocha, moradores de El Cementerio (oeste) atearam fogo a um enorme boneco a que batizaram de "o apagão", que antes pendeu de uma forca no meio da rua. Ao lado, um grupo de jovens pulava e gritava "não voltarão!", em referência aos anti-chavistas, enquanto outro grupo gritava contra Maduro.
No dia sete de março, o país ficou às escuras devido a um apagão que durou cinco dias e afetou os serviços hospitalares, transporte e abastecimento de água. Desde então, as quedas de energia continuaram e algumas regiões, especialmente no oeste do país, têm poucas horas de eletricidade por dia.
A oposição e os especialistas culpam a ineficiência e corrupção do governo socialista. Maduro alega que é o produto de ataques planeados pelos Estados Unidos para o retirar do poder e legitimar a presidência de Juan Guaidó.
Mas nem só figuras da política nacional arderam nesta Queima. Caracterizado pelo seu cabelo loiro, Trump também foi vítima dos protestos populares em vários bairros da capital. Numa das encenações, o seu boneco foi acompanhado por um de Guaidó de costas, meio agachado e com as calças abaixadas.
Guaidó, reconhecido como presidente interino por mais de 50 países, autoproclamou-se presidente a 23 de janeiro, depois de declarar Maduro "usurpador", alegando que as eleições em que foi eleito foram fraudulentas.
"Juan Guaidó tem sido o fantoche que conspirou para que nosso país sofresse a intervenção dos Estados Unidos", disse à AFP Zuleidy Padilla, uma das promotoras dessa queima.
Do outro lado de Caracas, um judas batizado de "Os 8 mais odiados" ardeu em Chacao (leste). Do boneco pendiam fotocópias com os rostos de Maduro, da sua esposa Cilia Flores, além de Diosdado Cabello, número dois do partido no poder, e vários ministros. São "os rostos das autoridades que gozaram com o povo em todas as suas expressões", disse Pilar Gutiérrez, encarregada da iniciativa.
Lusa
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