Joaquim Carlos * |
Liberdade!
Esta palavra, mais que nenhuma outra, possui um encanto mágico aos
olhos da juventude, e também nos adultos, que confundem liberdade
com libertinagem.
Crescer
livremente! Desenvolver livremente! Viver tão livre como as aves! É
instintivo, foi o Criador que lho deu, e se foi Deus que lho deu, Ele
fixou certamente fins muito elevados a este instinto. O fim deste
instinto de liberdade inato não pode ser coisa tão trivial como
fazer o maior barulho possível durante o recreio, ou subtrair-se à
disciplina do liceu ou na universidade. O fim real deste desejo nas
almas juvenis não pode ser senão a força da resistência contra
tudo o que poderia impedir o desenvolvimento do seu ideal.
Todo
o desejo da liberdade, tem, pois, por fim assegurar a possibilidade
do teu desenvolvimento espiritual.
Daqui
se conclui que não deves lutar contra todas as regras a que estás
sujeito (isto seria desregramento moral), mas, somente contra as
paixões, as suas inclinações, os obstáculos que poderiam barrar o
caminho ao desenvolvimento do teu carácter. Abstém-te, pois, de
combater as coisas que te mortificam, mesmo as dificuldades, que
auxiliam o teu progresso. A videira não deve repelir a empa colocada
junto da cepa, porque ela não está lá senão para permitir aos
tenros rebentos que se elevem apoiando-se nela.
Todo
o instinto, deixado a si mesmo, é cego, e o instinto da liberdade
tanto como os outros; se foge ao comando do bom-senso, arrasta o
homem para a ruína. Eis porque assistimos quase quotidianamente a
este fenómeno desconcertante: muitos jovens se perdem porque
compreendem mal a liberdade, fazendo dela mau uso. Os instintos que
subtraem ao «controle» do bom-senso arrastam-se às cegas para a
coisas que são, talvez, boas na aparência, mas que, de facto, são
prejudiciais e fazem-nos recuar perante aquelas que, parecendo embora
difíceis, seriam, contudo, necessárias ao harmonioso
desenvolvimento de suas almas.
É
este pensamento que um estudante exprimia assim em carta a um amigo:
«Desde que meu pai me permitiu fumar, renunciei eternamente ao
tabaco; já não encontro no fumo prazer algum». Exemplo flagrante
do desejo de liberdade deformada que vê todas as permissões e
proibições como intervenção arbitrária.
Nesta
idade, na tua idade, o desejo mais ardente de todos os jovens é
tornarem-se livres e independentes. Ora, é exactamente o fim dos
pais e certamente também dos professores. É necessário, portanto,
que os jovens compreendam e colaborem com eles nesse sentido. Mas,
muitos não procedem assim, revelando com alguma frequência um
comportamento rebelde, adoptando estilos de vida com reflexos
marginais.
Querem
ser independentes imediatamente, quando deviam primeiro aprender a
sê-lo. Para estes, ser independente consiste em se eximir às ordens
dos pais. Não fazem nenhuma ideia da verdadeira independência
interior que lhes daria a força, a liberdade e o domínio do mau
humor, dos caprichos, da preguiça e doutras deformidades da vida
instintiva.
Como
poderás tu trabalhar sabiamente para adquirir a tua independência
espiritual? Considerando as ordens de teus pais, as prescrições da
escola, os teus deveres quotidianos, como meios de vencer a preguiça,
o mau humor, os caprichos, o trabalho demasiado superficial, a tua
falta de experiência, e não como limitações insuportáveis à tua
liberdade, as quais te propões banir logo que possas. Aquele que
considera as ordens por este prisma e que observa o seu regulamento
por este motivo, trabalha certamente para a liberdade da sua alma.
Deo
servire regnare este, diz a máxima latina: «Servir a Deus é
reinar». O ideal da educação cristã é que o jovem se
desenvolva harmoniosamente no corpo e na alma.
Para
o cristão, o corpo é tão sagrado como a alma. Cremos que ele nos
foi dado para nos ajudar a atingir o nosso fim eterno. Cremos que o
corpo humano foi santificado pelo próprio filho de Deus, quando Ele
se dignou incarnar. E Cremos que, um dia, o nosso corpo partilhará
da nossa eterna bem-aventurança.
Já
vês que o Cristianismo não vê nada de diabólico nem de mau no
corpo. Não quer arruiná-lo nem enfraquecê-lo. Todos os seus
esforços tendem somente a fazer dele um colaborador obediente ao
serviço dos ideais eternos. Os mandamentos da religião prendem-te
severamente, é verdade, mas, não prejudicam, no entanto, a tua
liberdade. Muito pelo contrário, ajudam e garantem a elevação da
alma para as alturas.
Prendem-se
as hastes da videira a uma estaca, não para entravar a sua
liberdade, mas para assegurar a boa orientação do seu crescimento.
Lá disse o poeta Weber:
A
sujeição te faz livre!
olha
a videira ligada:
foi
atada a uma empa
p’ra
crescer mais aprumada (Dreizehnlinden)
Como
poderíamos nós, cristãos, ficar aquém das exigências da
concepção romana?
Em
conclusão: uma alma sã num corpo são, capaz de suportar as mais
pesadas fadigas,… auto-domínio, modéstia, sobriedade!
Só
as grandes almas podem realizar tudo isto, é certo. Em Cristo
Ressuscitado somos mais do que vencedores, não por acaso que que
celebra a Páscoa.
Um
exemplo é o Hino da Proclamação da República do Brasil, escrito
por Medeiros de Albuquerque: "Liberdade!
Liberdade! Abre as asas sobre nós!"
.
Dentro
de dias, comemora-se o Dia
25 de Abril, Dia
da Liberdade,
saibamos, pois valorizar o que significa viver
em liberdade, e não fazer deste dia um dia de libertinagem.
(…)
a
liberdade está relacionada com responsabilidade, uma vez que um
indivíduo tem todo o direito de ter liberdade, desde que essa
atitude não desrespeite ninguém, não passe por cima de princípios
éticos e legais.
*Director
Nenhum comentário:
Postar um comentário