Cerca de meio milhão de moçambicanos vão ser vacinados contra a cólera na Província de Cabo Delgado, que tenta reerguer-se após o Ciclone Kenneth. No Centro de Moçambique o surto que eclodiu após o Ciclone Idai está “controlado”, graças a vacinação de aproximadamente 900 mil pessoas contudo a Directora Nacional de Saúde apela: “é importante a melhoria das condições de saneamento do meio para nós conseguirmos cortar completamente a cadeia de transmissão”. O drama é que aumentaram para 9.759.842 os moçambicanos que ainda usam latrinas não melhoradas e cresceu para 20.412.291 os cidadãos que consomem água não potável.
Duas semanas após a devastação causada pelo Ciclone Kenneth as autoridades de saúde trataram de 109 doentes com cólera e 388 com outras doenças diarreicas, no entanto sem nenhuma vítima mortal.
“Estamos a espera que a vacina chegue no domingo (12) para começar a vacinar o mais rápido possível e reduzir a ocorrência de doenças diarreicas” disse a jornalistas nesta quinta-feira (09) a Directora Nacional de Saúde, Rosa Marlene que precisou: “Temos a hipótese de fazer duas rondas, vamos vacinar 250 mil pessoas na primeira ronda e outras 250 mil na segunda”.
Relativamente ao surto que eclodiu no Centro de Moçambique e infectou 6.746 pessoas, das quais oito morreram, Rosa Marlene declarou que “está controlado neste momento, porque vacinamos e as pessoas tem um certa defesa que permite a redução da transmissão, mas é importante a melhoria das condições de saneamento do meio para nós conseguirmos cortar completamente a cadeia de transmissão. A vacinação por uma dose dá uma protecção imunológica de defesa de mais ou menos oito meses, mas não é 100 por cento”.
A Directora Nacional de Saúde explicou que a vacina “é um paliativo, não vai resolver o problema da cólera, a vacina é para reduzir a transmissão”.
“Nós distribuímos redes mosquiteiras e estamos a fazer pulverização intra domiciliaria mas essas intervenções todas são para redução do impacto e não para resolver o problema de base. Como nós sabemos o problema de base está no meio ambiente. É no meio ambiente onde se desenvolve e cresce o vibrião da cólera nas mesmas condições em que cresce o mosquito da malária, que é a existência de água estagnada, existência de dejectos humanos não bem geridos, não utilização de latrinas faz com que a gente seja predisposta a doenças diarreicas”, detalhou.
9.759.842 os moçambicanos ainda usam latrinas não melhoradas e 20.412.291 cidadãos consomem água não potável
A responsável da Saúde afirmou que o foco dos moçambicanos deve ser a educação para a mudança de comportamento. “Nós quando falamos de mudança de comportamento olhamos para a direita e para a esquerda, mas qualquer um de nós, infelizmente, contribui para estes problemas ambientais”.
“28 milhões de moçambicanos, se cada um de nós aprender a gerir o seu lixo não vamos ter doenças diarreicas nem vamos ter cólera. Se cada um de nós aprender a gerir bem os seus dejectos humanos não vamos ter doenças diarreicas nem vamos ter cólera”, apelou Rosa Marlene.
Contudo a Directora Nacional de Saúde não está completamente correcta, para além da mudança de comportamento que os moçambicanos devem ter existe o imperativo do Governo do partido Frelimo criar as condições básicas de saneamento do meio e prover o acesso a água seguro, de preferência potável e canalizada até as habitações de cada umas das 6.145.684 famílias existentes em Moçambique.
Aliás o os resultados definitivos do IV Recenseamento Geral da População e Habitação que indicam o número de moçambicanos que ainda usam latrinas não melhoradas cresceu de 6.395.809 em 2007 para 9.759.842 em 2017 paralelamente aumentaram de 17.941.157 para 20.412.291 a quantidade de cidadãos que consomem água não potável.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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