sexta-feira, 19 de junho de 2020

Dinamarca espera poder reabrir fronteiras com Portugal no dia 27

Dinamarca espera poder reabrir fronteiras com Portugal no dia 27 ...
O embaixador da Dinamarca em Portugal disse hoje esperar que possa ser revertida a decisão de excluir Portugal da reabertura, dia 27 de junho, das suas fronteiras, por causa dos níveis de contágio de covid-19.
A Dinamarca anunciou quinta-feira que vai alargar, a partir de 27 de junho, a abertura das suas fronteiras aos países europeus com baixo contágio de covid-19, mas que os níveis da pandemia excluem, para já, Portugal e a Suécia.
Em resposta a esta medida, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português disse que o Governo de Lisboa “reserva-se o direito de aplicar o princípio da reciprocidade”, lamentando que países como a Dinamarca apenas tomem em conta o critério dos casos de infetados por número de habitantes, esquecendo outros indicadores importantes.
Em declarações hoje à Lusa, o embaixador da Dinamarca em Portugal, Lars Faaborg-Andersen, disse que espera que os níveis de contágio em Portugal desçam até ao próximo dia 27, fazendo com que automaticamente a exclusão deste país da abertura de fronteiras seja revertida.
“A Dinamarca está a fazer a monitorização todas as semanas. Basta que Portugal desça um pouco do atual rácio, para que passe a ficar no lote dos restantes países europeus”, disse Faabor-Andersen.
O embaixador explica que a Dinamarca decidiu aplicar o padrão da União Europeia, baseada nas contas da Universidade de Johns Hopkins, onde Portugal aparece ligeiramente acima do rácio de 20 contágios por 100.000 habitantes, considerado o valor mais alto aceitável para reabertura de fronteiras por parte daquele país nórdico.
“Eu sei que Portugal tem números oficiais que apresentam um valor ligeiramente abaixo desse rácio. E nós também temos números próprios. Mas o Governo dinamarquês está a usar o ‘standard’ europeu”, explicou o embaixador.
“Mas esta situação pode mudar até dia 27. E, se o rácio baixar, Portugal fica imediatamente no lote dos países com fronteiras abertas”, repetiu Faabor-Andersen.
O embaixador disse ainda compreender o facto de Portugal ter níveis elevados de testagem, e em pontos críticos de contaminação, o que aumenta os rácios de contaminação, o que o leva a acreditar que as autoridades portuguesas estarão a controlar a situação, de forma a fazer baixar os níveis de contágio a curto prazo.
“Espero que Portugal controle a situação, ainda antes de dia 27. Para o bem de Portugal”, voltou a dizer o embaixador, referindo que gostaria de ver a Dinamarca abrir as fronteiras ao maior número possível de países, como sinal de confiança na normalização da situação.
Laars Faaborg-Andersen explicou que a Dinamarca está mais preocupada com a situação em países como a Suécia, que tem rácios de contaminação muito acima dos 20 por 100.000 habitantes, prevendo que a reabertura de fronteiras com o país vizinho seja bem mais demorada.
Na quinta-feira, o Governo português considerou que alguns Estados-membros da União Europeia mantiveram restrições às ligações aéreas entre países europeus “ao arrepio” das decisões de Bruxelas, advertindo que Portugal “reserva-se o direito de aplicar o princípio da reciprocidade”.
“Portugal tem naturalmente tido conhecimento da decisão de alguns Estados-membros, que, ao arrepio das decisões tomadas pela União Europeia, persistem em manter restrições às ligações aéreas no interior do espaço europeu”, explicitou, através de uma nota, o Ministério dos Negócios Estrangeiros, tutelado por Augusto Santos Silva.
O MNE acrescentou que Portugal “tem enviado informação sistemática e atualizada” sobre a evolução da pandemia no país e que as restrições impostas por países, como, por exemplo, a Dinamarca, apenas estão baseadas “num único critério”, esquecendo “todos os outros critérios tão ou mais reveladores da incidência” da doença.
Portugal “tem realizado muito mais testes do que a maioria” dos Estados-membros da UE, o que aumenta, “naturalmente, o número de casos detetados”, e está a fazer “operações de rastreio em áreas geográficas e setores de atividade que podem revelar mais incidência” do novo coronavírus, prossegue.
Lusa

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