O tema "Velhas festas? Novos tempos?" deu o mote à terceira sessão das II Jornadas Culturais organizadas pela Progestur e que tiveram lugar no auditório Mariano Gago, no Centro Ciência Viva da Floresta, a 18 de julho. Será que estamos a desvirtuar as velhas tradições transformando-as em produtos turísticos? De que forma podemos devolver às comunidades a identidade cultural que as festas e rituais possuem? Estas e outras questões animaram o debate moderado por Hélder Ferreira e que contou com a presença de especialistas de diferentes áreas do conhecimento – António Manuel Silva, Joana Terra da Motta, Maria João Barbosa e Mário Correia.
João Lobo, presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, defendeu “a importância de manter vivas as tradições e as festas para preservar a identidade cultural e promover o património imaterial que nos caracteriza, adaptando-as à nossa realidade atual, pois o turista hoje em dia não quer ser mero espetador, quer experienciar aquilo que está a ver. A pandemia veio condicionar-nos, mas temos de ter a capacidade de nos reinventar mantendo vivas essas manifestações culturais”.
Apesar de todos os convidados terem sido unânimes em considerar que os novos tempos precisam que estas festas de adaptem, assiste-se, no entanto, a uma mediatização das mesmas, transformando-se em produtos turísticos que, na opinião destes especialistas, desenraizaram a própria comunidade. “A função de entretenimento das festas e tradições passou a ser um espetáculo, em vez de ser vivida pela comunidade: hoje em dia o participante na festa é um consumidor e não um elemento participativo”, considera Mário Correia.
António Manuel Silva, professor de história, focou-se nas tradições e práticas ligadas ao culto das almas na região do pinhal, elencando vários exemplos ao longo da história de como as pessoas lidavam com a morte e com a partida dos entes queridos, alguns destes atos de religiosidade foram durante muito tempo mal vistos pela Igreja. Em particular no concelho de Proença-a-Nova, este culto já era feito desde a pré-história, comprovado pela existência de antas e mamoas. Hoje em dia ainda encontramos vários exemplos como as alminhas, estruturas arquitetónicas presentes em grande parte nas várias aldeias, a celebração do Dia de Finados, a Encomendação das Almas e o cantar das Janeiras, as duas últimas ainda hoje assumem um papel importante na comunidade.
O vídeo desta conferência está disponível para ver na página oficial do Facebook do Município, no separador vídeos.
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