Apresentação de Anais Leirienses e livro de Gabriel Roldão no Teatro Stephens
A Casa da Cultura Teatro Stephens recebeu na tarde do dia 26 de setembro, a sessão de apresentação dos livros “Anais Leirienses– estudos & documentos – volume n.º 6, de vários autores, e “Dois Portões de Ferro Forjado na Marinha Grande e outros Textos”, de Gabriel Roldão, da Editora Hora de Ler.
A sessão contou com a presença da presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande, Cidália Ferreira, do presidente da Assembleia Municipal da Marinha Grande, Luís Marques, de representantes de outras entidades do concelho e de convidados.
A apresentação das obras esteve a cargo de Saul António Gomes, Ricardo Pessa de Oliveira, do editor Carlos Fernandes e do autor Gabriel Roldão.
Anais Leirienses enriquecem património da região
O volume n.º 6 dos Anais Leirienses , da responsabilidade da editora leiriense Hora de ler e com coordenação científica de Saul António Gomes, inclui um dossiê específico, com cerca de 190 páginas, dedicado à história da assistência e da pobreza na região de Leiria, entre os séculos XV e XX, coordenado por Ricardo Pessa de Oliveira, no qual se apresentam autorizadas pesquisas de jovens historiadores, mestres e doutorados.
Para além deste dossiê, as restantes 360 páginas são preenchidas por estudos sobre as antigas vilas do Couto de Alcobaça, focando-se, também, a história da botica do Mosteiro de Santa Maria da Vitória e a presença das práticas de medicina popular, através do estudo do caso do benzedor da Ortigosa.
Publicam-se, por outro lado, textos acerca das Invasões Francesas e das suas nefastas consequências na área geográfica da Marinha Grande, uma biografia de Manuel Vaz Eugénio Gomes, desembargador da Patriarcal de Lisboa, microfichas sobre a população da aldeia da Barreiria e um estudo biográfico sobre a ação do pároco Franclim Henriques da Cunha, na paróquia de Pataias.
Apresentam-se, também, textos relativos à história do património artístico na região, nomeadamente sobre o Mosteiro da Batalha e os seus restauros, perdas e ganhos, sobre os portões de ferro forjado do Parque Florestal do Engenho da Madeira e da Real Fábrica de Vidros da Marinha Grande, oriundos do antigo Tribunal da Inquisição de Lisboa, sobre o cemitério de Santo António do Carrascal, em Leiria, e, ainda, um contributo reflexivo para a criação de um centro interpretativo dedicado à história dos brinquedos e artefactos fabricados em plástico, também na cidade de Leiria.
A vida associativa e cultural é igualmente evocada nestas páginas a propósito da fundação das filarmónicas de Pataias e de Maiorga, assim como a história do Jardim Escola João de Deus, em Alcobaça, publicando-se epistolografia inédita de Afonso Lopes Vieira com mulheres intelectuais do seu tempo e estudos sobre os movimentos oposicionistas ao Estado Novo em Ansião e, no campo oposto, de apoio aos rebeldes nacionalistas espanhóis.
Traços da etnografia estremenha, por fim, são recordados a propósito do traje típico feminino da Nazaré. Encerra o volume um conjunto de nótulas documentais acerca da Revolução de 1820 e o contributo da região de Leiria e Alcobaça para o seu sucesso.
Dois portões históricos na Marinha Grande
Os estudos que agora se editam em livro sob o título “Dois Portões de Ferro Forjado na Marinha Grande e outros Textos” foram inicialmente publicados, desde agosto de 2014, primeiro em Cadernos de Estudos Leirienses (13 textos) e depois, ultimamente, em Anais Leirienses – estudos & documentos (2 textos). Embora de temática diversa, têm todos entre si elos comuns: o território da Marinha Grande e suas gentes, a indústria vidreira e o Pinhal de Leiria, sua história, virtualidades e problemas.
O Pinhal de Leiria é uma das paixões de Gabriel Roldão, de que o seu livro “Elucidário do Pinhal do Rei” (2017), com 768 páginas, é um dos tributos mais expressivos. Também os acessos ao Pinhal e as vias de ligação aos pontos fulcrais da costa ou a outros centros de escoamento dos materiais do Pinhal e da indústria vidreira são abordados em pormenor no estudo “As Estradas Florestais do Pinhal do Rei”.
A par do Pinhal, a indústria vidreira é o ex-libris da Marinha Grande. Gabriel Roldão, que também trabalhou nela, acumulou ao longo da sua vida um imenso espólio documental que lhe permite ter uma percepção minuciosa da sua importância enquanto factor determinante para o desenvolvimento da Marinha Grande.
Finalmente, um apontamento minucioso sobre o património da Marinha Grande, aqui com especial incidência em dois portões de ferro forjado provenientes do antigo Palácio da Inquisição, em Lisboa. “Os portões de ferro forjado do Parque Florestal do Engenho da Madeira e da Real Fábrica de Vidros da Marinha Grande” é o título do último estudo de Gabriel Roldão e também o deste livro, talvez como pungente chamada de atenção para a sua importância, face à inexorável degradação de que têm sido alvo por incapacidade dos seus detentores para a sua urgente conservação.
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