O presidente da Câmara de Moura considerou hoje “injusta” para os municípios mais pequenos a fórmula de cálculo da taxa de incidência de covid-19 que determina quais os concelhos que avançam para a próxima fase de desconfinamento.
Em declarações à agência Lusa, Álvaro Azedo mostrou-se confiante de que as autoridades nacionais vão ter em consideração o problema dos municípios com uma densidade populacional mais reduzida, para os quais “a fórmula de cálculo não é favorável”.
“No período de 17 a 30 de março, fruto destas situações todas, tivemos 65 novos casos, o que nos deu uma incidência de 473 [474 casos por 100 mil habitantes de acordo com os dados oficiais]. Mas, também foi nesse período que tivemos 47 pessoas recuperadas e isto não conta para a fórmula de cálculo. Isto prejudica os municípios mais pequenos, com menos população”, afirmou.
Álvaro Azedo especificou que entre as “situações” ocorridas no concelho estiveram “um surto que atingiu a comunidade cigana”, mas também “uma escola de acolhimento do pré-escolar e primeiro ciclo”, além de uma professora das Atividades de Enriquecimento Curricular de outra escola.
Dos 26 concelhos que se encontram acima do limiar de risco de incidência da covid-19 identificados pelo Governo na última avaliação, Moura apresenta a segunda taxa mais elevada, com 474 casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias, sendo superado apenas por Machico (500), na Região Autónoma da Madeira.
Um valor que é contestado por Álvaro Azedo, que defende que “era importante que se olhasse de forma diferenciada para aquilo que é diferente”.
“Bastam 16 casos positivos num período de referência para nós estarmos no amarelo [acima dos 120 novos casos por 100 mil habitantes] e bastam 33 para estarmos no vermelho [acima dos 240]. Num concelho como o de Moura não é preciso muito para termos 33 casos”, analisou o autarca.
Sobre as hipóteses de a taxa de incidência da doença baixar o suficiente para que o concelho possa avançar para a próxima fase do desconfinamento, Álvaro Azedo lembrou que tem “um grande ponto de interrogação em cima, que é a Páscoa”.
“Penso que a Páscoa nos vai oferecer o mesmo tipo de problemas que o Natal. Não somos parvos. Vimos muita movimentação, pessoas a caminho dos montes e isto também não ajuda”, justificou.
Por isso, a autarquia do distrito de Beja vai continuar a “trabalhar de forma serena, comprometida e enérgica” em todas as situações de covid-19 que forem identificadas, mas é preciso “perceber que nem tudo é responsabilidade e resposta das autoridades”, frisou Álvaro Azedo.
“Há um compromisso individual de cada um de nós que vai condicionar a vida de todos nestes 15 dias e isso é que me traz preocupação acrescida: é perceber o que é que a Páscoa nos vai trazer nos próximos dias”, assinalou.
Moura registou hoje três novos casos ativos de covid-19, além de um recuperado, de acordo o boletim divulgado pela Proteção Civil local, o que eleva para 33 o número de casos ativos no concelho.
Na sede de concelho concentram-se a maioria dos casos ativos (25), estando os restantes localizados nas freguesias de Sobral da Adiça (sete) e Amareleja (um).
Lusa
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