As candidaturas “independentes” às autarquias apresentaram-se como uma alternativa. Num país onde o político é olhado com desconfiança. Sobretudo pelos escândalos de corrupção. Constantes.
Rui Moreira tem sido uma referência desse movimento de autarcas independentes.
Amigos meus apoiaram as suas candidaturas na certeza de um presidente incapaz de se beneficiar com o exercício do cargo público.
Rui Moreira desiludiu. Está sob suspeita um negócio que foi feito entre a Câmara do Porto, enquanto a presidia, e uma imobiliária sua. Mesmo que venha a ser absolvido, o facto de ter promovido esse negócio já é grave o bastante.
O presidente da Câmara do Porto afirmou que a decisão judicial é “um insulto e uma infâmia”. Aproveitou o momento para fazer uma homenagem simbólica ao pai, que se fosse vivo faria 90 anos.
Privei com o seu pai. Lembro os almoços com que me distinguiu, no refeitório do seu grupo empresarial, e o que aprendi com o seu exemplo e sábia experiência. Deve ter passado esse exemplo ao filho. Ao lembrar o pai, Rui Moreira estará a pretender transmitir a preocupação por ver o bom nome da família embrulhado em dúvidas de honestidade.
Mas, caro presidente, se desejava não correr esse risco, não podia ter misturado os seus interesses pessoais com os da câmara. Rui Moreira não soube ou não quis respeitar a máxima de que “à mulher de César não basta ser séria, tem que o parecer”. Prejudicou gravemente a esperança de muitos nos chamados “independentes”. Só por isso já merece reprovação.
EDUARDO COSTA, jornalista, presidente da Associação Nacional da Imprensa Regional
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