“Proença-a-Nova: Arqueologia e Património Construído”, com coordenação de Francisco Henriques, é a mais recente publicação sobre o concelho, promovida pelo Município de Proença-a-Nova e pela Associação de Estudos do Alto Tejo, com o apoio à edição por parte da Direção Regional de Cultura do Centro. O conteúdo desta obra, que apresenta a evolução do povoamento no território municipal deste a pré-história antiga até à época portuguesa, bem como a identificação dos sítios, entre outros temas, foi considerado como uma importante ferramenta de trabalho no âmbito do ordenamento do território.
Na apresentação pública, realizada no dia 24 de julho, o presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova destacou a importância de se promover o conhecimento sobre aqueles que, “muito antes de nós, ocuparam estes territórios. Hoje somos herdeiros dessas comunidades”. João Lobo aponta o valor diferenciador de todo o trabalho que tem sido desenvolvido ao longo de décadas e que agora está vertido nesta obra que está sempre por completar, fruto dos estudos que vão continuar a ser desenvolvidos. “Estamos a gerar economia ao valorizarmos o nosso património construído e arqueológico, estamos a transformar em riqueza aquilo que temos. É um imperativo de cidadania olharmos hoje para o território de forma transversal e desenvolvê-lo dessa forma porque não podemos deixar para trás parte desse território”.
O coordenador do livro é o arqueólogo Francisco Henriques que começou a percorrer o concelho há mais de 50 anos, não apenas fruto do interesse profissional, mas também por laços familiares. “Para que serve este livro?”, questionou durante a sua intervenção. “Primeiro pode tornar-se num instrumento de consulta, de planeamento territorial e de definição de estratégias relativas ao património construído do concelho. Depois é um convite aos arqueólogos e às gerações vindouras para continuarem este trabalho. Foi o unir e transmitir o conhecimento adquirido por um conjunto de pessoas conhecedoras do território e que têm dedicados vários anos das suas vidas a esta região pelos trabalhos já realizados”.
A pintura rupestre que faz capa do livro foi por si descoberta, antecipando a cronologia da ocupação do território para o paleolítico com os últimos caçadores recolectores que aqui habitaram. “É quase comovente como é que chegou até nós uma obra que está tão vulnerável e que é tão delicada. Para mim é muito importante ter-se conseguido encontrá-la e agora será o desafio de preservá-la”, referiu Helena Moura, arqueóloga da Direção Regional de Cultura do Centro, que tem acompanhado os trabalhos no Campo Arqueológico de Proença-a-Nova, destacando, entre outro, o conhecimento do mundo megalítico que tem sido possível obter com o estudo das diferentes antas e mamoas e que terá “repercussões a outros níveis e noutros territórios”.
Jorge Gouveia, presidente da Associação de Estudos do Alto Tejo, apontou a riqueza dos territórios da Beira Baixa e as câmaras municipais de Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão como “exemplos da importância que dão ao património e do conceito que têm do património enquanto promotor do desenvolvimento”. Na sua intervenção deixou um desafio: “Está na altura de tornarmos esta região uma espécie de incubadora de conhecimento ligada ao património”. Na sua perspetiva, o investimento não tem de ser autárquico, poderá ser comunitário, sendo necessário “escavar” a forma de tornar este desafio uma realidade. O livro está disponível para requisição na Biblioteca e nos seus polos e pode ser adquirido junto da Associação de Estudos do Alto Tejo.
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